Pós-Zumbis 3ª temporada (2)


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O tempo vai passando, as pessoas vão sofrendo e as cores vão desbotando.

                As sirenes viram a esquina e chegam a nossos personagens. São veículos negros como a noite e imponentes como uma guitarra Double-neck. Deles não descem os habituais policiais com ar pachorrento que nossos protagonistas estão acostumados a ver, descem homens engravatados. Para Fronrel são todos a mesma ladainha. Direciona o revólver para um deles, mas é surpreendido por uma abrupta coronhada no nariz. Eles eram rápidos, profissionais e rápidos, profissionais, rápidos e impiedosos. Eram três. Usavam gravatas, como já foi dito, partindo do pressuposto que gravatas são acompanhadas de, no mínimo, uma camisa social, estes tinham a dita camisa, de marca cara, e também ternos muito pomposos e alinhados. Tinham um cabelo impecavelmente penteado e com uma quantidade absurdamente caricata de gel, o que conferia ao cabelo um brilho quase futurista. Linda acabava de abater o último zumbi. Aponta a Desert Eagle para um dos agentes, mas é abruptamente surpreendida com um tiro na mão, que a desarma. Choreilargado, percebendo a situação de desvantagem, limita-se a erguer as mãos, mas mesmo assim é alvo de um golpe nos joelhos, que lhe faz cair no chão.
                _ Não estamos aqui para brincar – diz um deles,

Pé de goiaba no fim da rua vinte e nove


                Debaixo da luz fraca de um pôr do sol atrasado pelo entorpecimento do horário de verão, ele via passar o vento e ouvia o despertar das luzes artificiais e precoces que antecipavam a chegada da noite na rua vinte e nove de fevereiro. A rua era um daqueles lugares pacatos que a modernidade só veio descobrir – profanar, salvar, mutilar, urbanizar no sentido orgástico – muito recentemente, tanto que se viam coisas como sofisticadas antenas de sinal digital fixadas ao lado daqueles caricatos galinhos que apontam o rumo das correntes de ar lá do alto dos telhados. E ele via tudo isso acontecer à sua volta sentado num toco de tronco de árvore, num corpo vegetal decepado como aquele dele, mas no caso do homem que se sentava, o membro que faltava nunca esteve ali para ser visto; e a árvore que se sentava na bunda do homem não tinha que viver com saudade daquilo tudo que faltava.
                Certa hora passava um rapaz numa bicicleta sem pressa, um gato soturno ou um cachorro ébrio e duas velhas murmurando historinhas ao voltar da igreja – ou quem sabe ir até ela, ou quem sabe até montar uma na porta do inferno, na sala, na boca cheia de bile e mentira -, passavam os minutos e o relógio corria alheio à fome de muitos e sem medo de ser feliz. O velho – porque ele era velho, o homem sentado no toco de tronco de árvore era velho, mesmo que eu não tenha dito antes – observava tudo o que ali tinha a graça misteriosa de acontecer, mas nada o observava de volta, ele que tinha a desgraça viciosa de continuar acontecendo.
                Pegou um cigarro com as mãos manchadas pelo hábito viril de fumar/cagar na própria boca, acendeu com dificuldade, trêmulo, levou até o beiço seco e tragou desejando que aquela fosse a última tragada, expeliu a fumaça sonhando que fosse ela o suspiro eterno do descanso e repetiu pelo menos mais seis vezes o coito entre a glande filtradora do cigarro e a vagina trincada que era a sua boca antes que uma rajada violenta do poder divino arremessasse da posse dos seus dedos arqueados e artríticos para o chão o artefato fumarento. Uma menininha rápida como um blitzkrieg da luftwaffe em seus áureos tempos e forte como um elefante indiano com aquelas tiarinhas na cabeça, ela era a rajada divina, ela, com um tapa, arrancou da mão do velho o maldito cigarro, ou, em sintaxe mais apropriada, arrancou do pescoço do cigarro a mão do maldito velho.
                Ele olhava estupefato, apalermado para a pequena pessoa vestida de rosa dos pés à cabeça e ela olhava de volta, com aquele olhar super expressivo de revolução para sempre, que depois, como todos nós sabemos, viria a ser para sempre jamais. Ela olhou e disse Te vejo todos os dias aqui, sempre sentado à toa e sempre fumando, não tem o que fazer da vida? Já usei estupefato e apalermado, qualquer um desses ainda serve para explicar a cara do velho, que tossiu como um doente e respondeu Tenho, capar os pais de monstrinhos, e ao ouvir uma palavra tão adulta quanto capar, a menina girou nos calcanhares meio agitadinha.
                Espera aí, por que fez isso com o meu cigarro, só pelo malfeito de ver um velho pachorrento desconsertado?
                A menina ficou um instante ainda de costas, quando finalmente se virou com um risinho infantil como devia ser e disse Não, é que eu não gosto de gente que fuma, fumar estraga a vida.
                Como todo excelente velho, ele tinha uma boa resposta. Sabe, monstrinho, a vida é como uma goiaba. Dá bicho tão facinho, mas ainda parece estar gostosa por fora. Você só percebe aquelas larvinhas depois de uma boa mordida, e aí ânsia de vômito não vale de nada.
                A menina foi embora. Para a escola, para a faculdade, para o casamento, para a maternidade, para o leito de morte. E o velho ficou. E sentado no toco de tronco de árvore, resmungou para a goiabeira que é o mundo:
                Eu não quero nada novo, quero morrer da boa e velha morte dos meus pais.

