Pós-Zumbis 2ª temporada(6)


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Problem?

Estamos a caminho, essa era a preocupante mensagem escrita na tela do celular, que logo “piscou”. A mensagem sumiu. No seu lugar apareceu a seguinte mensagem: Você vai mesmo continuar usando esta porcaria ultrapassada? Já é hora de trocar esse seu museu de mão por um Super novo celular, as funções são as mesmas, mas o design é tão mais empolgante... Monquei nem quis ler o resto. Em vez disso chamou Fronrel e Japonês:
_Temos uma situação problemática aqui.
O verme ria irritantemente, sua arcada amarela se expondo com tamanha intensidade que mais parecia uma ofensa do que um riso. Um riso estridentemente desconfortável. Fronrel sacou o revolver, que carregava desde a casa de seus pais, pressionou-o com tanta força na cabeça do Verme, que ele deu um pequeno gemido de dor, interrompendo a grotesca risada; feito isso sussurrou baixinho no ouvido do Verme, em tom ameaçador e de forma tão baixa que só os mais próximos e atentos conseguiram ouvir:
_ Você vai calar a boca, e vai calar agora, seu imundo de merda. Se você soltar mais um único riso desses seus eu te mato, mas não vai ser com um simples tiro na cabeça, não senhor, vai ter dor, vai ter sofrimento, você entendeu? Verme de merda.
O verme não tirou o sorriso da face, mas, ameaça feita, calou a boca. Japonês, aproveitando a deixa, disse em voz alta:
_ Pessoal! Não temos muito tempo, precisamos da maior organização possível, temos de ir embor...
Um dos portões cai, um grupo entra, parecia um exercito: Armas em punho, tom ameaçador e a típica cara sem expressão, tanto de emoção quanto de opinião, que o típico soldado tem. Eles abrem um corredor, entra um homem e, o acompanhando de forma bajuladora, um soldado; ele diz:
_ O que pensa estar fazendo, Japonês? Mais uma vez tentando iludir essas pobres pessoas? Você e essa sua gangzinha do mais baixo nível? Não senhores, EU lhes direi como vai ser: As saídas estão lacradas, agora teremos um diálog...
_ Não dêem ouvidos ao que ele di...
_ QUEM LHE ENSINOU ESSES MODOS GROSSEIROS, POETA K.? Não lhe disseram que quando UM FALA, o outro escuta? Bem, os que já se convenceram dessa lorota toda e quiserem o caminho de volta para suas casas e vidas, dirijam-se para a saída logo atrás de mim, lá receberão instruções e até mesmo gratificações por quaisquer ajuda que possam oferecer à investigação. Os que não se convenceram fiquem, vocês têm a MINHA GARANTIA de que não lhes farei mal, só irei lhes expor com CLA-RE-ZA a situação e vocês tirarão suas próprias conclusões, que, como creio, serão as mesma que EU TENHO.
Mecanicamente, alguns começaram a se dirigir a saída, Fronrel não conseguia acreditar, “como podem fazer isso?” A vontade que tinha não era de ter lhes convencer do contrário, a vontade que tinha era de fazer um fuzilamento público. Como podiam ser tão baixos? Era medo? Era realmente a falta de percepção das coisas? Alguns ficaram, pouco menos da metade. À saída do último “desistente”, as portas novamente se cerraram. Ato contínuo ele disse:
_ Muito bem... vocês que ficaram sabem o que estão fazendo? Sabem qual é a causa dessa luta de vocês?
Alguem dentre os que ficaram disse:
_Sim, estamos aqui pois sabemos que vocês...
_ NÃO! VOCÊS NÃO SABEM POR QUE ESTÃO AQUI! Vocês acham que sabem, acham que conhecem uma “situação”, mas na verdade estão sendo induzidos, todos vocês, por um pequeno grupo que aqui se encontra, eu lhes digo, voltem pra casa, não vale a pena morrer por bandidos.
_Certo, a lorota ta ótima, mas agora deixa eu contar uma que vocês ainda não ouviram, pessoal – Disse Fronrel – Eu estive preso, cheguei com o Monquei porque... Bem... – Lembrando-se da vergonhosa cena na Rodovia, Fronrel gagueja – Porque ele me livrou de uma enrascada, mas o ponto não é esse. Na prisão, um digníssimo idiota, Policial de Alta Patente, me contou seus planos estúpidos... Não sei bem, mas acho que ele estava crente que eu iria ser morto, coisa típica de vilão de gibi, mas isso não importa, o fato é que ele explicou o porque destes recentes acontecimentos: A zumbificação é parte do processo para instauração de uma política de manipulação, livre de empecilhos que a “democracia” ainda provoca de vez em nunca, como nós.
