A mídia investigativa

   Não é uma novidade brasileira uma mídia investigativa, mas é novidade para os brasil-eiros uma mídia com tais caráter (pelo menos em grandes proporções), a qual se utiliza normalmente do jornalismo para fazer denuncias, acusações, exposições e, indiretamente, julgamentos.
   A meu ver é uma jogada extremamente interessante, das emissoras televisivas exercer o papel de mídia investigativa. Pegarei a rede Globo como exemplo (mais a frente), já que é uma das mais influentes no Brasil.

   Não posso dizer pelas gerações televisivas anterior a minha, mas desde que fui apresentado a televisão, posso dizer também que fui apresentado ao sensacionalismo, e por um tempo isso foi bom. Bom! Mas não para (mim) o telespectador, obviamente. Aliais os espectadores não são importantes se não estiverem diretamente relacionado ao fator financeiro.
   Porém não há nada que perdure para sempre continuamente. Não quero dizer que o sensacionalismo midiático caiu por terra, mas se tornou relativamente comum, banal e por isso não mais interessava tanto quanto antes. Era necessário inovar.

   O papel do "mocinho" em peças teatrais, geralmente, é o mais disputados, e não fica muito para trás na encenação da vida real. Vejamos: um grupo que está em pró do povo, que luta por justiça, que quer melhoras no país, gasta do seu próprio dinheiro para delatar fraudes, que pede por melhoras aos governantes e que denuncia esquemas de corrupção. Assim tal grupo adquire mais atenção, reputação e até certa admiração, não?
   Bem, é exatamente isso que aparenta estar acontecendo ao sintonizarmos na Globo, o que gera suspeitas devido aos seus antecedentes, e sabemos que muitas das vezes as aparências enganam. Devido a isto, não irei me focar no que está acontecendo por agora, quero olhar um pouco mais adiante, isso implica em especular, e é exatamente isso que irei fazer.
   Não sou nenhum cientista social para fazer uma análise de tal porte, já que por teoria sou mais míope que estes, para visualizar o futuro, mas tentarei assim mesmo.
   Para isso irei esclarecer nos meus dizeres sobre isto ser "uma jogada extremamente interessante". Primeiramente, como já disse, atrai a atenção do povo (lembrando que audiência = dinheiro) e os coloca em um status de bons feitores, além de contarem com um grande recurso: são grandes. Quando um jornalista qualquer, não associado a nada ou alguém muito importante delata um esquema tão grande quanto o do Cachoeira, por exemplo, esse jornalista "acidentalmente" morreria. Tais acidentes mortais encomendados são um pouco mais complicados com jornalistas nacionalmente conhecidos.
   Outro motivo para eu achar interessante também é o "mertiolate". Todos sabem que vivemos em um país corrupto, que não só está na política, mas no cotidiano (o dinheirinho para passar pela blitz sem multa ou o "lanche" para examinador para ganhar a carteira de motorista ou na adulteração da gasolina etc.) e a mídia investigativa meche com esta ferida, mostrando querer cicatrizá-la. Pois o povo sempre quis fazer algo a respeito, mas não sabia o que fazer além de a preguiça não deixar. O que melhor então do que continuar preguiçoso na frente do sofá e vendo resolver parte de seu problema?
   Apesar de parecer poucos motivos ao enumerar, são grandiosos, mas ao invés de gastar linhas explicando, só peço que pense como uma emissora ganha dinheiro? (Dica: Audiência, Patrocínios, Venda de telenovelas [essa não nos interessa por agora]). Tá, mas isso está no agora. O que isso pode acarretar no futuro para a emissora?
   Mais dinheiro!
   Bem, se assim continuar, creio que no futuro, esquemas tão grande quanto estes atuais que estão sendo expostos, incluirão em seus planos dar grandes subornos a essas mesmas emissoras e ganharam dinheiro também para expor a corrupção de partidos adversários e de fraudes menores também. Ou seja, além de dinheiro, poder!
   Chego até a me lembrar das eleições presidenciais da década 90 e a tamanha influencia da Globo, que fez até eleger o Collor...
   Será que não estamos caminhando para uma mídia manipuladora como vemos em filmes futuristas (como V de Vingança)?