Friagem nas entranhas dos músculos

Nervos a flor da pele
flor negra e angustiante
de vistas cansadas já me faz andar errante
Preocupante!

Catarse
Medo vão
descontrolada calma — não domada
desesperada ... alma

Aula?
Até o som... CALE-SE!
O som deste silêncio irá me matar
já não posso mais suportar
Incomodo!

Pra que coisas tão massantes?
mais do que isso: MassificanteS!
Motivos não tenho para desconsiderar Wilde...
Oóh Oscar*

Primata tonto
em círculos labirintos rodam enjaulados em suas rotinas de ilusão
bela prisão, a psicológica, não!?

Já não faz diferença andar ou ficar,
com a única certeza de que estará com pressa para chegar lá -
mesmo não sabendo onde é lá -
por isso qualquer lugar te serve...

Sonhe!
Fantasie!
Mas não como força motriz
muito menos como alienadora
Apenas enlouqueça.

Honra ao ócio & Películas de 8mm

Neste fatídico domingo trago a vocês duas coisas cool. u.u



Pequeno "curta" que o people do blog resolveu gravar.
Com a exímia atuação de Marco Aurélio, André Luiz & Kaito campos.
Além da elemental direção visionária e filmagem de Ian. U.U

Well, apreciem com moderação
Ps: Quem assina o canal do blog no YouTube teve acesso ao conteúdo com bastante antecedência. Fikdik.
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E agora a parte mais legal do post:

Resolvemos criar esta singela premiação para homenagear os leitores que mais "contribuem" de alguma forma para que esta bagaça funcione.
Sem mais delongas apresento-lhes as duas primeiras ganhadoras!

Leitora fiel, friend, fã número um da série pós-zumbis...
na verdade nada disso importa, ela ganhou o prêmio porque
tatuou o nome do blog!

Não sabemos que ela é, mas ela sabe quem nós somos.
Por não termos uma imagem, colocamos a livre interpretação
das mãos do Kaito. Sunrise já nos serviu com contribuição em texto
e diversos comentários legais pra caráleo!

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Ps: É isso ai, bom domingo pra todo mundo. Confira a página do Honra ao Ócio.

Pós-Zumbis 3ª temporada PREMIERE


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Dia após dia, o mundo se torna mais cinza, como a pele de um homem morto.

                Fronrel desce do carro. Estavam emboscados, havia muitos zumbis em volta do veículo sem gasolina. Empunha o revolver.
                _ Filhos-da-puta.
                Ele sabe que não tem mais jeito, vão morrer, mas ele não quer aceitar. Se fosse para morrer seria com estilo, iria cravar seu nome na história, as pessoas se lembrariam dele como um herói, como um visionário, um líder, um lutador, um estrategista... De repente se dá conta de que todos irão morrer com ele e ninguém, em um eventual futuro, terá conhecimento de suas façanhas. Desespera-se. Entra em looping e começa a disparar contra os zumbis, tem certeza de estar atochando bala em cada cabeça que cruza o seu caminho, mas do seu revolver só saem pequenos doces, que batem na cabeça dos zumbis em slow-motion e não lhe infligem nenhum dano.
                Os zumbis estão próximos, muito próximos, um lhe agarra o braço, Fronrel desespera-se, clama por ajuda, ninguém responde, seus amigos estão na mesma situação, porém parecem já haver se conformado com o fim, estão com olhares apáticos e vazios que vislumbram a imensidão do nada. De repente Fronrel olha para o zumbi que lhe desfere uma mordida e vê Sefode, seu falecido irmão mais novo. Apavora-se.
                _ DESGRAÇADO! EU JÁ TE MATEI.
                De repente sua mão transmuta-se e se mostra dotada de boca e cordas vocais, e jorram acusações sob a cabeça de Fronrel:
                _ A CULPA É TODA SUA, NÃO PENSASTE NO QUE PODERIA SUCEDER, ÉS UM ANIMAL!
                O céu mostra-se rosa, de repente um vórtice se abre e o céu é povoado por “discos” voadores hexagonais. Eles formam, coreograficamente, a palavra ETROM.
                Fronrel pensa estar ficando louco, mas agora não importa, já foi mordido. Antes de se entregar totalmente, percebe a ausência de Linda. Eis que ouve uma voz onipresente, pensa ser a voz de Deus, mas pensa também que não pode ser, uma vez que é uma voz de mulher, e mesmo Deus sendo tudo, Fronrel acredita que não se mostraria na figura de uma voz de mulher.
                _FRONREL! – Diz a voz.
                _ FRONREL! – Repete.
                Fronrel não sabe o que fazer.
                _FRONREL!!!!!
               
                ...

