Do manifesto sobre o Amigo, ou: A dificuldade de julgar a amizade e a Amizade


                Nebuloso é, por diversas vezes, o nosso julgamento acerca de quem está conosco de fato. E por “estar conosco” entendam "pessoas com quem podemos contar"; é que são demasiados os artifícios que ofuscam nossa óptica e enevoam nosso cerne.
                São questões de toda sorte; quem queremos ser, o que queremos fazer, com quem queremos que os transeuntes vejam que andamos, quem já te provou amizade, quem te deve um favor, a quem você deve um favor; aqueles que têm uma conversa sedosa; aqueles que em nada se importam contigo, exceto quando se estão todos a rir e beber e dizer disparates... sim, convivemos com gente assim todo santo dia, estes e mais uma enciclopédia de possíveis atores.
                Pois falo, ó, caros leitores, na minha certa ignorância: certamente não são os sorrisinhos afáveis e os brindes eventuais que expõem a real natureza das pessoas, tão pouco conseguem, estes brindes e sorrisos, aferir e mostrar-te quem é ou não seu amigo verídico; enquanto sorrimos, somos todos bastante condescendentes, fazemos todos um sem fim de promessas amigas e cordialidades quixotescas.
                Abrem-se mesmo os envelopes da verdade é na dificuldade, no contratempo, na adversidade, na pedra no calçado, no pé na bosta do cachorro; no momento em que segurar uma mão pode ter seu custo, no instante em que seria muito mais cômodo e menos problemático dizer “sim”, mas que o sofrido, porém correto, é dizer “não”, ou o contrário, se apetecer-lhe; os amigos dizem não quando a ocasião exige, os amigos não concordam a torto e a direito; amigos se importam. Quem concorda com tudo apenas para seguir a prosa não é seu amigo, é aquele que você verá zarpar na primeira dissonância; salvo está se você for um afortunado que nunca tenha de recorrer a ninguém, por conjunturas de nenhuma espécie.
                E nesse equívoco de julgamento você pode acabar por perder amigos verdadeiros, trocando o gato pela lebre; pois é nessa situação que você acaba por se distanciar ou negligenciar alguns em detrimento a outros, por razões diversas que sejam, por exemplo: Aquele seu “amigo” com quem você experimentou um baseado; aquele outro que te chama todo fim de semana para tomar uma cerveja na casa dele; aquele outro que te apresentou duas gostosas outro dia, mesmo sabendo que você era comprometido... claro intento deixar que Amigos, estes com maiúscula ao início, podem muito bem fazer uma ou duas coisas supracitadas; mas um amigo de verdade não prejudica-te, não te faz deliberadamente cair em contradição, não te põe a deitar em maus lençóis; um amigo de verdade se diverte contigo, mas não lhe traz revés proposital, pois o amigo de verdade quer o seu bem, e não simplesmente ver o circo pegar fogo com toda a plateia e elenco dentro; fato esse já conhecido desde que seu tataravô propôs à sua tataravó o conúbio.
                O que quero com este texto, que avalio como abstrato em medida quase demasiada, é que o leitor atente-se para o fato de que amigos, tal qual os artefatos de marca, podem ser falsos ou verdadeiros; e no segundo caso eu até admito que existam falsificações que valem no que se refere ao custo-benefício, mas não posso dizer o mesmo do primeiro apontamento; amigos têm de ser Amigos.
                Não troque aquele que de fato cobrirá suas costas na desventura por um tipo que nunca nem lhe deu um ombro amigo, mas que te oferece, talvez, algo frivolamente mais interessante, superfluamente mais atrativo, mas que substancialmente não trar-lhe-á senão o empobrecimento. Não coloque em segundo plano aquele que te ajudará e apoiará a chegar ao pico da colina pelo teu próprio galgar por aquele que te ofereça uma escada rolante prometendo que está lho levará ao topo– e sabe-se lá se é para o topo mesmo que ela leva.
                E por fim; não deixe aqueles que de fato se importam contigo, aqueles que até lhe amem, por aqueles que não o fazem; independente dos pesos imediatos; pois quando se trata de Amizade, de sentimento verídico, você não deve pesar os pontos do hoje ou do amanhã, tem de pensar a sua vida inteira.

Enquanto o furacão não passa


                Adeus, lua!

A lua é tão bonita
Quando enche a noite e o céu
E a sua luz basta
Para ver as cúpulas dos prédios
Que dormem

A lua é tão certa de si
Tão firme e preponderante
No domo celeste
Que parece atrair a Terra
E até ser maior do que ela

Mas atrai, sim, tudo aqui
Eu sei e você sabe
Porque sinto bem dentro
Aquela coceirinha dos órgãos
Que quase se soltam
Das suas concavidades

A lua nunca encontrou
Três naus desbravadoras
Só um homenzinho
Que esboçou uma frasezinha
Para poder dizer “eu sou
Aquele dentro da caixa registradora
De cores, formas e disparates”

Mas a gente toda sabe
(ou pelo menos a gente com sapatos)
Que a secular lua
É só uma pedra bem grande
E que ela seria feia
Ou nada seria
Não fosse o sol