A Perspectiva Caótica


            É o espetáculo, o culto ao absurdo e ao essencialmente pejorativo, de modo que a humanidade consegue se deparar com a própria miséria; de ordens espirituais, estruturais, orgânicas e diversas outras; e continua com o riso dos loucos, dos psicologicamente desequilibrados. E os intelectuais elitizam o “saber”; apreciam mantê-lo assim para continuarem nas camadas superiores e de lá dizerem “nós é que sabemos”. E o mundo segue errante, sem comando, sem propósito. E há a tragicômica paisagem política, quase dantesca, quase kafkiana, e nós, com uma faca no pescoço chamada política, insistimos em dizer que ela não tem nada que ver conosco.
                E aceitamos ou nos fazemos de cegos para o absurdo que é a lógica de produção do mundo em que vivemos, que suga tudo, que absorve tudo como um gigantesco buraco negro. E damos o nó na forca que a nós pertence com um sorriso amarelo na boca e concepções de esperteza na mente, espertos? Isso sim é motivo de graça, talvez não haja ser mais burro na história da Terra. E podem os antropocêntricos argumentarem que é um disparate eu proferir tal discurso, “nós somos dotados de razão e de capacidades intelectuais singulares” diriam eles; e eu pergunto, se somos nós os únicos capazes de feitos intelectuais tão sofisticados, como é que os utilizamos para fins tão torpes e autodestrutivos?
                Engolimos as terras em quanto nossas calças se mancham com o gozo do êxtase pelo supérfluo, pelo autocorruptor. Somos, em essência, todos masoquistas, somos todos abutres da própria carcaça pútrida; somos isso. E nos consolamos com a promessa de vidas no além morte, mas o curioso é a hipocrisia e a maquiavelice com que tratamos as premissas religiosas. Se deus existe, estamos cagando nele todo santo dia. A estupidez humana parece não ter limites, e nessa estupidez se alicerça o sadismo, o modo com que tratamos os animais, a natureza, a própria vida e os semelhantes. Somos confrontados com a miséria e não sentimos pena ou somos movidos por alguma propulsão altruísta; sentimos asco, sentimos nojo, sentimos vontade de virar a cabeça para o outro lado, e depois fingimos todos sermos cidadãos de bem. É a hipocrisia, um dos maiores males deste ser racional que somos. Capazes de feitos tão grandiosos, somente passíveis de comparação com o monumental fracasso em suas aplicações.
                E educamos nossos filhos nessa lógica sistêmica de aparentar estar sob as ordens. É a lógica que atribui mérito ao ladrão que nunca é pego, somos nós nada mais que isso.
                E somos nós
                E somos nada
                E nos convencemos de que somos tudo
                E não percebemos que se somos tudo
                Somos tudo de maléfico, de pior.
                Somos o Horror.

Proibido aos insones

Não clique para não ampliar


Quando a coisa que se ouve explica até os ossinhos do seu desenho, aí, meu irmão, você tem o dever para com a população do mundo e com os aliens que habitam os cérebros dos exotéricos de ficar calado e não descrever nada! 

Música do jornal às sextas kkkkk

A maconha é trampolim para outras drogas?

Na televisão as mulheres
Os rapazes, as avós e os filhos bastardos
Todos sentam-se e apertam as mãos
Porque é um objetivo comum, dizem
De entreter, fazer passar o tempo

Brancos, negros, é igual
Parece muito aquele vídeo que, ao som de another brick in the wall
Mostra a pessoa sendo processada que nem salsicha
Moída, temperada, comida e defecada
Principalmente defecada, quase o tempo todo

Mas nós sabemos do mal, eis a questão
E continuamos, sempre em frente
Também fumamos e lemos paulo coelho
Coçamos as picadas de mosquito
O tempo inteiro

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            Só uma pergunta, em off, porque é um assunto que tem me incomodado muito, por ser incompreensível. Alguém sabe me explicar por que é que existe essa comoção toda por causa do rapaz "Pedro e Tiago"? Sinceramente, ele não tem fãs nem nada. E o que realmente me intriga é ver que TODOS os jornais julgam importante noticiar as minúcias mais dispensáveis a respeito do estado de saúde do sujeito. Sou só eu?

Pós-zumbis 4ª Temporada (5)


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Do atávico riso ao egoismo 

                Fronrel estava estático, não pensava ter ouvido errado, havia ouvido claramente, em auto e bom som, sem chance para interpretações dúbias; o que lhe valia a reflexão era o behind desta absolvição. Fronrel já havia passado por muita coisa para acreditar em milagres ou condescendências de tal magnitude. De modo que não teve outra escolha, a não ser implodir em atávico riso. Ria um riso notavelmente cansado, mas um riso a pleno gozo, que faria gosto a um nadador, por atestar força e volume àqueles pulmões.
                Não sabemos ainda as intenções do Juiz, tão pouco se o que se narrará foi encenação ou genuína perplexidade, mas o algoz de barriga exorbitante e pernas diminutas se mostra estarrecido com a cena.
                _ E por que ri, Fronrel?
                _ Oh... por nada... por nad..HAUhauhuHUAHu – Fronrel forçava um riso convincente para tornar ainda mais caricata a cena – é só por duvidar de tamanha generosidade.
                _ Não é generosidade, reconhecemos a sua posição como equivocada, mas também nos apercebemos do seu problema concernente às faculdades mentais, de modo que, indicaríamos um tratamento.
                Ele faz uma pausa, bebe algo que nos é representado como água. Fronrel se mostra curioso e levemente incomodado, tinha uma paisagem mental de uma clínica psiquiátrica; preferia a cadeia.
                _ Entretanto, sabemos que você não reconhece nada de errado consigo próprio, algo bastante característico das patologias psicológicas. De forma que optamos por tentar ouvi-lo, então vá lá; nós, bondosos do estado, defensores da ordem, do progresso e do bem estar social, damos-lhe a palavra para expressar sua insatisfação, seja ela qual for.
                Fronrel já havia pensado em tal cena, em um dia glorioso em que, à luz do Sol, faria um discurso marcado pelas frases históricas e pelas pessoas histéricas, a conclamá-lo como novo salvador, como grande profeta, como o novo Moisés... mas agora, frente à cena, nada saía-lhe da boca. Após pausa mediana para reordenar o cognitivo, Fronrel intenta