Família, a decadência


É um debate muito recorrente hoje em dia: A família é uma instituição falida?
                Por favor, deixemos de ser dramáticos, quando foi que a família deu certo? Quando a mulher era obrigada a tomar na cara e ficar calada? Quando ela tinha que “se abrir” no momento em que o homem estalasse os dedos? Ou será que era quando ela era obrigada a cuidar de uma ninhada sem dar um piu? Ai é muito fácil fazer dar certo né... Com uma mordaça e uma coleira, até eu faço dar certo.
                Isso tudo é o saudosismo implícito e hereditário que todos nós temos. Essa ideia de que o passado era melhor... Eu acho difícil ver em que... “Ah Ian, tínhamos músicos melhores...” Tipo quais? Amado batista? Trio parada dura? Balão mágico? É fato que tínhamos Raul, Legião, Tom Zé e muitos outros, mas tinha merda igual tem hoje; e a gente acha o público de Restart enjoado, imagina esse pessoal trash na época; poxa, Amado batista foi o segundo maior vendedor de discos do país; e o pior... uma minoria apreciava de fato os “bons músicos”, a maioria ia no modismo do rock e nadava de braçada. E isso segue para qualquer outro eventual seguimento, se discorda, por obséquio, comente.
                O fato é que hoje as mulheres podem dar graças ao pai por terem tido umas quantas que queimaram os sutiãs por elas algum tempo atrás. E devem também, por OBRIGAÇÃO, fazer valer sua força, porque ainda existem mulheres que tem a PACHORRA de abaixar a cabeça para um homem ignorante. Ora, por obséquio, vamos quebrar esses paradigmas.
                A sociedade sempre cagou na cabeça da mulher, em todas as esferas: Social, Religiosa, econômica.. por Deus, até sexual. Já está na hora dessa palhaçada toda ter fim. Se isso representa o fim da família, é justamente porque o homem ainda não teve aptidão suficiente para evoluir.
                Mas, como sempre, todos nós temos culpa no cartório por essa ruína que tem virado a família. Basta ver a banalização da relação. Eu já escrevi sobre isso, essa banalização do Amor, essa necessidade se casar, esse impulso de se ter alguém. Para que essa pressa toda? É isso? Precisamos apelar para “tentativa e erro” até dar certo?
                Só para não restar dúvidas, eu sei que casamento e família são coisas distintas, estou apenas fazendo uma ponte.
                A gente fala que a família não da certo – agora estou me referindo aos filhos – mas as pessoas têm filhos sem a menor condição financeira e mental para criá-los, daí como é que você quer uma família bem estruturada?
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Ps: Ok, esse não foi um dos meus melhores textos, mas eu só quero mesmo é incitar o debate.

Teoria do big bang


                When everything is lonely I can be my own best friend. I get a coffee and a paper, have my own conversations with the sidewalk and the pigeons and my window reflection. The mask I polish in the evening by the morning looks like shit.
                Um dos meus maiores problemas é precisar ser o meu melhor amigo, não só precisar, mas também querer sê-lo, e sair frustrado e inimigo de mim mesmo. Outro problema é ser vazio: tão vazio que uma das coisas que mais me deixam em pânico é imaginar-me cometendo um erro ortográfico grotesco; é nauseante, horrível e vazio...
                Eu tenho medo de perder tudo o que é de verdade ao inventar e inventar e inventar a minha própria verdade. Assim como quando era criança e acreditava cegamente ser a pessoa mais inteligente do mundo; o que admito não ter mudado muito, mas note: admitir é o maior dos passos da modéstia. Eu não só era a pessoa mais inteligente no mundo, como também era a mais sozinha e desacreditada, pena que não sou a mais inteligente, porque seria bem mais fácil lidar com as outras duas coisas assim.
                Mas não é ruim de verdade perder um amigo quando ele é só você mesmo. Perder um amigo que te surpreende, te comove e te põe pra cima é que é ruim. Eu não sou capaz de me surpreender, comover ou pôr pra cima, sou a mesma coisa de sempre, um pontinho denso, maciço, um pré-big bang, uma bola de pelo conflituosa que nunca sobe pela garganta. Tenho saudade dessas coisas... Mas saudades são um fim em si mesmas! - sempre quis dizer que algo é um fim em si mesmo – já que elas só vêm como confirmação daquilo que você já sabia.
                Quem nunca se sentiu assim? Uma bola de pelo, um conflito, uma saudade de um amigo qualquer que tenha te corrigido quando você, intencionalmente, tenha escrito pois é de uma forma casual, entre amigos, mas tudo bem, amigos são pra essas coisas, corrigir o outro mesmo sabendo que não é necessário, porque dessa forma, quando for realmente necessário, não existirá um enorme muro anti-intimidade entre os dois.
                Só que esse muro já caiu há tempos. O problema é que já não havia mais nada do outro lado.


Bebeis amigos YOHOW!

Yo ho, yo ho, a pirate's life for me.
We pillage, we plunder, we rifle, and loot,
Drink up, me 'earties, yo ho.
We kidnap and ravage and don't give a hoot,
Drink up me 'earties, yo ho.

Yo ho, yo ho, a pirate's life for me.
We extort, we pilfer, we filch, and sack,
Drink up, me 'earties, yo ho.
Maraud and embezzle, and even high-jack,
Drink up, me 'earties, yo ho.

Yo ho, yo ho, a pirate's life for me.
We kindle and char, inflame and ignite,
Drink up, me 'earties, yo ho.
We burn up the city, we're really a fright,
Drink up, me 'earties, yo ho.

We're rascals, scoundrels, villans, and knaves,
Drink up, me 'earties, yo ho.
We're devils and black sheep, really bad eggs,
Drink up, me 'earties, yo ho.

