Eu costumo imaginar coisas.
Não, não sou louco, loucos
jamais diriam com todas as palavras verdades que resultariam em atestados
factuais. E menos ainda quero me passar por um para conseguir aprovação,
compaixão ou um visual exótico.
Mas ultimamente tenho imaginado
como seria se um vulcão cuspisse toneladas de lava e ela escorresse lavando
tudo. Imagino que o vulcão tenha o mínimo de senso histórico e uma razoável delicadeza
no tato. Se um vulcão assim, como o de Pompeia, varresse Goiânia, os acreanos
levariam três semanas para sentir a nossa falta.
Seríamos todos congelados –
paradoxal e semanticamente? Todos nós congelados às sete e meia da vigésima
quarta noite do décimo mês do décimo primeiro ano do vigésimo primeiro século
do calendário cristão. Em que posição você gostaria de ser congelado? Bem, eu ia
querer estar nu e na rede. Mas, provavelmente, estaria sentado com aquela cara
inexpressiva e fecal comendo (antes morrer queimado a morrer de fome) e
vestido, é claro.
Isso nos leva a imaginar que
arqueólogos alienígenas concluiriam que esse ser bípede e semi-racional é uma
espécie de macaco que precisa de computadores para suprir a ocasional
insuficiência de pelos, visto que a maioria dos fósseis tratasse de um animal
melancólico inclinado sobre uma máquina multifuncional.
Horas antes da apocalíptica erupção
vulcânica (operação sanitária seria um melhor nome), numa epifania digna de
Maomé e Newton, alcancei a maior dedução lógica desde Karl Marx:
“Chegamos a tal ponto nessa era
dos avanços que o sujeito não pode deixar-se quieto por alguns instantes sem
correr o risco de ser chamado depressivo.
‘Depressão: doença pós-moderna
que o humano contraiu dos macacos que residiam nos arredores de Chernobyl.’”
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