Deus lhe pague pela fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir



As polícias são entidades mantidas para proteger a sociedade. Não é? Sim, em teoria são. Mas as coisas que em prática diferem antagonicamente da teoria são tantas nesse mundo que chega a ser enfadonho ter que fazer uso dessa ressalva. Muito daquilo que na prática mata, na teoria faz viver.

Existem dois tipos de policiamento: o preventivo e o repressivo. Como bem indicam os adjetivos, o preventivo está aí, às vistas, com a intenção de evitar que o sujeito vá contra a lei, e o repressivo entra em ação quando o primeiro falha, pois, se contra a lei agiram, punições que também em lei garantem-se devem ser garantidas pelos agentes responsáveis -  a polícia.

O problema é que tudo que o homem faz é falho. E em tudo há brechas para a corrupção, a defesa de interesses próprios e a injustiça. Portanto, a polícia, que deveria antes de tudo defender cada cidadão e, na presença de ilegalidade, fazer valer a lei com isenção, torna-se instrumento importantíssimo na manutenção do sistema, por mais corrupto que este seja.

Mas os homens que “comandam” não são monstros cruéis e irremediáveis, estão nessa posição porque possibilidades há.

É comum - e mais disseminado do que a credibilidade razoável permite - ouvir discursos mais ou menos assim, quando, por exemplo, morre pelas mãos da polícia um indivíduo envolvido com tráfico de droga: Acho é pouco, Merece morrer, Se conseguissem matar todos é que seria solução. Como se morrer fosse pouco, como se alguém merecesse a morte e como se execução e extermínio fossem aceitáveis.

Já tivemos provais mais do que suficientes para saber que o nosso mundo não é o que dizem, não é um mundo de oportunidades. Não se deve caracterizar como malfeitores inescrupulosos e indignos de vida aqueles que, em algum momento se metem no crime. O mundo é injusto, sim, e a vida é muito curta. O sistema judiciário deve julgar e o sistema carcerário deve reformar. Ah, em teoria, veja bem...

Quando morre um brasileiro nas mãos de estrangeiros, como o caso de Jean Charles ou daquele outro rapaz morto por uso excessivo das armas elétricas, indignamo-nos. “É inaceitável que isso aconteça.” Disso não discordo. Da mesma forma discordo de qualquer prática assassina dentro das forças que deveriam, por essência, manter a vida.

Por tudo isso e mais um pouco ainda, não concordo com o excesso de armamento e truculência das polícias. Trabucos de um metro e meio com balas de dez centímetros de espessura. Aí não há argumento que prevaleça: essa polícia é preparada para matar; para atirar e depois perguntar.

Mais dinheiro investido na educação e menos farda e chumbo. Isso, sim, é efetivo.

Boneca quebrada esquecida embaixo da cama

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Charlie tem o destino nas mãos. Ele costumava se entupir de drogas, pintar as unhas de preto e cantar numa banda de rock n’ roll, mas a ilha privou-o do passado.
 Charlie tem cara de hobbit, mas seu pé é normal. Quando a ilha o testava, a tentação sempre era mordida. Ele finge que tem um pote de pasta de amendoim e come do que não há lá dentro com o dedo mesmo, a boca não sentindo aquela doçura que está ótima, se houvesse. Charlie tem a tatuagem mais legal do mundo. É uma frase, que diz, que canta: Living is easy with eyes closed. Isso é Beatles.
Você pode ter duas certezas na sua vida: quando o Charlie morrer, você vai chorar; quando o Charlie morrer de novo, definitivamente e ainda assim não definitivamente, você vai chorar outra vez.
 É. O Charlie e a boneca quebrada embaixo da cama não se relacionam. O Charlie vai ser lembrado para sempre e ela está esquecida embaixo da cama, no escuro colorido onde se abrem os vórtices que ligam nosso onde ao onde sem pétala na rosa dos ventos. Ao onde dos fantasmas dos objetos perdidos misteriosamente, como um poema que perdi, mas que deixou um souvenir: uma xerox mal tirada por não sei quem, a qual omite o título do poema e o começo dos dez primeiros versos.