Yo ho, yo ho, a pirate's life for me.
Yo ho, yo ho, a pirate's life for me.

Programas de alfabetização lá em casa

           “O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta sexta-feira, dados indicadores de que as regiões Sul e Sudeste concentram todas as instituições de ensino avaliadas com conceito 5 no país. A nota é considerada o percentual máximo do Índice Geral de Cursos (IGC), que mede a qualidade do ensino superior brasileiro.”
Surpresas? Não, já que todos nós sabemos que a economia do país se concentra nesse eixo, não surpreende que os maiores investimentos e os melhores resultados estejam lá.
           Outro fato interessante foi a reprovação de dezessete cursos de medicina. As vagas desses cursos serão suspensas e as universidades terão um ano para “melhorar”. Se o MEC, que, convenhamos, não deve ter lá os mais criteriosos e rígidos métodos de avaliação, o que se pode esperar dessas faculdades que vomitam graduados numa velocidade espantosa e interminável? E o pior de tudo é que não existe uma prova de aptidão para o exercício da medicina; esses alunos formados por universidades como essas dezessete... a demanda os absorve!
           Vale destacar que a Universidade Federal de Goiás (UFG) foi considerada uma das vinte melhores do país, recebendo nota máxima no método de avaliação. Pois então, matem-se de estudar, aspirantes ao curso mais concorrido do estado.
           A posição de melhor universidade pública, no geral, ficou com a Unicamp, Universidade Estadual de Campinas, que, ainda assim, ficou atrás de três outras instituições particulares.

E quanto à famigerada greve na Usp? Alguém tem coragem de se manifestar a respeito?
É claro que ali há baderneiros e maconheiros e até traficantes que só querem a retirada da PM de dentro do Campus para facilitar suas atividades obscuras. Mas eu não consigo afirmar que é realmente essa a força motriz do movimento.
A mídia anda fazendo um competente trabalho na tentativa de marginalizar cada um dos manifestantes e aplaudir as respostas enérgicas do estado. Não sou daqueles que acreditam em conspiração Illuminatti, mas a verdade é que a globo e suas congêneres são a pior merda rala e parcial desse país. Informação, mesmo no lindo tempo da globalização, continua difícil.
Narcotraficantes ou jovens em busca de liberdade?

O menino e sua borboleta amarela


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Quem derrubou da árvore seca a maçã e a mordeu sem terminá-la? Nem matou a serpente, que é vilã, que sou eu, nem corroeu sua alma rala. Por que o pedaço de bagaço de maçã mordido permanece distraído no pescoço fino do menino? No broto da árvore existia um casulo dourado que dava mais luz que o sol: o sol só sabia vir de dia, então à noite, mais que a lua, só o casulo reluzia.
Ninguém vai notar ausência da cobra, quando no centro há amor. Deficiência da manobra: porque amor é belo, vou tingir papel de preto nulo e abrir um casulo de onde saia algo amarelo. Quando pinto história que não mais vive, é que me preenchem ares de amores que nunca tive, como ela e ela e ela, logo rabisco suas coisas que foram reais, como a história do menino e sua borboleta amarela. 

Apelo ao arqueado sorriso amarelo


Sejamos francos. Por mais que continuemos com nosso humilde blog, jamais chegaremos a um status quo que fique eternizado com sangue e lágrimas nas páginas da história da inter webs. Sabe por quê? Porque infelizmente eu não nasci com o dom de transformar tudo em risada. Bem, pelo menos não em textos. Ocorre que hoje tem-se a obrigação de ser engraçado em tudo. Fará críticas? Seja engraçado. Fará teatro? Seja engraçado. Fará um atentado? Seja engraçado. Vai dar o rabo? Tem que ser com graça.
Eu já devo ter escrito sobre isso, mas na manufaturação maquinada da escrita eu acabo repetindo um tema ou vários, de antemão peço desculpas.
Tudo hoje tem de ser entretenimento, tem que ser fácil de engolir, tem que ser be-a-bá que distraia as “mentes cansadas” de não fazer nada das pessoas. Isso já tem dado no saco. E não é que eu não goste de humor. Mas é como gostar de chocolate, você come e é muito bom, quando combinado com outros ingredientes então, maravilhoso. Mas se todo dia você come chocolate, e come até junto da carne assada... pelo amor de Deus.
As pessoas são muito preguiçosas, não querem pensar em nada. Preferem se contentar com esse mesmo caldo requentado toda vez. Para um blog dar certo, atingir um grande público, ele tem de ser engraçadão. Para um vlog dar certo ele tem que ser engraçadão. Para uma CANTADA dar certo ela tem que ser engraçadona. Jésus, como diria meu amigo Marco.
Eu acesso diariamente muitos blogs bons de humor, mas acesso também blogs de conteúdo mais sério e menos pachorrento. Não se tem que deixar de comer o Mc’ donalds, basta lembrar que uma saladinha de vez em quando vai bem.
E o pior é o tipo de humor. As pessoas não querem um humor inteligente, preferem o humor pastelão e apelativo.
Filmes GENIAIS são lançados e caem no Limbo das gavetas dos críticos de arte enquanto lixo enlatado lota salas de cinema. “Ah, Ian, mas é o que tem para ver no cinema”, POR-RA NENHUMA! A internet está ai justamente para te ensinar que você não é mais obrigado a aceitar qualquer entulho que colocam na sua porta, VOCÊ pode pesquisar por bons filmes e curtas, por bons blogs, por bons textos, por boas graphic-novels. Agora, se você quer se conformar em ser a putinha que paga por qualquer merda que dizem estar passando no cinema, ai o problema é seu.
E tem pessoas se esforçando por obras de qualidade e pouco comerciais. O festival de Cannes é um deles. Tem premiado ótimos filmes, filmes conceituais; e tem se mostrado uma excelente alternativa à palhaçada que se tornou o Oscar.
Eu sei, ou ao menos espero, que os leitores deste humilde blog sejam um pouco mais espertos que a grande maioria de zumbis que caminha ai fora diariamente, esse apelo está mais para um desabafo, afinal, se minha expectativa está correta, o que estou dizendo é somente mais do mesmo, mas não custa reforçar, uma vez que nunca se pode ter certeza acerca da mentalidade das pessoas.
Fikdik.