A deus, lua!
(ou ao mais vermelhinho)
Pois é o sol quem ilumina minhas noites


Mais um Halloween esquecido

      Durante a lua cheia o homem nu entrou pela janela da cozinha, pegou uma faca e subiu as escadas, não encontrando ninguém em seu caminho. Mas as luzes estavam acesas, o que indicava que logo ele teria sua vitima, em algum próximo comodo da casa. Sua sede de sangue iria ser saciada e ninguém poderia impedí-lo.
      Ao revirar toda a casa viu que não havia ninguém. A garagem estava vazia, as portas trancadas e as janelas, com exceção daquela que ele usou para entrar, estavam fechadas. Estava óbvio que quem é que morasse ali tinha saído e deixado as luzes acessas ou por desleixo ou para tentar enganar algum tolo assaltante amador. Não se importando com qual fosse o caso ele subiu, pegou um vestido vermelho tomara-que-caia curto, se vestiu e saiu pela janela novamente.
      Antes de ir embora, desligou o a chave-geral de energia da casa, pois, claro, não iria aturar aquele desaforo de desperdício de eletricidade. Amaldiçoou os moradores daquela casa, foi até a porta da frente, que era de madeira bem trabalhada, e fincou a faca ali. Foi embora.
      As estátuas — aqueles observadores silenciosos — viram toda a cena e, naquele momento, pensaram já ter aproveitado tudo do que aquele lugar poderia oferecer e que era sempre melhor sair após o ápice dos fatos interessantes. Quando então uma pessoa que passava em frente piscou, elas se mudaram para nunca mais voltar.
      Os mortos dali que eram vigiados pelas estátuas, casados da morte, resolveram se levantar naquela noite de Halloween e esticar um pouco as pernas. Percebendo a ausência daquelas, resolveram não voltar por ora, frustando os adolescentes que chegaram em seguida para violar túmulos e fazer festas.
      Mas a frustração não durou muito, pois um lobisomem apareceu de repente no meio do grupo, aterrissando de um longo salto dado, e logo conseguiu três jovens corações, cheios de colesterol e já com alguns infartos, para sua segunda refeição da noite. Os demais se deixaram preencher pelo medo e se dispersaram.
      Fantasmas, se aproveitando da situação, se apoderaram dos três corpos sem vidas e já sem almas para andar pelas ruas, que mesmo com o forte cheiro da Morte, as pessoas ignoravam-os, achando até normal, tirando algumas espertas e inocentes crianças, as quais sensatamente passavam longe.
      Os fantasmas, já entediados, foram com os corpos até um museu principal da cidade,arrombaram o lugar, fazendo os alarmes soarem, e libertaram uma antiga e enfeitiçada múmia aprisionada em sua tumba.
      A polícia logo chegou ao local, viu os seguranças desmaiados e percorreram todo o museu para ver se alguma obra de arte havia sumido e se encontravam quem havia disparado os alarmes, até encontrarem três corpos jovens, fazendo do lugar uma cena de homicídio e assim nem percebendo a falta da múmia.
      Os fantasmas para terem uma visão privilegiada do caos que iria se instalar, abandonaram os corpos no museu, bagunçando os registros das câmeras de vídeo e seguiram a múmia que iria despejar milênios de ódio acumulados na população.
      Contudo, ao verem a múmia acharam terem visto a melhor fantasia de todos os tempos. Um clássico, sim, mas muito bem feita. Por isto recebeu muitos doces e especialmente chocolates, o que fez com que a múmia ficasse extremamente calma e feliz.
      Os fantasmas irritados com a falta do show de destruição possuíram a múmia para utilizarem seus poderes, mas um estranho travesti usando um vestidinho vermelho, coberto de graça, terra e cinzas colocou um colar havaiano na múmia, jogando-lhe sal, pimenta-do-reino, areia e vinagre.
      Assim como chegou foi embora, deixando na eterna morte aqueles quatro seres misticos que entraram em combustão espontânea.


      — Nossa, mas que sonho estranho! — eu disse inconscientemente para mim mesmo como se estivesse numa novela mexicana e precisasse falar meus pensamentos em voz alta.
      Limpando o suor da testa, fui até a cozinha, bebi um copo de água gelada e engasguei com esta ao me assustar com um gato preto que pulara na minha frente, me fazendo derrubar meu faqueiro e tossir por um minuto. O desgramado tinha entrado pela janela que eu tinha esquecido de fechar.
      Ao juntar minhas facas, acabei cortando minha mão, mas isto foi menos frustante do que reparar que estava faltando uma faca e não me lembrar de onde eu havia deixado-a. Mas não me preocupei com isto por muito tempo, pois estava com sono. Lavei minha mão, amarrei com um lenço e voltei para cama.
      Teria conseguido se um vampirinho gay não tivesse aparecido de repente para me dar dicas de moda. Infelizmente a conversa dele me deu insonia e por fim acabou com uma mordida no meu pescoço após ele sentir o cheiro do cangue de minha mão. "As pessoas do meu trabalho vão falar a semana inteira deste chupão. Droga!"
      Só que o tolo conseguiu se engasgar com meu sangue. Nem sabia que vampiros se engasgavam, mas até que parece meio óbvio que eles podem sim. Aproveitei para correr até a geladeira e pegar dois dentes de alhos, os quais enfiei na boca dele, por vingança, já que ele tinha tirado meu sono, e o fiz engolir.
      Deixei-o agonizando no chão enquanto twetava: Feliz Halloween à todos!

Pretenso cientista...


Ao final do curso de Ciência Política I, matéria obrigatória da minha formação, nos foi requisitado um parecer político-científico acerca da crise do Estado de Goiás, as vertentes teóricas ficavam a nosso critério. Entregamos, eu e o Marcos Augusto, um colega de classe, este trabalho que disponibilizo a vocês agora. Certamente não é um trabalho que merece ser levado ao pé do sério, mas acredito que também não seja completamente ignorável, uma vez que nos foi conferida nota máxima por ele.

Aqui estão os "Estudos acerca da situação político-econômica do Estado de Goiás"

Da falta de alcance da dialética e da retórica sem uso da Idolatria


                Uma definição hipotético-teórica, e que pelas minhas humildes e desvalidas análises se faz ingênua, é a regra metodológica tão famigerada que explica: ganha-se um debate pelo argumento. Fato é que o argumento é um ponto central no debate, escusado dizer; e o leitor mais afoito pela retórica pode logo crer que certamente aponto os outros fatores como sendo: a Eloquência, o uso correto dos jargões em seus momentos oportunos, a capacidade do locutor de saber mediar o discurso de modo a não torná-lo pedante, também a legitimação do locutor por algum título que lhe ateste como sabedor de determinado assunto; posto que este, sejamos francos, pode muitas vezes tornar o debate injusto em alguma medida... e este leitor está corretíssimo, estes também são pontos absolutamente essenciais em um debate, só um louco varrido o negaria. Mas é de um fator mais específico que quero tratar, este que pode, em muitas vezes, concorrer em pé de igualdade com o valor do argumento, ou mesmo com a titularidade, que apesar do contraponto real que apresento, ainda sim tem de ser tratada de maneira legítima e válida. Falo da idolatria.
                Hoje o mundo está abarrotado deles, os ídolos; dos mais diversos tipos; os pretensos intelectuais; os demasiado volúveis; aqueles que poetizam o declínio humano, romanceiam o suicídio; aqueles que são ricos, e a alguns basta isso para serem referência de alguma coisa, mesmo que a riqueza advenha de uma herança familiar de 500 anos; existem até mesmo aqueles que são visivelmente artificiais em suas proposições, mas que são vangloriados de franco e bom grado por seus seguidores, pois a estes basta o espetáculo, não um significado concreto, que deus tenha pena da alma destes; existem também os ídolos que são homerizados por seus visíveis desmazelos quanto à própria integridade, e pela visível teatral ignorância; existem até os ídolos que são ídolos só pelo fato de serem, se é que há alguma lógica nisso.
                Enfim: Pela qualidade dos ídolos de alguém, e por qualidade entendam minha absoluta parcialidade de julgamento, e pela devoção do objeto em questão, o fã, por ele, podemos ter uma ligeira noção dos valores de algumas pessoas; claro está que temos de resguardar a possibilidade, cada vez mais frequente, bem verdade, dos alienados que em nada se espelham nos Ídolos, mas que lhos dizem seguir apenas pelo benefício da não marginalização. E também estes que literalmente sofrem para se espelhar em alguém com quem em nada se identifiquem, mas que veem nisso um único meio para determinado fim, os não alocados de postura subserviente.
                E me causa suor nas têmporas a seriedade com a qual alguns tendem a levar estas pessoas. Vejam, muitas vezes eles não sabem nada da maioria dos assuntos pelos quais são abordados, principalmente no caso, por exemplo, dos “rockstars”, dos “formadores de opinião” e dos insuportáveis “socialights”, que por algum motivo são dotados de uma áurea de suposta propriedade sapiente... Não sabem nada de nada nem mesmo de maneira propedêutica em grandes casos, mas suas meia-dúzias de palavras vomitadas tendem a ter mais valor ao público ordinário do que a mais bem escrita argumentação epistêmica. Sim, as pessoas acham que o discursinho inflamado pseudo-revolucionário do formador de opinião no Youtube tem mais valia que um saber de fato averiguado, valorado por empiria e arcabouços teóricos.