A Sofisticada Arquitetura do Amor


O amor é, sem dúvidas, uma das mais engenhosas e belas composições arquitetônicas. Digo-o, pois dele estou saturado, não cansado, cheio. O Amor tem o poder de enriquecer auricamente os pequenos detalhes que antes passavam tão despercebidos, e não é esta uma das maiores virtudes da boa arquitetura? Conferir valor ao simples, ao banal, ao besta?
                É o mais esplendoroso o mais ignóbil sorriso, de modo que entendemos porque o amor é matéria para tantas músicas, poesias, filmes, livros e tanto tempo investido. Fazer do simples, complexo; do lixo, luxo; do um, dois é sim perspicácia que muitos batem o pé e se recusam a aceitar como sendo pura a simples reação química. “Ora essa, só mesmo sendo obra de um deus para dar tanta alegria à vida do homem” eles dizem, e não posso discordar que talvez seja verdade.
                Amor, razão de tantas angústias, mas que nem se fazem pesar quando comparadas ao positivo de amar e ser amado; de entrelaçar os braços no corpo quente de alguém que você sabe estar conectado consigo por algo que transcende as necessidades da carne por fogo ou da psique por companhia, é alguém que supre verdadeiramente os anseios da alma.
                Como ia dizendo, a arquitetura do amor é dotada de alta sofisticação, de modo que confere luz esplendida a mínimos detalhes, colore pretos e brancos com incontáveis megatons, dos quais muitas vezes nem temos notícias na paleta universal das cores.
                Se outrora nos pegávamos a dizer que amor era coisa melosa, sem graça e superestimada, que o bom era ser solteiros; e eventualmente somos enlaçados por essa avalanche que o amor é; batemos na boca mil vezes e oramos a todos os santos e cristos para que nossas palavras não tenham sido ouvidas por nenhum conhecido próximo.
                Ter certeza do amor é praticamente impossível, a tênue linha que destila amor de paixão só se faz mostrar depois de longa data de união, mas creio que o risco valha a pena, e vale cada segundo investido.
                Para finalizar, há mais uma coisa que o amor é, pauta para quando não se sabe sobre o que escrever.
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Ps: Peço aos leitores sinceras desculpas pela ausência de pós-zumbis ontem.
explico-me: Estar na faculdade tem me acarretado pequenas novas descobertas que têm me tomado tempo, mas não é essa a minha desculpa. A minha justificativa é que, sendo esta a última temporada, estou me esforçando ao máximo para tornar a série um trampolim perfeito para o final que idealizei, de modo que, em dados momentos, acabo empacando em alguns pontos e tendo de refletir bastante em como moldá-los para que se tornem condizentes com o final, do qual, caso queiram saber, não abro mão, mas é isso ai. Peço a todos os leitores da série que não desistam, que tenham apenas um pouco de paciência com este que vos escreve.

Democracia aqui e acolá de vez em quando



"Se os homens engravidassem, o aborto seria um sacramento..." (Florynce Kennedy, advogada e feminista americana, revista Ms., Março 1973).

Até esse mês, a lei concernente ao aborto vigente no Brasil definia que este só poderia ser realizado se observada ao menos uma de duas condições: gravidez que fosse resultado de estupro ou gravidez que oferecesse risco à vida da gestante.

No entanto, os Ministros do Supremo Tribunal Federal votaram e aprovaram nessa semana passada a existência de uma terceira condição que torna o aborto legal. Se for constatado em exames pré-natais que o feto é “anencéfalo”, a mãe pode optar pelo aborto.

Aqui faz-se necessário definir claramente o que é anencefalia. Apesar do que sugere a palavra, a anencefalia é diagnosticada quando o feto demonstra má formação do cérebro. "A anencefalia é um defeito congênito, que atinge o embrião por volta da quarta semana de desenvolvimento, ou seja, numa fase muito precoce. Em função dessa anomalia, ocorre um erro no fechamento do tubo neural, sem o desenvolvimento do cérebro", diz o médico docente em genética na Universidade de São Paulo (USP) e especialista em medicina fetal, Thomaz Rafael Gollop. Para ele, a chance de sobrevida por um período prolongado é "absolutamente inviável".

Cinquenta por cento das mortes em casos de anencefalia são provocadas ainda na vida intrauterina. Dos que nascem com vida, 99% morrem logo após o parto e o restante pode sobreviver por dias, ou poucos meses. "Os que sobrevivem, conseguem fazer o movimento involuntário de engolir, respirar e manter os batimentos cardíacos, já que essas funções são controladas pelo tronco cerebral, a região que não é atingida pela anomalia. Alguns não precisam do auxílio de aparelhos e chegam até a serem levados para casa, mas vivem em estado vegetativo, sem a parte da consciência, que é de responsabilidade do cérebro", afirma o professor de bioética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Roberto Goldim.

