Pós-Zumbis 2ª temporada(4)


PARA LER OS ANTERIORES CLIQUE AQUI!

Até no fim do mundo se encontra amor...

                A crise pseudodepreciva de Fronrel já havia passado, era hora de ir. Os três entraram em seus respectivos veículos e seguiram viajem, Monquei e R. em um, Fronrel em outro. O que esses três singulares personagens nunca vão saber é que, simultaneamente, ao entrarem nos carros, pensaram a mesma coisa: Que puta sorte. Ligaram os motores. Então R. quebra o silêncio:
                _ E o que ele estava fazendo ali?
                _ Quando tiver a oportunidade, perguntarei.
                Ambos se olharam, trocaram um sorriso discreto e se deram as mãos.
                Muito embora a maioria dos escritores use artifícios como “Deux Ex Machina” quando seus personagens estão em perigo, eu posso afirmar que não faço esse tipo de coisa. “Ah, Ian, mas como é que você explica o Monquei estar ali bem no momento em que Fronrel iria morrer?”. Bem, caros leitores, peço que prestem atenção, pois é agora que as coisas ficam... “Complicadas”. Eis aqui, o relato do “Resgate de R.” e a sua ligação com esse salvamento mirabolante.

--- Algum tempo atrás... --- O RESGATE DE R. ---

                [...]A Bibliotecária estava sentada em frente ao computador. Virou o monitor para os cinco. Era a página inicial do blog deles: O Machado de Eugênio. Os posts estavam lá, nada de anormal.
                Monquei: Não sei o que diabo...
                Até que ele viu. Na Cbox, na lateral do blog, estava a mensagem “Fronrel – Relax people, estou vivo.””
                Naquela noite não tinham sono. Talvez o sangue quente da recente batalha, ou talvez a simples ausência de sono, que, por simples e pura vontade, de vez em quando nos atormenta. Japonês continuava o trabalho de salvar todo aspecto cultural possível em diversos HDs; Poeta K. e Camaleão auxiliavam a bibliotecária com os mantimentos; Monquei Pensava, não no Fronrel, não era isso que lhe preocupava, o que lhe preocupava era R.. Não sabia aonde ela poderia estar, se estava bem, se também havia sido perseguida por zumbis ou se estava intacta entre eles... eram preocupações, grandes, pelo menos em seu coração eram.
 Já era madrugada, quase quatro da manhã, quando aquele barulho vem. Luzes invadiram o local através das janelas. Eram os zumbis. Poeta K. deixa um frasco de palmitos cair no chão. Dentro da Biblioteca só silêncio, nada além. Então a Bibliotecária olha cautelosamente pela janela. Um grupo de zumbis se aproximava do local, havia um helicóptero sobrevoando a área, curiosamente o helicóptero era uma “Tevê”, tinha uma tela fixa e passava uma série de programas, hora uma novela, hora uma propaganda de cerveja, hora um programa de auditório, desses de domingo, hora um noticiário e, por fim, um símbolo, a Bibliotecária não conseguiu ver direito, pois o símbolo passava realmente muito rápido, então repetiam tudo novamente, tudo num prazo de no máximo um minuto.
De repente a janela quebra, uma granada voa para dentro da sala. “Todo mundo se abaixa!” gritou Japonês, mas, curiosamente, a granada não explodiu, pelo menos não instantaneamente; Começou a fazer ouvir-se um anúncio, um anúncio de produtos de beleza: “Compre o gel rejuvelhecedor Rejuvelhesix! Ele trará você, senhora velha e caquética, ao lindo corpinho de 19! Mas não aquele que você tinha, aquele que você GOSTARIA DE TER!” e, de repente, BUM! Ela explodiu, o impacto derrubou estantes e livros, não derrubou pessoas pois estas já estavam abaixadas. “Todos para os fundos!”.