_ A sua imaginação é fascinante, Fronrel. – Disse o homem – Pena você ter envergado para o mundo do crime, talvez tivesse até dado um bom escritor, mas preferiu a revelia e a marginalidade à paz e tranquilidade que a vida tem a lhe oferecer, muito triste, para você não há mais salvação. Não preciso nem perguntar se você tem meios para provar o que diz, pois evidentemente não tem, não divido, inclusive, que a causa do incêndio da delegacia seja criminosa e de sua autoria. – Ele tinha uma péssima atuação de pena/conformismo nos olhos. Calou-se por um instante para dar peso à sua atuação. Drama consagrado, prosseguiu -  Não existem zumbis, caros irmãos, basta olhar lá fora. Não vejo ninguém com sangue escorrendo pelos cantos da boca, as pessoas estão seguindo suas vidas normalmente, é certo que alguns manifestam um olhar apático, mas isso pode ser mal de virose, supõe-se; hora, pode vir a acontecer, não pode? Não é bem mais plausível do que essa teoria zumbi conspiratória?
Dito isso, nem dando tempo para o argumento firmar-se nos canais auditivos dos ouvintes, Homem sacou uma pistola e a apontou para a cabeça de Fronrel, que estava na frente do grupo, lado a lado com Monquei e R., Capitaldoparaguay, Japonês, Poeta K. e Camaleão.
Sendo esta uma história dita “ação” não se espera grandes abalos na estrutura do enredo, mas como já disse anteriormente, eu descubro essa história assim como vocês leitores, e por mais que me esforce, não vejo saída para todo o grupo, de modo que alguns irão morrer, tanto dos da chamada “linha de frente” quanto daqueles que, por descuido ou falta de atenção, não foram citados.
O Homem fala:
_ Ok, é isso, os que se convenceram da farsa sigam para a porta logo atrás de mim, atravessem-na e reencontrem seus amigos, família, empregos, casas, shoppings... não há futuro para os que aqui estão.
Poeta K. da um passo a frente e vira-se para a multidão:
_ É isso, nesse momento, quanto mais tento, menos esperança vejo, nem mesmo um lampejo. Devemos sobreviver, ao menos para tentar entender, o que aqui se passa – Ao ouvir essa frase o homem dá-lhe uma olhada malévola, mas não o interrompe, afinal era exatamente o que ele queria -. Tal qual o senhor aqui disse, para os que ficarem não há esperança, não esperem de mim tal maluquice.
Todos olham com um misto de indignação e surpresa “como assim? Você?” mas aos poucos alguns aderem a sua linha de pensamento. Era isso. Era o fim.
Um grupo de 15 pessoas ganha o “corredor”. Poeta K. faz um gesto com a mão, só camaleão o entende, por serem amigos de maior proximidade, e é nesse momento que se desespera, Poeta K. não os havia traído, pelo contrário, nesse momento fazia a mais arriscada das manobras possíveis. Camaleão começa a avançar, mas já era tarde. Poeta K. se joga em cima de um dos soldados, tira-lhe uma granada do cinto, e a joga na direção dos “que ficaram” mas não com força o bastante para chegar até os ditos. O Homem é esperto, ele se esquiva e dá a ordem de fogo. Poeta K. teve a chance de disparar um único tiro com a arma do desprevenido soldado, antes de ser alvejado por balas de todos os calibres e qualidades. No meio dessa bagunça não se percebeu, mas esse único tiro disparado foi parar bem na perna do Homem, por sorte mas foi, alojou-se bem na altura da coxa.
O tempo para. Por um instante, que durou, psicologicamente, uma vida e algo mais, ninguém se meche, era simplesmente inacreditável, o cérebro se recusava a processar a informação que a imagem transmitia. O caos instaurado, soldados gritando por socorro, os sobreviventes que estavam no meio da baderna, alguns alvejados por balas, outros se protegendo, outros tentando voltar, outros tentando sair; nada disso tinha espaço no campo de pensamento, a única imagem que dominava o centro de visão era a imagem do Poeta K. alvejado por balas. Compremido contra o corpo do soldado que lhe proporcionara a granada, o seu corpo recusava-se a cair, e, por isso, as armas recusavam-se a cessar o fogo. Uma lagrima escorreu. Uma lágrima conjunta, por assim dizer, pois não ficaremos a contar, em momento tão difícil da narrativa, o número de lágrimas que se derramou.
E então... Camaleão Gritou. E só os que ouvem conhecem o grito da cólera.
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2 comentários:

  1. Ah o poeta... =C.

    Muito bom Ian!

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  2. Sacanagem, o Poeta K. não deveria ter morrido.
    Ficou mt legal, só não ficou melhor pelo ocorrido =[.

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