Dia de princesa (só que em regime republicano)


Já ouviu falar desses programas de televisão onde uma pessoa (comumente uma mulher) ganha um dia de princesa? Pois bem, é disso que hoje quero falar.

A nossa sociedade cultua padrões e isso é inegável. A bem da verdade, a nossa não é única a se portar dessa maneira, padrões sempre existiram, fossem eles de aparência ou de comportamento. O que um dia foi fruto de desejo e cobiça, pode muito bem causar asco e discriminação hoje em dia (ou o contrário): as “ancas largas”, os pelos do peito, a intelectualidade...

Talvez a causa disso seja a necessidade que nós sentimos de seguir um guia de comportamento; as tendências, as etiquetas, as normas e convenções já estão ali e basta apenas respeitá-las para prosperar em meio aos seus iguais. É indiscutível que há regras a serem observadas quando se deseja fazer parte de um grupo, mas até onde o que vemos são males necessários para o “bom convívio” e não castração, tolhimento do individualismo?

Voltando ao cerne, Um dia de princesa consiste em encontrar uma mulher pobre, retirá-la da maloca em que ela vive, comprar-lhe roupas caras e da moda, afeitar seus cabelos e maquiá-la de forma idêntica às “famosas” e, de quando em vez, dar-lhe de comer num restaurante sofisticado, o que costuma resultar em situações pitorescas e inusitadas, frutos do estranhamento e do choque de realidades. Ou seja, dão um vale de um dia de duração para essa mulher marginalizada sair do seu inferno e ir ao céu. A nós, os telespectadores, sobram risadas perante a humilhação dessas pessoas. Mas é mais marcante ainda a emoção que isso causa nas participantes, que choram, agradecem a oportunidade e prometem nunca esquecer momentos tão lindos.

A televisão é lixo e, como todo saco de dejetos de um bom consumista contemporâneo, é pouco reaproveitável e escorre chorume. Vivem disso: tendências estúpidas, futilidades de humilhação. E o que mais me irrita e encabula é que as pessoas buscam isso, querem ser humilhadas e feitas de brinquedos idiotas nas mãos de outros brinquedos idiotas.

E só o que toda essa brincadeira gera é a intensificação do padrão. O que se percebe é que há dois padrões: um é aquele do qual todo o mundo faz parte e o outro é aquele de mentira, virtual, inalcançável, onde as mulheres são subnutridas, não têm espinhas e às vezes nem costelas.

Esses sujeitos merecem mesmo é um dia de cuzão. Perdoem o uso de palavra, mas, veja bem, se Saramago já a enfiou no meio da sua prosa tão poética, por que não?

Poems, everybody! Poems!

   Mysterious scribblings? A secret code? No, poems, no less! Poems, everybody!
   Rabiscos misteriosos? Um código secreto? Não, poemas, nem menos! Poemas, todos!


"Money / Get back / I'm all right, Jack / Keep your hands off my stack.
"Dinheiro / voltar / Eu estou bem, Jack / Mantenha suas mãos da minha pilha.  
"New car / Caviar / Four-star daydream / Think I'll buy me a football team."
"Novo carro / Caviar / quatro estrelas, sonho / Acho que vou me comprar um time de futebol."

***
     'Indecifráveis poemas contemporâneos!: Amontoado de palavras aleatórias que às vezes aparecem em versos e que não necessariamente precisam fazer sentido. Na verdade, para ele ser contemporâneo, ele não pode fazer sentido algum em hipótese nenhuma!'
     Creio eu que o parágrafo acima se equivalha à opinião de muitas pessoas. Infelizmente, pois estas acabam caindo no causo de que "provavelmente o autor é um simples cara que vomita randomicamente palavras numa ordem aleatória com o intuito de sacanear as pessoas", de forma inicial como um comentário, mas que acabam acreditando no que dizem e ignoram completamente aquilo, já que acham que dedicar tempo aquilo seria uma perda de tempo.
     O real problema, talvez, seja apenas que há uma falta de sincronismo entre o leitor e os escritos (como se você escutasse uma música lenta e meio triste, que você goste, num momento em que você está feliz, alegre, agitado e ansioso), e pensar na arte, em geral, em sua história e entendê-la, talvez, o aproxime de sua sincronia, e a julgue melhor. Por alto, vou jogar uma visão bem simplista minha:

     No começo a poesia e a música somente existiam como um só, por isso eram ritmados, rimados e contavam histórias, e por isto eram belas. Com o passar do tempo a poesia começou a ganhar autonomia e começou a ser declamada, sem mais a batida instrumental, mas tinham cada vez mais rimas e métricas, e por isto eram belas. Com o passar das eras as rimas se desenvolveram e os sentimentos e as expressões ganharam mais o foco do que as histórias em que apareciam.
     O plágio e o comum nunca costumou entreter muito o ser humano, por isto sempre buscamos o inovador, o diferente e o chamamos de belo. Devido a isso começaram a separar as coisas, como por exemplos as rimas: em pobres, ricas, raras e preciosas. Foi devido a necessidade da inovação que a poesia foi se desenvolvendo.
     Com o passar do anos a rima não era mais tão importante para caracterizar a poesia, e sim o que ela conseguia expressar, e nisso o ritmo da métrica, a ambiguidades e as demais figuras de linguagem ajudava. O conteúdo ia passar a ser o foco. E como nunca a poesia continuava bela. E com o tempo a importância da arte de se expressar através das palavras foi ganhando força; "Mas como se expressar tão bem em poucas palavras? E mesmo que eu tivesse todas as palavras do mundo, como eu conseguiria me expressar nelas? Como explorar as múltiplas divergências sem se tornar aborrecedor e direto? Como fazer o leitor sentir o que eu estou tentando passar? Como fazer o leitor ficar pensando no assunto e seus múltiplos casos?"
     Os poemas então começaram a ganhar formas, simbolismos, utilizar de pequenas referências para resgatar e tratar de grandes e complexas ideias, de forma ao leitor ter que parar para refletir as diversas ramificações e possíveis significados para as palavras e ideias e a vida e o universo e tudo mais...
     Hoje os poemas ganharam um nível cada vez maior de refinamento, uma verdadeira arte literária, da sutileza, do misterioso, do que incomoda e faz você parar e soltar um "Dafuq is it? (What fuck is it?)", "o que este cara queria dizer com isto?".
     Atualmente para compreender a principal ideia daquelas palavras (se é que há uma principal) há uma exigência cada vez maior de carga literária e de conhecimentos gerais, da atualidade e de costumes/culturas das populações. E por isto elas são belas!!!
     Não é para entendê-lo numa primeira leitura ou de uma forma tradicional. É preciso brincar com as palavras e jogar com elas e não ser tão denotativo; e a cada momento de sua vida que você ler aquilo, provavelmente entenderá uma coisa diferente e/ou a mais, o que lhes dá um aspectos de arte cada vez mais profunda. Mas não quero dizer, jamais, que uma poesia rimada, métrica e em versos padrões tenha deixado de ser menos bela por isto, é apenas como se fosse uma arte diferente, e por isto deve ser apreciada de forma diferente, mas não com menos intensidade.
     Não se deixe limitar pelas palavras! Pare de denegrir com comentários de desdem e passe a apreciar a arte ainda pouco compreendida.


Adiantem seus relógios!!

     Sei que às vezes a gente complica demais a vida, ou acaba se estressando e se preocupando com coisas demais. Só no fim, após exaustivos esforços, você perceberá o simples. Como as coisas são confortavelmente simples.
      So, Don't give up! Keep calmp and Allons-y!




O complexo da solitude e o Homem Vitruviano I

 Lord, why? Where were you? Did you know what happened? Do you care?
~ A árvore da vida ~
À noite sempre acordo, olho os origamis pendurados no teto e eles olham para mim, pego o celular em cima da mesa, vejo as horas, volto a dormir. Esta noite não foi diferente, a não ser pelo fato de que quando ela se foi ninguém mais levantou senão eu. Naquela manhã comum, os postes desligaram suas lâmpadas, um após o outro, tinha cheiro de café pronto, mas não havia mais ninguém para acordar. Saltei da porta de casa para o mundo e pressenti pela solidez da ausência de ruído que estava sozinho. A Terra rodava silenciosa. Meu grito de susto, não pelo fantasma que teria visto, mas pelo vivo que não vi, foi engolido pelo silêncio de uma humanidade desaparecida.
Esteja aqui, agora.
Do good to them. Wonder. Hope.

Conjecturas sobre a velhice

Dê o play, ato contínuo, leia...
                Ficar velho, inevitável fato que a todos assola e que a todos causa medo, fato inerente, escusado dizer, ao homem e a todos os seres viventes (salvo alguns unicelulares, mas estes nem ciência de si devem ter). A perda gradual e, pior, perceptivelmente diária das qualidades físicas, tanto as estéticas quanto as mecânicas; começa-se a perder a graxa dos joelhos, e também as pregas da cara; o andar passa a ser penoso, a cabeça passa pelo degradê que é intermediado pelo cinza até findar em prateado, salvo os mais desesperados, estes que passam mil e um tons de pintura para maquiar e esconder a silvura dos pelos que cobrem a capa do crânio.
                E ai residem os pesadelos da grande parte de nós, humanos, que vivemos neste mundo que cultua a pele esticada, o cabelo liso e colorido e a capacidade de usar calçados e roupas desconfortáveis por mais tempo do que seria medicinalmente aconselhado.
                Mas existe um outro drama, que acredito também estar no imaginário de todos nós, mesmo que em caráter secundário; que para mim é justamente primário; que é a perda das faculdades mentais. Estas que também começam e passam de maneira gradual e perceptível pela esteira do tempo; o natural estranhamento que passamos a ter com as tecnologias que vêm; a gradual dificuldade em assimilar qualquer coisa nova; a natural lentidão para os cálculos de cabeça; e a natural atenuação da resposta rápida, da capacidade da frase feita. E isto, antes da barriga grande e da careca, isto sim me tira o sono.
                Percebam, por mais que nos esforcemos, e não estou dizendo que manter uma vida saudável e ativa é inútil, mas estamos todos sujeitos ao carma biológico dos genes, estes que podem muitas vezes serem impiedosos conosco na tão dita “melhor idade”.
                Falamo-nos, eu e o Marco, outro dia sobre isso; sobre aquela vó – que você leitor também deve ter – aquela que agora já voltou a ser portar como uma criança, muitas vezes até ingênua, aquela sua vó que solta coisas que não devia nas reuniões de família, que passa a depender mais e mais das boas vontades familiares, aquela senhora ou senhor; pode ser um avô também; que já não consegue mais compreender na totalidade do necessário as notícias que o âncora do jornal do horário nobre tão polidamente passa para nós pela tela da tevê.
                Isso me tira das nuvens que são os sonhos, ver-me no futuro a sombra de tudo aquilo que já fui um dia; pois a aparência tem seu benefício, mas: Primeiro, existem aqueles velhos que adquirem o charme do tempo, e, também, é algo que não me parece tão relevante assim vis-à-vis a incapacidade de tratar de assuntos antes tão vivos em sua língua, assuntos estes que se desvencilharam do seu poder, não só pela perda de raciocínio, coisa da qual nem mesmo o mais agraciado de nós está isento, mas também do natural curso do mundo, que já mudou tanto no decorrer da sua vida que você não pode mais acompanhá-lo, ficando a quem do cotidiano, das decisões importantes, das análises de botequim, do trabalho intelectual...
                Você envelheceu... Que eu possa terminar como um Saramago, ciente, ativo intelectualmente, capaz de argumentar e de conjecturar lucidamente sobre a vida e sobre as coisas.
                Claro que há o benefício da senilidade que é justamente não saber que se está senil, mas não quero este segundo prêmio barato. Que me seja permitido um pouco mais que isso, que eu possa morrer tendo plena ciência de minha morte, ou pelo menos vivendo o último dia de minha vida conseguindo escrever textos melhores dos que eu escrevo para este blog.
                Que eu perca as feições que hoje me distinguem, mas que eu não perca as feições marcantes da fala, da escrita, da capacidade de pensar e de emitir ideias; que eu termine meus dias não podendo andar sem o auxílio de uma bengala, mas que não precise de alguém para digerir para mim a notícia que está passando no jornal.