A Biblioteca tinha uma porta que dava acesso a um lugar onde seria construído um jardim para leitura ao ar livre, mas que, por desvio de verbas, jamais chegou a ser construído. Era lamentável ter de deixar aqueles livros ali sem o menor cuidado, sem ao menos saber se continuariam ali, mas era sobrevivência, o protocolo alertava sobre carregar grandes cargas. Ao chegar lá, mais zumbis. “É gente de mais, vai ser difícil salvar todo mundo”, pensou Japonês. Então, ele grita: “HEY!! Esperem ai!”. Ele tinha de ser rápido, muito rápido, então tentou ser simples, puxou a bibliotecária e o Monquei e disse: “muita gente, não vai dar certo.” Bastou isso. A Bibliotecária disse: “Vamos ao Oscar Niemeyer, lá é isolado e ‘resistente’, depois resolvemos melhor, nos encontramos lá em 3 horas”. Monquei virou e disse: “Venham! Por aqui!” e então o Japonês falou, quase que simultaneamente: “Venham! Por aqui!” Curiosamente, a indecisão geral que pairou no ar foi de boa serventia, visto que quase a metade exata seguiu um enquanto a outra acompanhou o outro. Os que seguiram Monquei, voltaram para dentro da biblioteca e enfrentaram a porta da frente; os que foram com Japonês e a Bibliotecária, seguiram pelo jardim. Foi nesse momento que Monquei rabiscou algumas letras em um papel de guardanapo sujo de creme de bolo, e deixou a mensagem, caso o Fronrel voltasse. Partiram. Chutes, facadas e algumas balas, zumbis ao chão. Pegaram alguns carros e partiram.
                Alta velocidade. O helicóptero “tevê” estava atrás deles.
Era Noite, ultimamente parecia ser sempre noite. Seguiram em direção ao Marista. Marista era um bairro de alta classe na zona nobre da cidade, Monquei esperava que o elevado número de prédios fizesse o helicóptero ter de subir mais e, assim, os perdesse de vista. Ao passar por uma igreja, Monquei não conseguiu evitar a lembrança de R.. R. frequentava uma certa igreja, em parte porque queria, em parte pela tradição familiar, mas Monquei não pode deixar de se preocupar, pois, se sua intuição sobre a origem dos zumbis estiver certa, a Igreja não é um local muito seguro nesse momento.
Freiou o carro bruscamente, tão bruscamente que o comboio quase bateu. Desceu do carro.
_ Pessoal, serei breve, eu tenho que saber se uma pessoa que conheço, que não está conosco, está bem, algo me diz que ela pode estar em uma situação ruim. Continuem o caminho até o Centro Cultural Oscar Niemeyer, lá vocês encontrarão o restante do grupo.
Pensava em ir sozinho, mas Poeta K. e Camaleão se recusaram a deixá-lo. E assim foram, mas em dois carros, se algo acontece-se era melhor terem mais possibilidades de fulga.
Monquei foi à casa de R., ela não estava; Já era tarde da noite, a igreja que ela frequentava não poderia estar aberta até tão tarde... Algo lhe comia por dentro, Monquei estava inquieto, resolveu ir até a Igreja. Nessas horas o instinto realmente não falha, a igreja estava funcionando, estavam fazendo o que chamavam de “vigília”, que era, basicamente, passar a madrugada dentro da igreja rezando, ouvindo pregações e cantando. Monquei chegou bem no meio de uma pregação. Como detestava pregações, como eram absurdas, quase ditatoriais. Ainda não tinham dado pela sua presença, nem pela do Poeta K. ou do camaleão.