Vaidade do valor


Eu sou um valor.
Sou um preceito.
Um conceito.
Formado e moldado nas melhores concepções.
Sou socialmente aceito.
Só me altero se isso for necessário ao lucro alheio.
Barganhei minha felicidade
Mas isso foi há muito tempo atrás.
A felicidade é um parâmetro de comparação
Quando se vive muito tempo sem ela acaba-se acostumando.
Não me julgue.
Você não agiria diferente.
É melhor ser infeliz que socialmente não aceito.
Eu não vivi a vida que queria
Mas o comodismo fez o tédio caber nos meus sonhos.
Sou um valor.
As pessoas dizem que sou correto
Regozijo ao ouvir isso.
Muitos crêem ser isso a felicidade.
O regozijo do ego.
Pobres ingênuos.
Poderia ter vivido outra vida.
Poderia ter escrito canções.
Fundado uma seita.
Escrito um livro.
Ter sido homossexual.
Mas vivi como disseram.
Queria ser ator
Mas trabalhei a vida inteira etiquetando roupas em um galpão de fábrica
Tinha uma ideia para um livro
Mas o tema era demasiado atípico para ser bem aceito.
Queria ter feito um menage a tróis
Mas dizem que Deus condena a libertinagem.
Queria ter conversado com meus pais sobre sexo.
Mas eles ficaram ruborizados e não souberam se portar.
Gostaria de ter deixado a barba
Mas me chamariam de desleixado.
Gostaria de negar um beijo a uma garota
Mas me chamariam assexuado.
Queria ter sido feliz
Mas o mundo condena esse tipo de atitude.
Queria ter vivido
Mas, aos valores, isso é errado.
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Ps: Peter gabriel, que papelão ein...

http://www.vestibular.ufg.br/2011/ps2012_1/gabarito_1aEtapa.php


   Com dois conflitos de gerações, quatro esperanças perdidas, três litros de sangue fervido, cinco sonhos eróticos e duas canções dos Beatles temos um plástico biodegradável.
   Com leite, vinagre e água, podemos fazer um belo poema.
   Quando se tem uma Monalisa em uma biblioteca, ela com certeza será pichada.
   Se você se desiludir com a imagem duma pessoa, basta mandar uma carta de errata.
   Pessoas ainda vendem livros de porta em porta e outras ainda compram.
   No Brasil o Mexilhão Dourado é uma praga.
   Na prova de matemática o Rock in Rio teve 100 mil pessoas, em biologia 700 mil.
   Cleópatra era foda!
   As pessoas nunca estão bem quando dizem que estão bem.
   ...

É sempre uma alegria fazer a prova da UFG!
Boa sorte a todos que prosseguiram nesta luta \õ/

Não passou?

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão - a tua mão, nossas mãos -
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.



* E, nesse domingo, o Machado de Eugênio faz a prova da primeira fase da UFG em peso!
** E o poema é do Drummond de Andrade.

A presa que sonha.


Ele entra. Traja uma camisa xadrez, um par de sapatos caros, calça negra como a noite, olhos penetrantes, cabelo desgrenhado; era uma figura curiosa.
Ela já está sentada, ainda não conhece o recém-chegado, há de conhecer em alguns instantes, mas não nos precipitemos. Ela tem na cabeça a ilusão do derradeiro amor, aquele que irá arrebanhar seu coração e irá levá-lo ao espaço; ela sonha com alguém que irá envelhecer segurando sua mão; ela sonha os sonhos do amor de novela; ela sonha, sonha os sonhos que só se realizam no mundo dos sonhos. Ela traja um vestido cor vinho; salto alto, também vinho; não usa bolsa; exibe uma pele tão alva que parece nunca ter visto o sol; exibe unhas vinho, tanto as de cima como as de baixo; exibe um cabelo ruivo, tendendo ao vinho, se isso possível for; exibe um sorriso meigo; exibe belos atributos físicos; atrai todos os olhares, mas nenhum deles será capaz de cortejar a graciosa moça, nenhum deles tem o sex appeal que nosso protagonista tem.
Ele senta, acende um cigarro. Ele segura o cigarro de maneira curiosa, entre o indicador e o médio, mas bem na ponta deles, o que faz parecer que o cigarro está na eminência da queda, mas isto não ocorre; ele segura o cigarro sempre para cima. Traga preguiçosamente. O cigarro é longo, o que torna a visão dele na ponta dos dedos mais curiosa ainda. Embora ainda não a conheça pessoalmente, já fita-a com visível desejo. Ele a deseja no calor de seus braços, na maciez de sua pele, no aconchego da sua cama, na saliência de seus gestos; ele a deseja no calor do sexo; ele não acredita em amor.
Ele não desvia o olhar nem por uma fração de tempo,

