Mais um ano termina dentro de poucos dias.
Passou, como neste momento tendemos a achar quase unanimemente, como um fiat. Nos já habituais, e monótonos,
raiares e pores do Sol se sucederam diversos eventos significantes ou o
antônimo direto, memoráveis e também não, dispares no que se refere à nossa
vida, ou também tão pequenos que não foram lembrados nem mesmo na meia hora que
os sucedeu de fato.
Continuamos aqui; cegos em grande
medida, consumidores convictos, cheios de razão e de certezas, cheios de
razões. Ainda aqui resistimos, cheios de vontades e anseios, alguns mais homéricos,
outros dantescos, maquiavélicos, dionisíacos, quixotescos... mas a grande
maioria, podemos dizer, não passa de um meio balde de quereres tão absurdos ou
fúteis que “estúpidos” seria um adjetivo deveras eufêmico para caracterizá-los.
Mas que somos nós, senão estúpidos em parte quase absoluta da existência?
Não há muito que dizer; resignados
permanecemos; damos sequência a esta tragicômica sucessão de atropelos,
desventuras, eventos. O mundo ainda enfrenta crises financeiras, todos sonham
ter dinheiro suficiente para comprar e comprar e comprar e Comprar; o mundo
ainda sofre com a fome, ainda temos tanto e sabemos fazer tão pouco disso;
ainda impera o egoísmo e os desejos singulares; ainda se morre e se mata pelos
motivos mais banais dos quais se pode obter relato. Ouso dizer que escrevo,
neste texto, sentenças que você, leitor, pode ler em qualquer um dos dez anos
que precederam e nos dez que virão depois deste, e certamente lho acharão atualíssimo.
Mas que mais há para se dizer,
muito pouco, se é que há, mas deste pouco não falo mais, não me apetece, e
estou também certo da capacidade do leitor de discernir o epílogo.
Dedico as linhas restantes ao “Eu”.
Este ano, posso dizer, foi bom
para mim.
Entrei na Universidade, curso o
curso que me apetece, estou desenvolvendo uma pesquisa científica, e melhor:
remunerada.
Engajei-me em namoro com uma
mulher que amo, respeito e que fez de mim uma pessoa melhor e, certamente, mais
feliz.
Passei a usar chapéus, comecei a
beber cerveja e estou em vias de tirar minha habilitação de condutor.
Permaneço de opinião política de
esquerda, e entenda isso da maneira que quiser, dada a abstração do termo nas
atuais discussões políticas.
Permaneço inquieto, necessitado
de resultados que não sei se virão, mas que fique o caminho andado, vejamos o
que se há de suceder.
Permaneço escritor deste blog,
que sobrevive ainda, muito mais e ainda além do que pensei que sobreviveria.
Enquanto pudermos; falo, ao menos, por mim; estaremos aqui.
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