“Irmããoosss! Nesse momento de glória e louvor é que lhes digo, Agraciado com a GLÓRIA do Senhor, COM A GLÓ-RIA DO S-E-N-H-O-R, Meus Irmãããooss, é aquele que se desapega. Sabem de que, meus IRMÃÃÃOSS? Do material, SIM, MEUS I-R-M-Ã-Ã-O-O-S, a Igreja lhe da esta oportunidade DOE, doe e seja LIVRE! SIM! LIVRE! Depois, irmão, você pode, inclusive, PARA SER MAIS AGRACIADO AINDA, Convidar OUTROS IRMÃÃOOSS... para doar, SIM! ALELUIA! GLÓRIA AOS MEUS BOLS... DIGO! GLÓRIA A DEUS!!!!!”
Até agora, nesse relato, não foi descrita a transformação zumbi a partir da pessoa que a sofre. Não se sabe ao certo, pois a onisciência do narrador não é total, muito embora alguns pensem que é, pelo fato de ser “onisciência”. Mas acontece basicamente assim: A pessoa começa  ficar levemente sonolenta, tem dificuldade em manter uma linha fixa de pensamento, não se sabe porque, mas as palavras “comprar”, “consumir” e “ordens” começam a parecem demasiado sensuais, e assim a pessoa “se rende”, e é exatamente o que está ocorrendo com R. e a maioria do pessoal que está nesse momento dentro da Igreja. Monquei se deixa ser percebido, adentra o corredor principal entre as cadeiras, seguido pelo Poeta K. e Camaleão. O silêncio se estabelece, só seu ouve os passos secos que os três marcavam no corredor. Possesso, Monquei diz:
_ Caro amigo, por obséquio, CALE A MERDA DA BOCA! – Ele chega até R., ela está ajoelhada, ele se agacha ao seu lado – Amor, vamos sair daqui o mais rápido possível.
Os olhares são de perplexidade, de impotência perante a Tripla imponência que invade o espaço dito sacro.
_ Caros IR-MÃÃ-OS! Vemos aqui uma alma perdida, Uma alma que está vagando pelos vales sombrios!
_ JÁ FALEI PRA VOCÊ CALAR A POrra DA BOCA!
_ oh! MEU DEUS! Ousa Violar o Sacro lar do SENHOR?
Monquei levanta, chega tão perto do pastor que pode até sentir seu mal hálito, povoado de mentiras e ganância.
_ Idiota, se é Sacro, já é Divino.
E com essa correção gramatical ele encerra a conversa. Mas o Pastor queria mais, começou a falar novamente sobre a ousadia de invadir a casa do senhor... até que Monquei lhe da um soco na fronte, bem no nariz, e este sangra. Volta imediatamente para R., precisava tirá-la do transe, e tinha de ser rápido, os olhares, embora perplexos, eram cada vez mais ostís. Monquei levanta R. pelos braços, ela lhe olha com olhos turvos, sem perspectiva. Ele da uma leve chacoalhada nela e grita “HEY!”, então ela volta, os olhos de Monquei brilham, era o olhar de sua amada, o olhar que desejava ver e pelo qual seus pensamentos eram frequentemente tomados desde que essa poha toda havia começado. O beijo é terno e real, mas interrompido pela lamúria do pastor.
_ VEJAM! IRMÃÃaaAAaAaooOOS! Eu estava EN-GA-NA-DO! Ele não é uma alma PER-DI-DA! Ele é o DEMÔNIO EM PESSOA! QUERIDOS IRMÃOS, sabemos o que fazer com o TINHOSO que ousa invadir o Sacro lar de DEUS! PEGUEM-NO e também seus comparsas e a pobre alma que ele já ceifou.
Nesse momento monquei saca a pistola e o facão.
_ To pagando pra ver, podem vir! Como é que vocês, dia após dia na merda, continuam a ouvir esse monte de bosta falando? Deus? O que esse cara sabe de Deus? Pra ele é só mais um serviço. Ponham a mão na conciência! Vocês estão sendo manipulados!