Onze do onze do onze

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Passa um caminhão de lixo e recolhe os pedacinhos de mim que se espalharam quando me explodi. Não fiz um cogumelo de fumaça, fiz árvore e seu reflexo qual raiz também folheada. As minhas ondas que se foram pareciam arbustos. E fui todo um jardim no seio do universo branquíssimo que se enegrecia com minha explosão. Fui um criacionismo: ora, teve todo tipo de gente habitando as miniesferas de meus estilhaços. 

Resenha de Memórias de um Sargento de Milícias


As memórias às quais se referem o título da obra são, como é bem sabido, de Leonardo, um típico carioca de vida fácil e hábitos questionáveis segundo a “moral” e os “bons costumes”.
Nota-se uma certa nostalgia - traço romântico - do autor, Manuel Antônio de Almeida, da época em que a monarquia lusitana regia o Brasil (“Era no tempo do rei...”), seja pelo tradicionalismo ou pela pompa dos eventos e das cortes monárquicas. Mas não é feita de apenas melancólicas reminiscências a obra única de Manuel de Almeida. Percebe-se também uma frequente ironia com a qual o autor trata das personagens, evidenciando os podres dos clérigos, do sistema judiciário, dos moralistas conservadores, ciganos e vagabundos. E é justamente essa a característica que diferencia as Memórias do usual romance da época, junto com a sua linguagem simples e até coloquial, em certos momentos.

As personagens, por sua vez, fogem das cartilhas românticas:

Madrugada


                Ligo a tevê. É sempre um saco acordar no meio da noite, agora muito provavelmente eu não consigo mais dormir. O pior de tudo é o dia de amanhã, que na verdade já é hoje, mas é que pra mim o dia só começa quando é de manhã... retomando: O pior de tudo é o dia de amanhã. Quando não se dorme direito, você passa o dia nem dormindo nem acordado. E a sensação de desconforto, de cansaço, é quase insandessedora. Que se foda, se for o caso eu tomo um café.
                A tevê é a cabo. Pulo um, dois, três canais: pornografia. É sempre bom uma pornografiazinha para relaxar a cabeça e os músculos. Quem sabe “brinco” um pouco e, pelo cansaço, não acabo pegando no sono? Brinco. A brincadeira acaba rápido, o sono não vem. Merda.
                Continuo pulando os canais. Noticiário, Plantão de notícias da madrugada. Quem é que assiste noticiário numa hora dessas? Penso em fazer uma censura suja a esse tipo de gente, mas percebo que me tornei, a partir de agora, um deles, então me sinto mal falando mal de mim mesmo, logo desisto de fazer a censura, o que só me faz pensar que a censura humana é uma das em que menos se pode fiar, mas recordo-me que somos os únicos seres capazes de fazê-las, nós e Deus, mas de Deus não espero tal, se ele quer fazer censuras talvez devesse praticá-las olhando-se no espelho. Retomando:

O soldado morto


Um soldado morto
Vale tanto quanto
Um estuprador de menininhas
Que se mijou
Na cadeira elétrica

É só um saco
De caldo quente
E uma expressão
De medo
E de arrependimento
Na cara

Um soldado morto
É só um menino
Tirado muito cedo da festa
Antes de poder
Bradar
Atirar
Batizar
E tirar
Mais vidas

É só uma grande risada
Nas bocas verdes
E gosmentas de alienígenas:
- Olha só os homenzinhos,
Matam-se e matam-se
E morrem

HAHAHA

Um soldado morto
Vira um zero
Timbrado em papel
Imaculado
Sem o menor
Vestígio de sangue

Esses soldados,
Tanto vivos quanto mortos,
Não passam
De chaves de fenda
Para que os outros,
Os reis,
Apertem ou afrouxem
Seus parafusos
De cabeças sanguinolentas

Soldados mortos são homicidas
Mas também são gente
Como os outros criminosos
Como eu
Que não sou criminoso
E nem serei,
Se de algo vale jurar,
Um soldado morto

A Bíblia da Santa Igreja Católica Apostólica Romana Contemporânea

       Como 91% dos leitores do Machado de Eugênio são brasileiros e creio, eu, que destes mais da metade sejam reais e convictos cristãos católicos que frequentam a igreja semanalmente aos domingos, ou simplesmente possuem pais que lhe "obrigam carinhosamente" a serem assim (verdadeiros fieis!), acho pertinente um pequeno texto sobre a Sagrada Bíblia divina, que não foi escrita por Deus.

       OK. Let's start!

