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O tempo vai passando, as pessoas vão sofrendo e as cores vão desbotando.
As
sirenes viram a esquina e chegam a nossos personagens. São veículos negros como
a noite e imponentes como uma guitarra Double-neck.
Deles não descem os habituais policiais com ar pachorrento que nossos
protagonistas estão acostumados a ver, descem homens engravatados. Para Fronrel
são todos a mesma ladainha. Direciona o revólver para um deles, mas é
surpreendido por uma abrupta coronhada no nariz. Eles eram rápidos,
profissionais e rápidos, profissionais, rápidos e impiedosos. Eram três. Usavam
gravatas, como já foi dito, partindo do pressuposto que gravatas são
acompanhadas de, no mínimo, uma camisa social, estes tinham a dita camisa, de
marca cara, e também ternos muito pomposos e alinhados. Tinham um cabelo
impecavelmente penteado e com uma quantidade absurdamente caricata de gel, o
que conferia ao cabelo um brilho quase futurista. Linda acabava de abater o
último zumbi. Aponta a Desert Eagle para
um dos agentes, mas é abruptamente surpreendida com um tiro na mão, que a
desarma. Choreilargado, percebendo a situação de desvantagem, limita-se a
erguer as mãos, mas mesmo assim é alvo de um golpe nos joelhos, que lhe faz
cair no chão.
_ É, não somos como os outros, não estamos aqui para
brincar – diz um outro, eles eram quase gêmeos.
_ Vocês já tiveram sua cota de diversão, agora chega
de brincadeira – diz o terceiro.
_ Vocês nos levarão até seus comparsas – impõe um
deles.
_ É, até seus comparsas – diz um outro.
_ A-G-O-R-A! – dizem os três em uníssono.
Silêncio.
Fronrel estava visivelmente preocupado, mas decide interpretar o porra louca.
Vestido o persongem, ele solta:
_ Isso é sério? Vocês realmente esperam isso? – dito
isso Fronrel solta sua gargalhada mais grotesca possível, dando a entender que
aquela era a melhor piada do universo.
A face dos três permanece inalterada. Linda olha para
Fronrel com um misto de curiosidade e incredulidade. Choreilargado está
visivelmente impressionado com a cena toda.
Em uma velocidade que nenhum dos três, os
protagonistas, percebeu, o Engravatado do meio desfere um chute na barriga de
Fronrel. A gargalhada e abruptamente pausada. Falta ar nos pulmões de Fronrel,
escorrem-lhe lágrimas pelo canto dos olhos, ele busca avidamente o ar, mas este
parece recusar-se a entrar em seu corpo. O engravatado volta a sua posição e nada
diz, é como se nem tivesse se movido. Choreilargado solta:
_ Vocês esperam mesmo que os entreguemos?
_ Não só esperamos, como obrigaremos se necessário
for – diz um deles.
_ É, obrigaremos – diz o outro.
_ Sim, se necessário for, obrigaremos. – complementa
o terceiro.
Era curiosa a forma que se olhavam quando faziam
interferências nos comentários um do outro, olhavam-se e começava a balançar a
cabeça levemente, dando a entender que estavam em um debate.
_ Vocês arriscariam a vida de inocentes para salvar
estas parcas pessoas que são seus supostos amigos? – Pergunta o que deu o chute
em Fronrel.
_ Ninguém é inocente – diz Fronrel, ainda com a voz
debilitada – se queremos um culpado para quase tudo, basta nos olharmos no espelh...
_ Pare de falar merda. – interrompe um deles.
_ É, sem falar merda, por favor. – completa o outro.
_ É, no shit
– diz o outro, em um inglês injustificável à ocasião.
_ Você irá nos dizer SIM onde estão seus comparsas,
sabe por quê? – pergunta um deles.
_ É, você sabe por quê? – completam os outros dois.
Sem dar tempo à resposta de Fronrel, um deles, eram indiferenciaveis,
completa:
_ Porque nós temos posse de duas pessoas que você
deve julgar importantes. – diz um deles.
Pela
primeira vez ele retira os óculos escuros, seus olhos são quase alvos,
desconcertantes de se olhar por muito tempo, mas mesmo a ausência dos óculos
não contribui para um olhar mais humano, a figura continua impavidamente fria.
Ele saca um tablet e da um leve toque
na tela, materializa-se uma imagem do Japonês e da Bibliotecária, ambos
amordaçados e visivelmente fatigados, a julgar pelo estado das roupas e da
própria opressão da foto, estão naquela situação há bastante tempo.
_ Filhos-da-pu...
– iria dizer Fronrel, mas é brutalmente interrompido por outro chute na boca do
estomago, que gerou toda aquela reação que está descrita parágrafos acima.
_ Sem
palavrões, por favor.
_ É, sem palavrões.
_ Nossos ouvidos não são penico, só nós podemos dizer
palavrões aqui, porra.