O interessante nesse caso foi observar a serenidade com que trataram o tema os ministros. O relator Marco Aurélio Mello, fez uma defesa ponderada da descriminalização e o resultado foi acentuadamente majoritário a favor do relator (seis votos a favor da descriminalização e dois contra).

Agora, refletindo com cuidado tudo o que implica essa decisão, o que se pode concluir? Isso é uma demonstração de evolução do nosso país e da sua legislação (lembrando que a ONU considera que a maior liberdade em relação ao aborto está atrelada ao desenvolvimento da nação)? Isso pode se tornar um facilitador para a instituição da legalização absoluta do aborto? São pertinentes as alegações de que toda espécie de vida deve ser preservada, inclusive passageira e inconsciente e anencefálica?

À primeira questão respondo que sim. Denota-se avanço nos sistemas legislativos do país através dessa medida. Se desconsiderarmos toda a enfadonha e incoerente ladainha religiosa (leia-se CRIS TI A NIS MO), não há assassínio no aborto de anencéfalos, pelo contrário, há preservação da vida da mulher. Porque, além dos riscos que levar essa gravidez até o fim, o que dizer da traumática experiência de ver seu filho morrer precocemente, fazendo leito de morte da sala de parto? Isso é, sim, vencer machismos e conservadorismos insensíveis.

Quanto à legalização absoluta do aborto, digo que não. Acredito que a saída correta é criar mecanismos judiciários aos quais seja delegada a competência de julgar a possibilidade de aborto, da mesma forma como eram tratados os casos onde havia anencefalia. Aborto não pode se tornar “contraceptivo”, diz Ian Caetano, cientista social graduando.

Logos Naki World

   Inerte, parado, calmo e queto, sem poucas movimentações vou me mantendo até me incomodem. Instigando minha movimentação eu perco minha calma e começo a fluir a medida que o clima vai ficando tenso, quente e dinâmico. Ocupo o lugar que cabe a mim me caber mesmo que eu tenha que rolar sobre os outros ou estabelecer pontes para me estabilizar.
   Não satisfeitos induzem a me desestabilizar. Malditos! Já é pequeno o lugar em que ficava. Preciso de mais liberdade para fluir melhor minhas ideias. Não me dão! O lugar começa a ficar sobre estresse. Começo a esquentar e de tanto receber logo consigo vencer a barrera que me impuseram. Posso acender me!
   Parece não haver limites para mim. Vamos ver até onde consigo ir. Ao infinito e al´- ... que frio! Sozinho não irei conseguir. Vejo que outros estão na mesma situação; talvez seja melhor eu me aproximar. Como está alto aqui. Suspeito que estou descendo novamente. Precipito-me ao não os abandoná-los o quanto antes. Tarde demais!
   Vou me liquefazendo. Parece que está tudo se desfazendo e derretendo e ploft. A queda foi tensa, ou melhor, quebrou minhas tensões. Será que foi bom para mim descer? Não devo me abalar. Todos temos uma 2ª chance.
   Que sensação estranha. Me sinto num quadro futurista com tamanha velocidade. Tem mais decidas aqui do que numa montanha russa. Corre correnteza na incerteza incolor de Cora Coralina com amor que a vaca me bebe. Vejo a amônia, o ácido úrico e a ureia se distanciarem. Acho que estou subindo de novo, mas não creio que esteja a 212 fahrenheit aqui...
   Ventos vivos veludosos velozes volúpicos e vãos que vagam empurrando gigantes de Cervantes, estão a me carregar. Sinto que desta vez vou rever a terra de forma mais gélida do que antes. Como neve ou como granizo? Espero que eu seja neve para dar vida a um boneco com nariz de cenoura... Minha certeza é que serei branco! Prelo menos por alguns instantes. Serei puro novamente. Não fosse essa acidez que se encontra comigo junto a minhas descida...
   Cristalizado novamente. Vamos descer! Acho que rápido demais desta vez. Granizo! Droga. Queria me tornar líquido novamente e cristalizar-me somente durante a descida. Não foi desta fez! Mas sei que minha jornada não irá parar por aqui. Minha saga apenas começou! Só tenho medo de cair em tamanhas poluições e não dar mais conta de me desvincular delas... Será que ainda sou tão renovável quanto antes?

A primavera goiana

Manifestação que teve sua síntese no último sábado, dia 14/04/2012.
Contou com milhares de manifestantes que tinham como intúito expor sua
insatisfação no que se refere ao governo atual.
Assistam agora algumas cenas do evento:

Reconheço a manifestação como dotada de um ideal nobre, porém a falta de tato na organização deixou o movimento pouco consistente e, em diversos momentos, sem planos de ação. Diversas vezes o corpo de manifestantes se diluiu, ficando parte dele na praça, parte descendo a av. Goiás; alguns indo à porta do Palácio Pedro Ludovico, alguns indo à porta do Palácio das Esmeraldas. A meu ver, faltou um projeto de ação. Haviam quatro carros de som que diziam coisas concernetes ao movimento, mas cada um com um ideal individual próprio, o que fragmentou o posicionamento da manifestação. Em síntese, a meu ver, faltou foco.
Mas é isso, não devemos desistir e não devemos nos desmotivar pela pouca atenção que a mídia local deu ao movimento, sabemos a quem eles servem.