Legado


Conversando com Ian outro dia, chegamos ao assunto do que faremos pelo mundo, o que deixaremos de útil para a posteridade, se seremos, ou não, lembrados por algo que realmente fará a diferença na vida das pessoas.

Ser um grande cientista, pesquisar e descobrir formas de melhorar o mundo e as pessoas, propor mudanças e ser reconhecido, tendo seu nome marcado na historia, como um grande homem, que sabia o que dizia e dividia isso com o mundo, um visionário, com ideias a frente do seu tempo.

Ou um escritor, com obras notáveis e não apenas Best-sellers, que fala com propriedade de cada assunto a que se propõe, livros que serão eternizados.

Eu, pessoalmente, penso de uma forma mais minimalista. Acho que ser uma influencia na vida de uma única pessoa, de uma forma que realmente faca diferença na vida dela, ter uma contribuição positiva nas suas escolhas, já e muito valido.  

Um camponês que provavelmente apenas planta para o seu sustento, que não estende sua influencia para alem de sua propriedade e seu lar, mas que ensinou valores morais aos filhos e a quem o cercasse, contribuiu para o mundo passando adiante a ideia de ser um bom homem, deixando essa ideia ser difundida através dos que ensinou. Pode não ser uma garantia de que esse sentimento prevalecerá, mas muito da historia da humanidade foi passada de pessoa para pessoa, ate chegar aos livros e demais meios físicos de se guardá-las.

O legado deste camponês pode não mudar o mundo, assim como escrever uma musica brilhante pode não mudar, mesmo passando centenas de vezes pela mente de fãs que a cantarão e não entenderão sua mensagem; como um belo conto moralista escrito com tanto empenho, mas que não será entendido, na sua forma metafórica, por quem o lê; como qualquer ideia, por mais brilhante que seja, pode não ser acatada por ninguém.

O avô que conta estórias para o neto, a professora do ensino médio que indicou um livro que você gostou e abriu caminho para uma vida de leituras, o curandeiro do interior, que ensinou às jovens mães de família os chás que eram uteis para cada momento... Eles deixaram um legado.

Esse legado não e eterno, mas contribuiu com alguém e fez-lhos lembrados, lembrados por um milhão ou por cem pessoas.

Uma visão muito poética, e talvez eu poetize em excesso a vida, talvez ela seja mais fatos concretos que sentimentos e visões pessoais, e ainda não sei qual será o meu legado... talvez seja em forma de versos.

E você, leitor, o que vai deixar de bom para este mundo?

Como a mais tenra flor, que se abre a quem quiser ver


              Por que você não se parece mais com todo mundo? É tão diferente, tão distante. Não sei se os anos passaram e eu perdi toda memória que tinha do seu rosto, não sei se as fotos ou as conversas recortadas que os outros mantêm a seu respeito são suficientes pra fazer com que aquela fagulha continue viva. Vai ver é isso. Eu que guardo lembranças mofadas e desde então você cresceu, você mudou e agora é como todo mundo. Mas quer saber? Eu duvido. Você nunca foi nem remotamente como todo mundo e não vai ser jamais. Você tem aquele brilho azulado, melancólico, bonito até de se ver. Quase ninguém mais o tem, sabe, não esse genuinamente azul, fervilhando de sentimentos – amor, mágoa, vontade, saudade, empatia.

Por que você não aparece mais? Eu sei que é hipócrita, você nem sumiu, não de verdade. Eu escondi você, num buraco quente de alguma válvula cardíaca. O que é peculiar sobre coisas escondidas nas válvulas cardíacas é que, devido à natureza muscular e pulsante desse órgão, elas voltam à tona, por um caminho ou por outro. A sístole a leva ao cérebro, ao lobo qualquer coisa que tem a ver com a memória, e dói, eu quase consigo ver os pequeninos hormônios – que me aparecem azuis, por algum motivo desconhecido – se espelhando pelos meus membros, pelas minhas células velhas que não se cansam de se multiplicar. A diástole, na tentativa de arrastar de volta pra dentro do coração essa coisinha que eu escondi, não tem tanta força assim, e o negócio todo fica entalado na minha garganta. E é pra sempre, esse ciclo é eterno, como você deve ter deduzido, já que eu respiro e o meu coração bate e você vai e volta. Bem, meu coração não vai bater pra sempre, quem sabe aí...

                Por que você me deixa ser como sou? A culpa é toda sua. Você sabia que eu era fraco, você sabia que eu não era deus. E ainda assim ficou, sem fazer nada, assistindo a minha queda, metro por metro, grito por grito. Ah, vá embora praquele lugar escuro, claustrofóbico e ensanguentado. Lá é sua casa agora. Mas quer saber de outra coisa? Eu quero mesmo é pedir desculpas. Fui eu que me afastei de você e fui eu quem fez dois o que antes era só um. Nós compartilhávamos tecidos, órgãos, fios de cabelo, um corpo inteiro mesmo; mas aí eu tentei expurgar você, tomei veneno, coisa assim. E você não saiu de mim. O pior foi isso, você não saiu e alguma outra coisa vital ficou estragada, morreu. Eu sei que desculpas não contam pra nada, nem limpam sujeira, mas elas ajudam a quem as pede. Que minhas desculpas a você sejam que nem aquele tipo bom de colesterol, e evacuem minhas artérias. Mas, sei lá, meu coração bateria descompassado se fosse evacuado.

                You see, we're all trying to endure. You could easily go and make your own life somewhere. Eu poderia fazer minha vida em outro lugar, você também poderia. Se calhar do lugar ser um só, ah, que calhe.

Da antítese ao paradoxo criou-se a vida


    Diz o dicionário, sabiamente, que Mal é "tudo que é oposto ao Bem", portanto só podemos concluir que o Mal existe porque o Bem existe. O que eu vejo como sendo um fato. Isso nos leva a próxima pergunta: Quantas outras coisas só existem sustentados pela simples oposição de ideias e se fazem sustentar tão firmemente?
    O que seria da Luz sem a Sombra (e vice-versa). O que seria Dormir sem o Acordar? O que seria a Presença se não fosse a Ausência? Separação sem União? Fechado sem o Aberto? O Longe e o Perto?

