Saudades do controle de natalidade chinês


Houve (haverá) um garoto de quinze anos chamado Alex DeLarge cuja inclinação para o crime deixou (deixará) todos os agentes do estado e da sociedade atabalhoados. O reformatório, a prisão, a igreja e os políticos: ninguém conseguiu, por mais que tentassem (ou não), colocar o nosso amigo Alex de volta no caminho sociável. Nem as surras, as broncas, as cusparadas, a reclusão, a humilhação, a bíblia e a oração e nem a lavagem cerebral!
O problema é que os pais de Alex eram, perdoem-me P e M, estúpidos. Dois pequeno-burgueses trabalhadores alienados, ausentes e desinteressados no filho. E as pessoas se corrompem com muita facilidade, todos estamos apenas procurando motivos para desviar o olhar daquilo que não nos afeta a ponto de não poder ser ignorado. Alex voltava para casa (ah, que se danem as flexões temporais) no fim das madrugadas com os bolsos cheios de dinheiro e justificava aos pais que aquilo era fruto de ‘bicos’ que andava fazendo; dormia até tarde e faltava às aulas mentindo dores de cabeça. Os pais até desconfiavam, mas não pressionavam o filho.
O que são essas massas de criminosos no mundo contemporâneo? Há, por precária que seja, oportunidade de estudo e há vagas de trabalho, por braçal que seja. Não é a falta de opção o que leva esses jovens ao crime, pelo menos não no sentido puro da escassez de opções. Mas que opção dá para o filho o pai que o deixa na rua e bebe e não tem um grama de sensatez na cabeça?
E aqui chego ao cerne da minha intenção. Quem são esses jovens integrantes da escória da torcida organizada? Respondo: são frutos de gravidez adolescente, de pais desinteressados e despreparados (estúpidos, em suma).
Ainda dizem que a solução para o problema da criminalidade na juventude é diminuir a maioridade penal. As crianças jogadas em reformatórios (febens) não são, paradoxalmente, reformadas. Por que um adolescente inserido num meio ainda mais hostil, a cadeia, se recuperaria?
Que eles tenham mais escola e mais livros do que pedras de crack. Sei bem que essa é a mesma falácia de sempre: escolas e livros e blá blá. É o caminho e não é impossível.
Se bem que, refletindo profundamente, uma solução também viável seria realizar uma série de testes antes de autorizar um casal a ter um filho. Mas o nosso sistema precisa dos pobres e do superpopuloso mercado consumidor...


*Na onda da literatura distópica que ronda por aqui ^^

2 comentários:

  1. Muito bom seu ponto de vista. É um dos que percebe que o buraco é mais embaixo. "Construam escolas, que os presídios serão inúteis".

    Até porque presídios são mais caros que instituições de ensino, mas quem seria prejudicado com a educação? Quem administra o dinheiro que deveria ser direcionado a ela :)

    -- Lamento esses alunos e professores ainda em greve.

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    1. Só para complementar, devemos também ver que "tipo" de educação é esta também. De acordo com o filósofo da educação Paulo Ghiraldelli "os países com maiores números de escola na terra, têm também um número descomunal de pessoas presas..."

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