A piada da prestação de contas


                Época de eleição. Você leitor que acompanha tevê estará, em agosto, na companhia do Horário Eleitoral Gratuito; além dos debates transmitidos por televisão e rádio. Antes de ensaiar sobre o tema que rege este texto, faço uma profunda crítica à lógica do Horário Eleitoral Gratuito, que confere tempo consoante o tamanho da aliança partidária, é um absurdo dos maiores, pois fomenta a aliança partidária não de modo a atender interesses mútuos no que confere aos eleitores destes partidos, mas sim em interesses unicamente mercadológicos. Deste modo você vê como plausível o que antes era irracional, como uma aliança entre o PT, partido de (centro-) esquerda, com o PP, partido de ultra-direita, partidos que em nada concordam, exceto na vantagem de se ter um horário eleitoral alongado.
                Mas deixemos de lado os pormenores que não se alterarão com os meus chiliques, partamos então ao tema, a prestação de contas. O que mais se vê nas campanhas de governos que em dado momento já foram eleitos é o que o cientista político Francisco Mata chama de “jogo dos milhões”. (para exemplificar usarei valores aleatórios sem fonte verídica) “Foram gastos mais de 500 milhões em obras de saneamento básico”, “gastamos quase 200 milhões em habitação”, “gastamos quase um bilhão em obras de infraestrutura”. Estas propagandas partem da lógica de encher os olhos do eleitor com números que em sua própria natureza são muito grandes. Naturalmente que são investimentos altos, mas... Algum eleitor tem conhecimento da arrecadação total do estado?(ou da união) Pouquíssimos, embora o dado seja público (http://www.impostometro.com.br/). Mas se esta fosse a única variável do problema dar-se-ia um jeito, há outros. Por exemplo: Admita que você saiba quanto foi a arrecadação tanto do seu estado quanto da união, você ainda teria de saber, por exemplo, quanto desta verba é destinada à educação. Pense comigo, se a verba destinada à educação fosse de 900 milhões(dado absolutamente exemplificativo) e fossem investidos 200 milhões este investimento seria demasiado pequeno, mesmo o número sendo grande em si mesmo, entenderam? Não dá para nos basearmos neste tipo de dado. E o mesmo se aplica aos debates, por exemplo, se um candidato de um governo um pouco mais antigo diz que gastou X, e um do governo mais recente diz que gastou mais, temos de levar em conta a inflação, a situação do país nos dois mandatos e também a real necessidade daquele gasto, porque não se trata apenas de investimento, mas também da real aplicabilidade dele.
                Por fim: Não se deixe iludir pelo “jogo dos milhões”, pois ele parte de uma infeliz premissa, a assimetria entre o saber do governante e o saber dos governados.
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Ps: Hoje (sábado 14/4, às dez horas da manhã) ocorre o protesto Fora Marconi na praça cívica, estarei lá com o intúito de fazer uma cobertura para o blog. caso eu morra, doem meus orgãos.

Nihil: Tem um peixinho no teu coração

Tem um peixinho na história em quadrinho e todo o resto não é ficção. Sabe o sopro do quadriculado o que não sabe coser a própria pele, para fazer cicatrizar quando é necessário arrancar fora a máquina-coração, sem esquecê-la do lado de fora, claro. 

Clique para... para o que mesmo?

Stalingrado, uma reflexão

A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas
onde há mãos soltas e relógios partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,
contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate, e vence.
As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades,
que por enquanto é apenas uma fumaça subindo do Volga
Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.

(Drummond de Andrade em Carta a Stalingrado)

            Por onde andam os nossos ideiais mais bonitos e joviais e humanos e mais edificadores?

            Será que, assim como o poeta, vamos perdendo essas vontades enquanto fogem de nós a elasticidade da pele e a firmeza dos membros?

            Stalingrado é um ideal, não uma cidade. Darwin é o messias da minha religião e Marx um dos seus profetas.

            Para sempre, para sempre jamais.

Pós-zumbis 4ª Temporada (4)


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Estou mesmo acordado?