       O ser humano, como sabemos, é um ser limpo, ingênuo, puro, sem maldade ou ganância, que nunca, JAMAIS, leria a bíblia com más intenções. Sei que é inconcebível para a nossa realidade, mas nos esforcemos para visualizar uma realidade de um universo paralelo: Eis a Terra em pleno século XXI com 7 bilhões de habitantes e que possui uma religião, a qual as pessoas orientam suas vidas através dos escritos de um livro. Os direitos humanos? A constituição? Não! Um livro muito mais atual: A bíblia! Escrita apenas a dois mil anos atrás (recente e super atualizada!).
       Mas nesse mundo as pessoas tem um habito de procurarem aquilo que elas querem, só para justificar seus atos. É como se tivesse tivesse uma entrevista com mais de 2h de duração e as pessoas pegassem somente um frase, como: Sandy gosta de sexo anal! Incrivelmente as pessoas distorcem um pouquinhos os dizeres com suas interpretações e se justificam mostrando passagens da bíblia (ignorando a página seguinte, pois esta não as interessa).
       É um mundo em que tudo é justificado pela bíblia, e assim as pessoas podem estuprar, fazer sexo com a própria irmã, matar, roubar, (...), e tem apoio de todos (pois está na sagrada bíblia!).
       Graças a Deus isso jamais aconteceria na nossa realidade! Pois frequentamos a igreja todo domingo e temos padres e bispos corretos e abençoados que nos ensinam e nos orientam, mostrando que na bíblia podemos achar de tudo, principalmente no velho testamento, mas como bons leitores da bíblia sabemos que não podemos nos basear no velho testamento, pois eles está lá somente como referência, ou seja, o que vale pra gente é apenas o novo testamento, por isso aqueles falam coisas como "não a pedofilia".


Sei que todos já sabiam que o velho testamento só está lá como referência de contexto pro novo testamento, mas eu estava sem saber o que escrever e imaginei como seria as coisas se as pessoas tirassem lições de vida do velho testamento, principalmente numa manhã de domingo na Tv...

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       Nos livros do novo testamento, Deus manda seu filho para criar uma nova aliança e depois renová-la com seu sangue. Qual era a antiga aliança feita por Deus?
Vide resposta no antigo testamento.

As 70 personalidades mais poderosas do mundo, em 2011:

De acordo a Forbes:

1 - Barack Obama, presidente dos EUA

2 - Vladimir Putin, primeiro-ministro da Rússia

3 - Hu Jintao, presidente da China

4 - Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha

5 - Bill Gates, fundador da Microsoft

6 - Abdullah bin Abdul Aziz al Saud, rei da Arábia Saudita

7 - Bento 16, papa

8 - Ben Bernanke, presidente do banco central americano

9 - Mark Zuckerberg, CEO do Facebook

10 - David Cameron, primeiro-ministro da Inglaterra

11 - Sonia Gandhi, líder do Partido do Congresso Indiano

12 - Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu

13 - Nicolas Sarkozy, presidente da França

14 - Wen Jiabao, primeiro-ministro da China

15 - Zhou Xiaochuan, presidente do Banco Central da China

16 - Hillary Clinton, secretária do Estado dos EUA

17 - Michael Bloomberg, prefeito de Nova York

18 - Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos Estados Unidos

19 - Manmohan Singh, primeiro-ministro da Índia

20 - Warren Buffet, investidor americano

21 - Silvio Berlusconi, primeiro ministro da Itália

22 - Dilma Rousseff, presidente do Brasil

23 - Carlos Slim, empresário mexicano

24 - Rupert Murdoch, magnata da imprensa

25 - Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel

26 - Ali Hoseini-Khamenei, líder supremo do Irã

27 - Michael Duke, CEO do Wal-Mart

28 - Jeffrey Immelt, CEO da General Electric

29 - Zhou Yongkang, principal autoridade da China encarregada da segurança

30 - Sergey Brin, cofundador do Google

30 - Larry Page, cofundador do Google

31 - Ali Al-Naimi, ministro do Petróleo da Arábia Saudita

32 - Rostam Ghasemi, presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)

33 - Lou Jiwei, presidente do China Investment Corporation

34 - Ashfaq Parvez Kayani, chefe do Exército do Paquistão

35 - Mukesh Ambani, presidente da Reliance Industries

36 - Masaaki Shirakawa, chefe do Banco do Japão

37 - Kim Jong-il, ditador da Coreia do Norte

38 - Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas

39 - Christine Lagarde, diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional)

40 - Jeff Bezos, CEO do Amazon

41 - Jamie Dimon, CEO da JPMorgan Chace

42 - Robin Li, CEO da Baidu

43 - Lloyd Blankfein, CEO da Goldman Sachs

44 - Li Ka-shing, presidente da Hutchison Whampoa Limited

45 - Charles Koch, CEO da Koch Industries

45 - David Koch, vice-presidente da Koch Industries 71

46 - Rex Tillerson, CEO da ExxonMobil

47 - Lakshmi Mittal, presidente da ArcelorMittal

48 - Recep Erdogan, primeiro-ministro da Turquia

49 - Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial

50 - Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos

51 - Dalai Lama

52 - Larry Fink, CEO da BlackRock

53 - Khalifa bin Zayed Al-Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos

54 - Bill Gross, cofundador da PIMCO

55 - Joaquin Guzman Loera, traficante mexicano

56 - Ahmed Shuja Pasha, diretor-geral do Serviço de Inteligência do Paquistão

57 - Dawood Ibrahim Kaskar, líder da D-Company

58 - Tim Cook, CEO da Apple

59 - Dmitry Medvedev, presidente da Rússia

60 - Masayoshi Son, CEO da SoftBank

61 - Azim Premji, presidente da Wipro Limited

62 - Yoshihiko Noda, primeiro-ministro do Japão

63 - Joseph Blatter, presidente da Fifa (Federação Internacional do Futebol)

64 - Jill Abramson, editora-executiva de "The New York Times"

65 - Bernard Arnault, presidente da Louis Vuitton Moet Hennessy

66 - Sebastian Pinera, presidente do Chile

67 - John Boehner, presidente da Câmara de Represetantes dos EUA

68 - Jacques Rogge, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional)

69 - Xi Jinping, vice-presidente da China

70 - Alisher Usmanov, oligarca

Será que essa 7ª posição está certa?

