Dia(s) da mulher


            O oitavo de março é o dia em que se “comemora a mulher”. Dispensável é contar toda a história da significância da data, já que todos sabemos das lutas históricas de grupos feministas, das atrocidades contra protestantes e toda a degradação em geral contra o sexo feminino. Ou será mesmo tão dispensável assim?
            A verdade é que, como quase todas as outras coisas nesse vasto mundo, o Dia da mulher adquiriu um significado muito diferente daquele inspirado pela militância em favor da igualdade sexual. Aquilo que deveria ser uma lembrança de que a luta continua agora é show de declarações infantis de admiração às mulheres. E é importante dizer: uma admiração carregada de machismo, pois as características exaltadas nada têm a ver com uma igualdade de competências entre os sexos. Beleza, sensibilidade, maternidade... por aí segue a lista dos atributos que, segundo os mais qualificados praticantes do bom “Feliz dia da mulher”, são os merecedores de destaque em qualquer mulher.
            Na minha parca compreensão dos problemas do mundo, isso está muito longe daquilo que precisamos. Porque precisamos desesperadamente, sim, de consciência, de capacidade de admitir erros, enfim, de honestidade. E não são uma rosa e uma caixa de chocolates por ano a recompensa por uma vida de discriminação e desigualdade. Prefiro nem chamar de recompensas: são restituições. Como diria o poeta nordestino, “Se não fosse a mulher mimosa flor, a história seria mentirosa”.


            PS. Depois de muitos dias fora do ar, voltei. Se ainda gosta disso aqui e acha que seria legal que continuássemos, demonstre! Curta, comente, compartilhe. Não é vaidade, só não queremos ficar naquela de ‘escrever’ pras paredes.

2 comentários:

  1. Para nossos amigos portugueses, exposicao especial (luta pela igualdade de direitos entre os generos) na biblioteca geral da universidade de Coimbra

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  2. Uma dica literária que trata desse assunto de modo bastante interessante (eu acho) é Isabel Allende. Pelo menos os três livros que já li dela (Filha da Fortuna, Retrato em Sépia, A Casa dos Espíritos, leia nessa ordem, é uma trilogia) retratam mulheres que negaram o machismo chileno, que eu diria global, e lutaram por uma identidade e direitos.
    Eu não entendo porque a mulher tem tão pouco valor historicamente, gostaria de saber o gênese de tal estupidez.

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