Então fica aquele silêncio... Os zumbis, a essa altura já haviam se tornado, olharam ameaçadoramente para o pastor... Era isso, talvez ouvesse algo de racional neles... mas então, simultaneamente, todos dão de ombros, olham para Monquei, R., Poeta K. e Camaleão, e começar a grunhir e clamar por sangue em nome de Deus e coisas assim.
Eles estavam cercados, isso era ruim, muito ruim. Monquei corre em direção ao pastor, envolve seu pescoço com o próprio braço... Agora tinha um refém.
_Ok, se vocês fizerem merda, ele morre. Dialogue com eles, filho da puta, diga-lhes que se vierem você morre.
_ Não venham, ó, irmãos, as artimanhas do demônio são grandes, mas com a glória de Deus seremos sal...
O pastor desmaia, não de susto, não de medo, desmaia com o peso de um enorme murro na sua cara. Camaleão havia dado o soco.
_... PORQUÊ DIABOS VOCÊ FEZ ISSO?! – Questiona Monquei.
_ Eu não suportava mais olhar pra cara dele. – Responde Camaleão.
Os zumbis avançam. Monquei ainda não havia atirado com aquela pistola, mas percebeu que levava jeito pra coisa. 4 tiros, 4 acertos, 3 fatais. Não tinha munição extra, Japonês havia lhe dado aquela arma, mas esqueceu de lhe passar cartuchos, se é que os tinha, com isso tinha apenas seis balas, melhor guardá-las. Facão em mãos um zumbi perde o braço, o outro tem o pescoço segurado apenas por um filete de pele, um terceiro recebe a ponta do facão diretamente entre os olhos, e assim eles vão. E eles abrem caminho até a porta, tal qual o bandeirante fez quando desbravou o centro-oeste brasileiro. Os zumbis eram lentos, os trancaram dentro da igreja. Então Monquei abraça R. como tinha vontade desde que a sua aflição havia começado.
_ Você está bem, amor?
Ela não respondia, só o olhava com admiração.
_ O que foi que eu fiz pra merecer alguém tão corajoso e heróico? Vale tanto a pena assim arriscar a vida por uma simples “namorada”?
Ele a olha com um misto de seriedade e paixão.
_ Vale a pena lutar por você, vale a pena quebrar as regras por você, vale a pena se arriscar só pra ver esse seu sorriso.
Eles se beijam... Enquanto isso Poeta K. ateia fogo à igreja. Monquei interrompe o beijo assutado.
_ PORQUÊ DIABOS VOCÊ FEZ ISSO?!
_ Well... nestes momentos eufóricos, como este tal, extravasar a raiva contra o que lhe incomoda não faz mal.
De repente Monquei relaxa, realmente... Foda-se esta merda
Hora de ir embora
Monquei chama Poeta K. e Camaleão para uma “conversa rápida”:
_ Seguinte, iremos agora para o Oscar Niemeyer, eu irei parar o carro no meio do caminho, não importa o que aconteça, continuem o percurso.
E assim foram. Na metade do percurso Monquei para o carro, olha para R. com um sorriso, que ela retribui. Era o nascer do Sol, imagine que bela paisagem, imagine o clima, e irá continuar só imaginando, pois não cabe a mim invadir a privacidade dos dois para contar a vocês, curiosos leitores, os pecaminosos detalhes do ocorrido dentro do carro. Basta saber que ficaram parados até o entardecer, quando pegaram a estrada e, como já foi relatado, encontraram Fronrel.
=----------------------------------------------------------------------=
É isso ai pessoal! Espero que tenham gostado, COMENTEM!
Ps: UMIDADE NO SAARA: 15% / EM GOIÂNIA: 10%
T.T

4 comentários:

  1. desde quando sou tão violento ?? O.o
    PS:Quero morar no Saara kkkkk

    ResponderExcluir
  2. Cara, que intenso!
    Esse monquei é realmente muito virtuoso.

    ResponderExcluir
  3. eu to adorando mais a cada dia (:

    ResponderExcluir
  4. meu Deus q menina de sorte essa R. em? kkkkk

    ResponderExcluir