                Fronrel está em um campo de concentração. É noite, a lua ergue-se vermelha, grande e ameaçadora no céu. Fronrel juraria, se perguntado, que era o próprio olho do demônio que o encarava naquele instante, que encarava toda a metade do planeta nesse momento.
                Fronrel está com a vestimenta de um detento, mas por algum motivo transita livremente no local.
                O local tem tons pastéis, todos eles; nenhuma cor viva, nada que salte aos olhos, tudo é chapado, tudo é apático, tanto cores quanto atitudes, ações e padrões miméticos por todas as partes e presentes em todas as esferas de atuação dentro do campo de concentração. Muros de betão que se erguem altos e lisos, de todos os lados, adornados por arames farpados enrolados em seus topos.
                E Fronrel vê-se, de forma inexplicável, cercado por uma redoma de vidro. Um a um seus companheiros vão passando, tanto os que vivem quanto os que já se foram. E um a um eles vão se posicionando rentes ao muro. Um a um eles são fuzilados, sem dó, sem últimas palavras, sem últimos desejos. Ele espanca o vidro a cada tiro disparado, tenta quebrá-lo, inútil, tenta gritar, inútil, seus pulmões cheios esvaziam-se sem que uma única palavra saia de sua boca.
                Fronrel acorda. Está empapado em suor, só enxerga uma coisa, a luz vermelha que se dispõe no alto da sala, em uma quina, que indica que a câmera de vigilância está a funcionar. Não sabe que horas são, nem onde seus amigos estão; sabe apenas que tem fome, tanto de ração quanto de respostas.
                Em dado momento, que Fronrel não soube definir com certeza, ele foi separado de seus amigos. Não sabia mais deles e, por algum motivo, não tinha tanta urgência em sabê-lo. Fronrel estava cansado, cansado destes desencontros intermitentes, da constante expectativa frustrada, dos inconstantes planejamentos.
                Após certo tempo alguém abre a porta e adentra o recinto. É interessante como nosso relógio interior tende a se desorientar na ausência da visão. Fronrel não saberia dizer que havia se passado muito ou pouco tempo.
                _ Preparado? – pergunta a pessoa

Infrutífero


Tenho vontade de buscar o teu rosto por carinho, sorriso, calor ou só compreensão, porque é verdade quando dizem que nós somos imperfeitos: temos olhos, temos mãos, temos boca, temos coluna espinhal e alma que é a essência, mas, mesmo com isso tudo, ainda nos sentimos sozinhos; pelo menos eu me sinto sozinho, preciso de você.

E ainda assim somos deuses, cada um, porque criamos tanto e somos capazes de cuidar; não é isso o que faz um deus?, ele cria e ele cuida e ele até mata e castiga. Mas ele é perfeito e por isso não gosto dele, já que faz o “mal” por sadismo e não por imperícia ou imprudência – o sádico rei de nada.

Tenho vontade de deitar do teu lado e dedicar todas as minhas forças, inclusive aquelas que se usam para ficar de pé, para tentar te alcançar; a alma, eles dizem, e eu até acredito nela, não como um espectro de forma humana translúcida, mas como tudo o que fica na mente e o que se sente e o que se cria: cada um de nós é um universo!

Como a encontrei, não sei. Como chegou até aqui, não vi. Mas é ela, eu sei que é ela porque há um rastro de luz quando ela passa; e quando ela me abre os braços eu me crucifico neles banhado em lágrimas de ternura; e sei que mataria friamente quem quer que lhe causasse dano!

Isso é do Vinicius, em O amor por entre o verde. O que seria das nossas pobres almas semianalfabetas, não fossem os grandes poetas e a lua e os bancos de praça?

kabkaj para adoçar seu dia

   É interessante analisar que uma das coisas mais doces e gostosas da gastronomia deriva de um produto tão amargo e intragável; Que as coisas boas só existem por causa das ruins e uma deriva da outra; Interessante como um presente direto de Deus é o objeto que o Capeta colocou em seu caminho; E que uma das coisas mais prazerosas para você pode ser a mais agonizante das torturas para outro. Me refiro, pelo menos primordialmente, ao chocolate.