    Bem antes de você ligar este aparelho eletrônico; bem antes de você nascer; bem antes dos primatas; bem antes do dinossauros; bem antes do primeiro coacervado terrestre; bem antes do sistema solar; bem antes de se estabelecer o setor galáctico ZZ9 Plural Z Alfa; bem antes da via-láctea se formar; bem antes do  Big Bang; bem antes de Deus: havia exatamente NADA!
    E foi deste exatamente Nada, fazendo se valer a semântica do paradoxo, que surgiu de forma tão repentina e inesperada o TUDO, de forma que logo se fez surgir o Caos.
    Tamanho caos acumulado num só não-lugar, onde se tinha que coexistir tudo e nada ao mesmo tempo, fez originar uma grandiosa explosão, o qual eu chamarei de Deus (Por motivos óbvios. Devido sua grandiosidade, seu surgimento do nada, seu poder de criação e intervenção direta na vida — ao qual logo chegarei...).
    Deus então fez surgir várias outras explosões secundárias, que estão acontecendo até hoje, devido a sua grandiosidade (a explosão originadora/primaria/-mor) e infinidade de local (não-espaço) para que isso ocorra. Dentre estas explosões secundárias,  uma em particular recebeu o nome de Big Bang, e a partir dele surgiu várias outras explosões menores criando o espaço-tempo (para mais, vide mitologia), galáxias, sistemas planetários, estrelas, planetas, planetoides, asteroides, satélites, cometas, ... Espere aí!!! Algo um pouco mais diferente está acontecendo ali: na Terra.







    Uma série de acaso e eventos de precisão milimétrica e numa ordem certa, como distância entre a estrela mais próxima, e do centro da galáxia, uma colisão que fez surgir um satélite, gases certos se encontrarem, um resfriamento, reações químicas, eletricidade e voilà: Não foi feita por Frankenstein, mas surgia a VIDA!
    Por alguns motivos, mais e mais eventualidades casuais numa ordem temporal interessante, fez com que os mamíferos se sobrepujassem das demais raças (coisa de um meteoro ou dois e extinção de uns repteisinhos aí) e o homo sapiens se tornar-se uma raça bem adaptada, que se espalhasse por toda a face da Terra e fizesse com que você estivesse exatamente aqui! Lendo este texto! Tudo, é claro, por graças e obra de Deus!

    "Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o universo e porque ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável. Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu." — Douglas Adams 

    "A ciência atual não acredita mais em universo, mas sim em multiversos (ou multiuniversos)"

Convites

Escambo das Letras


• Troca de livros, gibis, revistas, DvD's, filmes, CD's, Vinis
• Intervenções literárias
• Ações de leitura
• Encenação teatral
• Contação de histórias
• Conversa com autor
• Espaços temáticos de leitura (Sala "Impróprio para menores; Sala do Terror; Espaço Zen; ...")

Local: Anexo do Sesc, Rua 19, Nº 400, Centro — Goiânia
Dia 27/10/2012
(sábado) das 9h às 18h

Mais informações no site: http://sescaldeiadiabovelho.wordpress.com/2012/10/05/escambo-das-letras/


Clube Leitura
(clube do livro)
    Reunião amistosa de debates e conversação sobre o livro A Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera. Cada mês um livro diferente para se debater.

Dia 26/10/2012 (última sexta-feira do mês) às 19 horas
Local: no segundo andar da livraria Leitura do Goiânia Shopping

Mais informações no site: http://www.facebook.com/clubedolivro.leitura?fref=ts


Ponte Literária
(clube do livro)
    Encontro descontraído de conversação sobre Literatura Inglesa, em que cada um apresenta um livro (no caso, de origem britânica) diferente um do outro, de forma a mostrar seu ponto-de-vista sobre o livro, instigando as outras pessoas a lê-lo, ou não.
    Uma brincadeira bem descontraída em que debates e temas vão surgindo e se ramificando a cada história apresentada... Cada mês é proposto um tema diferente, como: Livros que viraram filmes, Romances históricos, Livros de Terror, Literatura nacional, Literatura Americana, etc. Sendo a escolha do livro livre (limitada apenas pelo tema proposto) e com um prazo médio de um mês para conclusão da leitura.
    A única regra é não contar o final do livro!
    Para locação de livros da biblioteca é necessário a carteirinha do SESC. Caso não tenham, as bibliotecárias na hora o orientaram.

Dia 29/10/2012 (sempre a última segunda-feira do mês) às 18:30 h
Local: Biblioteca do Senac de Aparecida de Goiânia
(relativamente próximo ao Buriti Shopping): Avenida Independência Qd.23 Lt.04 St. Jardim Ipiranga

Mais informações ligue: 3523-6965


Ajude o MdE

    Convido-os a ajudar o Machado de Eugênio, divulgando-o, mostrando nossos erros e sugerindo temas para nossos textos, podcasts e/ou vlogs. Debata com a gente, comente nossos post, utilize Cbox para se manifestar ou algumas de nossas páginas nas redes sociais (olhar lado direito do blog).


Que seus machados estejam sempre afiados!

Quase poeta


Lerda
Flutuo nessa nevoa entorpecente dos meus pensamentos
Arrastada por essa corrente que gira, gira, gira...
Como essa cerveja quente parada no meu copo.
Com gosto de vômito,
Essa vontade de nada
Querendo coisa nenhuma,
O zumbido dos insetos no teto
Minhas pupilas dilatadas olhando coisa nenhuma.
O lixo acumulando a minha volta
Como os pensamentos e ideias não desenvolvidas
Em pedaços de papel espalhados pelo chão
Poesias toscas escritas por um poeta fracassado,
Que nem sabe o que diz
Nem quer dizer nada,
Fingindo-se de alma torturada para escrever algo,
Olho a vida a minha volta, ouvindo uma musica inexpressiva pseudo rock...
já sabem o que vou dizer,
Tédio...     

O mistério da bruxa verde

Esses momentos interessantes que aparecem do nada, né, Marco? A gente, mais as nossas amigas Jéssica e a Jéssica e a Amanda fomos dar aula de foto-novela pra estas crianças de várias escolas municipais que apareceram na faculdade pra ver o circo da comunicação. Foi em junho desse ano. A gente nem sabia fazer foto-novela, nem mexer com criança, mas demos um jeito de divertir um monte de menininha que quis viver um dia de atriz. E nos divertimos também. Muito, lembro que na hora da edição, eu e o Marco cagamos de rir! Enfim, aqui tá o resultado. Quem fotografou foram crianças da oficina de fotografia, com suas mãos escorregadias e câmeras profissionais. Só fico com pena por não ter creditado direitinho, as meninas vieram, brincaram com a gente e foram embora, simples assim. Espero que um dia elas entrem no Machado e deem de cara com o resultado, porque elas não viram, foram embora, simples assim.
Clique sobre a imagem para aumentar.