Meus ídolos não morreram de overdose



Eu queria que todos os meus ídolos fossem de cera, porque, assim, nenhum deles teria a chance de me decepcionar. Queria que fossem de cera e que não tivessem nenhuma plaquinha de identificação ou qualquer coisa que pudesse saltar aos olhos dos rudes, porque, desse jeito, eles seriam mais íntimos de mim. Queria que todos os meus ídolos se sentassem à mesa e conversassem uns com os outros, mas somente sobre as coisas que neles me agradam, nada de assuntos muito técnicos e entediantes, só refinados debates sobre a existência e sobre as melhores maneiras para combater a minha iminente careca.
E foi com esse pensamento que acordei hoje, último domingo de outubro. Seria bom se esse fosse o último domingo de todos – não sei se é por ser um dia santo do descanso, ou pelos sorrisos familiares escorrendo da cara de todos, ou pela programação da televisão: domingo é o dia dos mortos -, mas novembro logo vem e com ele mais domingos. Acordei esperando que as figuras mais memoráveis habitantes da minha cabeça estivessem à minha espera para o café da manhã. Calcei meias grossas e a mais feia das minhas blusas de frio, penteei o cabelo pra trás, as sobrancelhas no sentido contrário e fiz a barba só de um lado da cara: assim só me reconheceriam os meus mais verdadeiros amigos.
O caminho entre o meu quarto e a cozinha tem normalmente um quilômetro, mas hoje eram dois, dois mil metros de uma estrada beneficiada por tijolos amarelos. Ramos de uma plantinha muito estranha arranharam os lados das minha pernas ao longo do percurso; queriam se defender contra mim as pobrezinhas, mal sabiam elas que eu sou tão inofensivo quanto um monte de bosta. Eu estava armado com um facão, um machete, um pedaço de ferro cego oxidado, e qualquer inimigo da revolução se daria mal se cruzasse o meu caminho. Os vizinhos atiravam os dejetos acumulados da noite na minha direção para não emporcalharem a entrada das suas casas; eu me desviava como podia e cumprimentava todos eles amigavelmente, porque foi assim que me ensinaram.
Quando finalmente cheguei à cozinha, uma única pessoa me esperava. Pacientemente tragando um imenso charuto que vomitava uma fumacinha verde e trajando um uniforme militar também verde e permeado de medalhas e faixas condecorativas, o comandante chefe, o pai de todos os amantes da liberdade, o carrasco dos opressores e inimigo da subserviência. Ao avistar a minha figura estranha na soleira da porta, el comandante jefe firmou a vista contraindo um pouco os olhos e não tardou lançar um sinal convidativo na minha direção. Meus batimentos cardíacos eram uma rajada de metralhadora e as minhas pernas bambearam como papel, o que era o material que constituía o meu corpo.
- Comandante! – exclamei, fazendo uma reverência polida, a despeito do meu estado deplorável.
- Sí – ele era impassível, como se fosse de cera.
- O que fazemos agora? Não é possível que seja só isso.
- Sigamos derecho, derecho, derecho, otra vez hasta La Dorada.

Caí aos seus pés,abraçando-o com força, ele não me repeliu. Foi então que chorei convulsivamente. Chorei tanto que derreti a cera que compunha a imagem de Fidel.

Aonde você for eu vou

"Sardinhas do céu"
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Monomotores não chegam até a velocidade da luz, diferente dos pássaros. Porque os pássaros seguem aquelas tramas contra físicos descrentes, scilicet meu próprio professor de física. Sim, mais poético que dizer que estão na velocidade do som, outrossim, voam ao contrário por causa da aerodinâmica inata.
Íamos nós cinco dando a volta ao dia em oitenta mundos para espalhar a palavra machadina, quando nosso pequeno avião de um só lugar — o piloto neste lugar e o restante da corja sentado nas asas — foi atacado por uma nuvem preta, que pairava solitária. Era a nebulosa alma de Eugênio, tentando nos impedir a profetização.
Caímos. E nunca, mesmo eu cujo nome tende ao particípio do cair, havíamos experimentado a queda. Morte. Chegava. Perto. Demais. Feito. Chão. Concreto. Pifara o motor que tinha o mono, mas vieram os pássaros da espécie ligeira já dita, num bando que lembrava as sardinhas do mar, assim como as estrelas do céu lembraram as do mar aos feitores de substantivos; e as sardinhas do céu salvaram nossos corpos e nosso machado roubado.
Lá em cima, uma simples trama, mas eu sei que um dia coisas boas virão.