Wouldn’t you miss me?


A vida é demasiado importante para cruzarmos os braços e esperá-la passar à porta; e o que dizer, então, de, não só vê-la escorrer por entre os dedos, mas amolecer as palmas e dar cabo a ela, à vida?
Acho que é consenso dizer que a vida é importante, salvo nas concepções cheias de pessimismo falacioso, porque, até para os religiosos mais criativos e de dogmas extremos, há uma espécie de valor todo singular para a vida. Não é preciso nem dizer, seguindo essa linha, da consideração que nós, ateus, reservamos a ela. Posto isso, respeitar em absoluto o direito e a oportunidade de viver é um daqueles postulados quase físicos e quase sobrenaturais.
Exatamente por isso, e por nada mais, nem por medo da retaliação divina, vejo o suicídio como inacreditável. Simples assim: não acredito em suicídios. Não digo que acho impossível que alguém seja capaz de cometê-los, só não consigo fazer com que me entre na cabeça. É que nem pensar sobre aquelas estrelas de tamanhos mais gigantescos que os do sol, tudo bem, elas devem mesmo existir, mas só as percebemos depois de tratar de pô-las numa boa escala.
Usando palavras de outro, quão desesperado devia estar o sujeito, nos momentos que antecederam o seu fim? Quão abandonado, frustrado e furioso devia estar para ser capaz de dar o último passo, aquele passo imediatamente antes do nada, de estar e já não estar mais? Não acredito.

Esteja aí para o que for, responsabilize-se por seus cativados, faça dos seus ouvidos a cura para os males, a panaceia para os diabos da alma – não acredite. 



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