O dilema vem da óptica


                Seria admirável se o homem conseguisse discernir bem antes do julgamento de qualquer evento, cotidiano ou extraordinário que fosse, e não só seria admirável como também eliminaria uma boa parte das dores de cabeça que temos. Pegue por exemplo o julgar da ação alheia, estamos muito mais propensos a culpar um terceiro por seus desleixos ou deslizes, mas quando este terceiro é um dos nossos, digo amigo ou familiar que estimamos, daí a conversa é outra, daí tal desleixo, mazela do comportamento do sujeito, toma um caráter muito mais ameno, em alguns casos transforma-se até em um certo “charme”. Pegue por exemplo uma mãe que tem dois filhos, um deles excepcional nos estudos, o outro nem tanto. A atitude da mãe, se protetora, é acobertar este segundo, e para isso vale-se de subterfúgios diversos: “cada um é cada um, somos todos diferentes”, “ele é de um jeito, o irmão é de outro”, “ele não gosta tanto de ler, mas tem muito empenho com os esportes!”; e coisas  assim, quando em qualquer outra criança a atitude seria no mínimo motivo de comentários. O mesmo vale para um desleixo adolescente deveras comum, a desordem, a bagunça, a baderna, a falta de asseio, chame como lhe apetecer.  Esta atitude que acusamos com o dedo erguido e apoiado ainda por uma língua ávida por descarregar censuras diversas, mas conosco ou mesmo com os filhos, estes são os que sempre tem o benefício das asas da mãe, ai não há problema... são tão fofuchinhos...
                Mas a mim o pior são os julgamentos que se baseiam na intuição misteriosa, mágica, da antipatia ou da queda de braço, daí a crítica, que é muitas vezes irracional ou pretensiosa, vira leitmotiv da vida daquele que se sente no direito de vociferar mil e um desaforos, que para ele são verdades... ou, ao menos, ele tenta se convencer disso.
                Somos contaminados pelo rancor leve da incompatibilidade gratuita; parece até que, quando infectos deste mal, nos tornamos insuportavelmente difíceis de ceder, de sermos mais amigáveis ou tolerantes; até mesmo com coisas que nem ligamos tanto, mas que parecem razão dos mais severos ataques quando feitas ou executadas por pessoas das quais não gostamos, ou com as quais temos motivos, válidos ou não, para estarmos desgostosos...
                E disso advém, espero ter sido compreendido, a hipótese de que a culpa, o dilema, o desconforto, vem muito mais da óptica que aplicamos aos eventos do que dos eventos em si.

O Brasil precisa de uma reforma eleitoral


Talvez mais ainda do que as reformas agrárias e tributárias, o Brasil precisa da reforma eleitoral. Esse sistema só perpetua no poder as elites e essa oligarquia mal disfarçada.
É fato que ganha eleição nesse país só o candidato que tem faraônicas verbas de campanha e alianças entre partidos. A soma desse dinheiro de campanha é tamanha que o sujeito leva os quatro anos de mandato para pagar as dívidas, e por vezes até o segundo mandato, que é prontamente ajeitado pelos credores.
Portanto, o primeiro ponto seria estipular um teto, uma quantidade máxima de verba de campanha para todos os candidatos registrados. Dessa forma, o político seria obrigado a conseguir seus votos maneira mais “honesta”, digamos, através de ideias e de debates. É evidente que, juntamente com essa lei, seria necessária uma vigilância muito mais acirrada; mas nem assim poderíamos nos enganar: o dinheiro brota de todos os cantos e para nas mãos destinadas sem deixar rastro.
O segundo ponto seria estabelecer um tempo exatamente igual de destaque para todos os candidatos nos horários políticos gratuitos de televisão e de rádio. É ridículo ver um candidato ter meia hora, jingle, dramaturgia e efeitos especiais, enquanto o outro mal tem tempo de falar nome e número, isso com cortes precisos no início e no fim e sem pausa para respirar.
O terceiro desses pontos seria a proibição de todo e qualquer tipo de sujeira em campanha. Ao inferno com os panfletos, os adesivos, os carros de som, os santinhos e afins. Faça campanha nos meios apropriados e vá atrás de saber mais sobre os candidatos aquele que tiver real interesse em conhecer, e não apenas olhar com a boca escancarada cheia de dentes.
O quarto e derradeiro ponto seria a não-obrigatoriedade do voto. Gente que vota por obrigação, vota simplesmente por obrigação. A retórica é óbvia e até soa mal. Mas essa é a verdade. Deveria votar só quem quer fazer valer sua opinião.

“A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras”. (Winston Churchill).

Um convite Um vídeo Uma congratulação Duas orações Um texto

     A todos residentes da Grande Goiânia, e a quem mais interessar: Convido-os a comparecer no dia 26/10/2012 (última sexta-feira do mês), às 19 horas, no segundo andar da livraria Leitura do Goiânia Shopping, para uma reunião amistosa de debates e conversação sobre o livro A Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera.
     Recomenda-se ir já tendo lido o livro previamente.

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     Como eu escrevi o título 14h antes de começar a escrever (devido a uma viagem rápida à Anápolis) não consigo me lembrar qual era a congratulação. Por isto, dedico essa aos aniversariantes do mês, ao ganhador na caneca [que ainda não retirou seu prêmio ¬¬'], aos leitores, ao horário de verão, a quem votou consciente esse domingo e a quem conseguiu mudar minha semana de forma mais relevante: Paolini e Kundera.
     Só torço para não ter esquecido nada de importante...

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¹
     "Proteja-me de ficar sabendo daquilo que não preciso saber. Proteja-me até mesmo de ficar sabendo que existem coisas que não sei. Proteja-me de ficar sabendo que decidi não saber das coisas que decidi não saber. Amém.”
²
     “Senhor, Senhor, Senhor. Proteja-me das conseqüências da oração anterior. Amém.”


*****

     Será que os dragões realmente existiram?
     Nunca tivemos problemas para compreender o que era um dragão, mesmo quando pequenos: em geral, grandes animais escamosos que voam e cospem fogo. Apesar da grande variação que temos sobre estes seres, conseguimos distinguir com facilidades todos como sendo, ou não, dragões.
     O mais interessante é que a figura do dragão aparece em mitos e histórias de diferentes civilizações ao redor do mundo inteiro, antes mesmo que muitas delas tenham tido contato com outras.
     Como sendo, muita das vezes, o dragão retratado como um ser mistico e mágico, pode-se soltar a imaginação sobre o que seu dragão pode fazer, inclusive fazê-lo pensar que são apenas criaturas mitológicas de sua imaginação. Será que os dragões se uniram na alma dos humanos, por isso não conseguimos esquecê-los completamente?  ;)
     Se sua existência é não relevante, fica a seu critério, mas é importante sempre se lembrar do que eles realmente significam!

     Boa semana!