   O chocolate do jeito que conhecemos hoje é uma invenção européia, mais especificamente da Espanha. Isso porque o cacau é uma fruta nativa da América, comum de regiões tropicais e bastante adorada pelos indígenas locais, os quais foram dominados pelos espanhóis no século XVI, fazendo com que o europeu tivesse contato com tal fruta.
   Curiosamente o cacau era considerada pelos indígenas, como os Maias, uma fruta dada diretamente pelos deuses aos homens e por isso largamente consumida (principalmente em rituais). Preparada com água quente essa bebida ganhava o nome de kabkaj, que significa bebida amarga, que coincidentemente, ou não, é extremamente saudável, porém extremamente intragável também.
   E foi tentando melhorar o sabor do kabkaj que chegamos nessa maravilhosa mistura de cacau, amêndoas, leite e açúcar, que se dá o nome de chocolate e que se associa diretamente com ovos, fazendo assim surgir a Páscoa! Ou algo do tipo... Nunca entendi direito essa parte.
   Mas importante saber que o chocolate já foi, e para alguns ainda é, uma especiaria enviada das profundezas do inferno, pelo menos para os católicos, pois primeiramente era uma fruta de crença pagã, mas ninguém deu a mínima e continuou comendo; depois foi acusado de ser uma droga que viciava, mas pesquisadores sérios analisaram o doce e disseram que o chocolate não gera nenhuma dependência física e por fim, só para dizerem que não estavam errados, posteriormente foi acusado de ser o principal alimento causador da gula (um dos sete pecados capitais), mas depois essa baboseira toda caiu no esquecimento geral.
   Tirando isso, o chocolate nos remete a um questionamento gastronômico relativamente inútil, que é a mistura de alimentos, pois apesar de o cacau ter propriedades benéficas ao nosso organismo (em especial no sistema circulatório, além de ser um estimulante cerebral entre outros), junto com o leite essas propriedades são bruscamente reduzidas, por isso o chocolate mais saudável são os amargos, os quais possuem um maior teor de cacau e menor de leite. Neste caso o leite impede absorção de antioxidantes, mas misturas como "café com leite" se mostram também não muito positivas, pois a cafeina do café impede a absorção do cálcio, ferro e algumas vitaminas proporcionada pelo leite (o café ingerido após as refeições é ruim também, pois causa o mesmo efeito, impedindo que nutrientes e vitaminas importantes sejam absorvidos bem). Apesar disso nem todas misturas são ruins (como o arroz com feijão) — lembrando que a mistura de manga com leite é mito,se não não existiria creme de manga, e isso já envolve uma questão histórica...
Mito também é sobre as propriedades afrodisíacas e a estimulações de espinhas
   Porém apesar de o chocolate trazer benefícios, deve ser ingerido (como tudo nessa vida) com moderação, pois é um alimento de alto teor calórico, sendo coincidentemente o ao leite mais calórico do que o (meio-)amargo.

   Devido a Páscoa, muitos devem ter chocolates em suas casas e devem se deliciar com eles prazerosamente após a refeições ou simplesmente em um momento casuais ou pré-menstruais, porém apesar de para você ser a coisa mais gostosa do mundo, não são todos que acham isso. Há pessoas que simplesmente passam mal após comer o menor pedaço que seja, em que ficam vomitando continuamente; mas o pior mesmo é quando dão chocolate para seu cachorro que faz cara de pidão, pois para alguns animais o chocolate é extremamente tóxico e venenoso, incluindo os cães.
   O fato é que só não paramos de consumir chocolate para ajudar os UpaLupas não perderem seus empregos! Ainda mais em tempos de tamanha crise mundial!


Pulp Post

Este domingo é dedicado a um Roteirista e Diretor de cinema que pode ser colocado
na categoria "Um dos Grandes"

Roteirista e Diretor de Filmes épicos como:
Pulp Fiction (Oscar de melhor roteiro original)
Inglorious Bastards (Oscar de melhor ator coadjuvante e indicação de melhor filme)
Kill Bill Vol. 1 & Vol. 2

Um pioneiro no uso de câmeras em locais inusitados (como no porta-malas de automóveis) e do uso de roteiros não lineares, além de grandes sacadas em diálogos ácidos e longos.


Julgando-se o juiz de todas as causas?



The way you made them suffer, your exquisite wife and mother, fills me with the urge to defecate! "Hey Judge! Shit on him!"

Todos os nossos sistemas são falhos. Todas as instituições, mecanismos, normas e, principalmente, os seus respectivos administradores. Somos um tanto melhores do que nos tempos feudais europeus, mas, sinceramente, isso é mesmo grande coisa?

E o maior obstáculo é a ideia tão consolidada no senso comum de que é tudo imutável e inacessível. Imagino que isso seja uma das coisas que Kafka tenta transmitir em O Processo: nós nos sujeitamos às mais abjetas formas de violência física, moral, intelectual, e ainda concluímos que essa é a maneira, já que as decisões são tomadas por homens inumamos do alto de inacessíveis arranha-céus invisíveis.

Todo homem deve se apresentar para o serviço militar quando completa dezoito anos. E isso é normal, porque os homens inumanos precisam fazer suas guerras e policiar o mundo e administrar as suas riquezas expropriadas.

Todos devemos justificar as nossas rendas, ser eleitores atuantes, pagar impostos, limpar nossas calçadas, vestir roupas “apropriadas”, porque do contrário seremos marginalizados, excomungados, ostracizados, criminalizados, processados, condenados.

O sistema econômico é burro – além de assassino – e vive dando provas da sua falibilidade. Mas nós devemos nos sujeitar a mínimos salários e vales migalhas e executar funções degradantes e/ou mal valorizadas.

A carga tributária no país é uma das mais pesadas do mundo inteiro. Ainda assim, até a classe C já paga duas vezes por diversos serviços: plano de saúde, escola particular, transporte privado, etc.

Nós somos K., prestes a morrer à mercê da nossa própria estupidez.