Fronrel desespera-se. O que fazer? Morrer ali? Da
maneira mais estúpida possível? E por tabela deixar dois companheiros à própria
sorte? Ou entregar outros tantos e ter o risco de foder com tudo? Tenta sacar
se revolver. Antes de sentir a textura do cabo de madeira, um engravatado, em
um movimento coreográfico, perfura sua mão com uma faca. Fronrel urra de dor.
Eis que Linda dispara, não a arma, mas a língua; entrega a localização, entrega
o esconderijo, entrega quantos são e o que têm para proteção. Fronrel a olha
com incredulidade, mas não a repreende, no fim, era a decisão mais sensata.
Choreilargado estava de cabeça baixa.
_ Muito bem. – diz um Deles.
_ É, parabéns. – insufla o outro.
_ Isso ai. – diz o terceiro, dando um soquinho
ridículo no ar, em sinal de aprovação.
Os carros e armamentos são deixados para os lixeiros
retirarem. Seguem algemados nos dois carros dos agentes. Choreilargado e um
engravatado em um; Ian, Linda e os outros dois no outro. Fronrel começa,
cochichando:
_ E agora? Que fare...
_ Sem conversas, por obséquio. – diz um deles.
_ É, sem tentativas de fuga. – pontua o outro.
Eis que o carro que estava com Choreilargado e o
terceiro agente acelera e alinha-se com o outro carro, ato contínuo, o agente
que pilota esse carro solta um grito pela janela:
_ É, sem conversas!
Fronrel fica visivelmente embasbacado.
Algum
tempo depois.
Chegam à fazenda. Monquei e os outros, por não terem
notícias de seus amigos, estavam de campana na varanda, a espera do retorno.
Monquei assusta-se com aquela inesperada invasão. Saca uma pistola e a aponta
para o carro.
_ A quem devo o prazer da visita! – grita ele.
_ Aos seus companheiros – diz uma voz, que não era a
de nenhum de seus companheiros, por um megafone.
_ Esta não é uma voz amiga! – retruca Monquei, ainda
empunhando a pistola.
A porta do carro se abre. Fronrel sai por ela, na
verdade, desaba por ela. Se estatela no chão como um saco de areia. Monquei
assusta-se.
_ Acabou a palhaçada. – diz a voz no megafone – solte
a arma e renda-se ou faremos coisas não tão legais com seus amiguinhos aqui.
_ Tipo o que? – arrisca Monquei, fazendo-se
indiferente.
Um braço estende-se para fora do carro portando uma
pistola, sem dar nem a típica pausa dramática dispara um tiro na coxa esquerda
de Fronrel. Um urro de dor. A bala não perfura, é de borracha.
_ Foi só um aviso, a próxima bala do pente já é
perfurante e, dependendo do local aonde pegar, pode vir a ser fatal.
R., albinati e Camaleão estão na porta da casa.
É importante explicar o estado de espanto de nossos
protagonistas. Todos eles estavam dotados de um espírito primaveril e
romancista, o que lhes conferia a ilusão de serem inatingíveis, de, por não
terem se transformado em zumbis, serem mais inteligentes e mais rápidos. Pobre
ilusão que agora se desmantela como um castelinho de areia.
Monquei abaixa a arma a contragosto. A voz do
megafone diz:
_ Que bom. Sábia escolha, agora venha obedientemente
em direção ao veículo com as mãos levantadas para cima. A ordem vale para os
outros três peraltas escondidos sob a sombra da porta.
Eles saem. São sumariamente algemados e colocados nos
carros. Camaleão tenta dizer alguma coisa, mas é respondido por uma mão na
cara, o que diz “não estamos de brincadeira”.
O carro não segue em direção ao centro, como pensou
Fronrel. Mas segue para fora da cidade, para bem longe. Agora se apercebe da
idiotice que cometeu. E se a Bibliotecária e o Japonês já estivessem mortos há
muito tempo? Que idiota ele foi, se deixou comover por uma fotografia.
_ Filhos-da-puta! Desgraçados! – começa a se mover
afoitamente dentro do carro, chacoalhando feito um débil mental. – eles já
estão mortos não é!? Vocês nos enganaram! Desgraçados! DESGRAÇADOS!
Eis que um vidro se ergue entre o banco de trás,
aonde estão nossos protagonistas, e os dois bancos da frente. O lado de trás se
sela. Um pequeno vapor começa a povoar o pequeno compartimento. Os gritos de
Fronrel tornam-se gradativamente mais apáticos e cansados, lhe é cada vez mais
difícil proferir as ofensas. Até que cai desmaiado.
Curiosamente no outro carro aconteceu simultaneamente
a mesma coisa, mas ninguém proferiu uma palavra.
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Ps: Yep, espero que tenham apreciado. Comentem!
Manda sua história pro Robert Kirkman. Quem sabe ele não incorpora algumas ideias no The Walking Dead.
ResponderExcluir:)
XD... quem sabe....
ResponderExcluirmuito bom, sem mais!
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