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Você que vai votar hoje...

    Qual foi seu critério de escolha entre os inúmeros políticos que se apresentaram "do nada" nestes últimos dias? Foi pelo carro com o auto-falante mais alto? Foi pela musiquinha mais alegre? Foi pelo jingo mais grudento (que está ecoando em sua cabeça até agora)? Foi pelo melhor slogan? Foi pelo santinho que você recebeu, sem pedir, que tinha somente a foto do candidato e o número (frente e verso)? Foi pelo outdoor com do político de sorriso mais bonito? Foi pela sua propaganda eleitoral da Tv?


    Sei que é ilusão de minha parte achar que nestas eleições o voto Nulo (00000) chegue próximo da metade e que por consequência aconteça pela primeira vez na história do Brasil o povo mostrando que não é apenas platéia da história desta nação, mas que tem forças diante ela e que não precisam escolher entre o ruim e o menos-pior. Mas este não é o dia [infelizmente]...
    Só espero, de coração, que uma parte relevante tenha de fato pesquisado os políticos nos quais pretenderam votar!
    Boa sorte cidadãos! Mas antes de ir, só me respondam: Quantos debates eleitorais você assistiu até estar satisfeito de sua escolha?

A Morte


Olho para o céu e as nuvens tem formas estranhas,
Como monstros sinistros que avançam para me pegar
Alguma criatura assustadora do Stephen King
Surgida dos meus pesadelos...
Aperto-me contra a parede...
O vento faz as nuvens se dissiparem,
Foi só outra paranoia.
Criaturas macabras me perseguem, ou estou louca?
Não sei o que é pior.
A chuva cai, eu não me atrevo a sair do lugar,
Para onde eu iria?
O vento gélido congela minhas entranhas
Tornando-me mais uma criatura fria e sem alma.
Há quanto tempo estou aqui a me mutilar?
Eu não sei, parece que o tempo não existe,
Passa num fluxo imperfeito, intensificando a agonia,
A chuva lava minha dor, e a aumenta também.
A agua leva os pecados dessa alma torturada...
Espero que não reste nada quando ela acabar,
Nem dor, nem chuva, nem eu.
Venha, minha querida, abrace-me,
Cubra-me com o teu manto negro e traga-me o Alivio.

O Colóquio


Primeiro aperte play, depois comece a ler, fikdik

                Dir-se-á, e com justificada compreensão se entendemos um mínimo que seja dos tempos de hoje, que a cabeça baixa, que o silêncio, que a tristeza, são faltas de decoro, abominações de uma psique humana disforme e desviada.
Sorrir, o fardo dos atuais tempos. Sorrir até que seus lábios se congelem nesta posição arqueada e você passe a se parecer um manequim. E concordar também, concordar com a miséria e decrepitude dos tempos que vivemos por serem estes o ápice da nossa civilização, não haveria como ser de outra maneira, chegamos aonde chegamos e não seria de outra forma mesmo que voltássemos atrás cem mil milhões de vezes; sofrer é burrice, lutar é burrice maior ainda, disparate; para que esta atitude estúpida? Senta cá, pegue uma cerveja, esqueça isso, dá muito trabalho; de quê vale a luta se você pode simplesmente se juntar à nossa turma de patetas? A ignorância é uma benção, “mas isso pode trazer consequências às pessoas vindouras...”, ora, não seja estúpido, que temos nós a ver com isso? Que eles cuidem dos problemas deles quando nascerem e crescerem, ponha nas mãos de deus, ele está ai para isso, nós também vivemos as consequências dos atos de pessoas do passado. “Mas isso não lhe dá vontade de querer mudar as coisas?”, não tenho tempo para isso, a vida é curta, se eu ficar perdendo meu tempo pensando no que fazer do outro, vou envelhecer e não vou ter transado o número de vezes que eu gostaria, nem terei visitado o número de lugares que gostaria, nem terei adquirido todos os bens que quero ter; eles que se emendem. “Mas e esse deus no qual você tanto fala? Que vai ele pensar disso tudo?” Deus nos entende, é pai benevolente, sabe que nada posso, e mais, ele irá nos salvar, está na bíblia, está escrito, os tempos de dor e de caos, do armegeddon e do apocalipse virão de qualquer forma, se já não estivermos neles, caberá a deus a salvação derradeira dos povos, não a um pé rapado como eu, que nada mais sou que um fiasco de bosta que o fenômeno da vida deixou na terra. “Falar assim é fácil, e os que nesse momento sofrem sem culpa, sofrem por terem vindo da porta materna para um mundo que é sinônimo de desigualdade e de egoísmo e nada mais?” Eles têm chance. “Igual?”, não igual em termos, mas em capacidade, “como consegues pensar assim se encara uma mansão com posses e finanças e possibilidades e depois passa os olhos por uma favela?”, veja quantos filhos dos ricos não fazem nada que valha com a oportunidade que têm e verá onde reside minha capacidade, “mas isso é apenas um desdobramento do frenesi louco em que vivemos, desta abusiva necessidade pelo consumo, da alienação inerente a qualquer profissão hoje”. Então de nada adianta nada que façamos, “quando você diz isso você atribui toda a culpa ao espírito do homem e nem se lembra do leviatã que é este sistema social, econômico e político em que vivemos, este que nada mais é que um degolador de cabeças humanas, e você não toca nisso, deixa lá parado como um pedestal intocável, por ser este o único ponto de referência que temos hoje, já que tudo se diluiu, tudo se tornou abstrato, fluido, disforme, inconstante.
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PS: Pequena inversão, a Lily postará amanhã, não se enfezem!

PODCAST! Indicações culturais e ganhador da CANECA!

Nesta fatídica segunda que deveria ser Domingo, sai mais um PODCAST!
este que trazemos em caráter especial para divulgar o agraciado sortudo que levou a CANECA DO MACHADO! isso mesmo, esta bem aqui!
[DOWNLOAD]
Neste Podcast tratamos, dentre coisas menores, de:

* Apresentação da mais nova redatora do blog: Lília Azevedo.
* Expectativas para "O Hobbit" e para "Jango Unchained"
* Indicação da minissérie "The Prisioner" - CLIQUE AQUI E VEJA um TRAILER!
* Indicação do filme "Dr. Strangelove or: How I Stop Worrying and Love the Bomb!" - Veja um trecho CLICANDO AQUI!
* Indicação do livro "O Guia do Mochileiro das Galáxias" - Ouça um trecho CLICANDO AQUI!

* E É CLARO! O ANÚNCIO DO GANHADOR DA CANECA!
 - Site usado para o sorteio: www.random.org

É isso ai, pessoal! Ouçam, deleitem-se e continuem nos acompanhando!