Eis ai a dificuldade que norteia o sucesso dos textos
muitas vezes escritos, e falo principalmente dos nossos. Não digo que sou um
primor em erudição ou no que concerne ao lúdico, mas sinto algo quase
fetichista pelo prolixo, pelos sinônimos de pouco uso, pelas palavras
aristocráticas, pelo que dizem culto. Naturalmente que há equívocos, e sempre
estes existirão; e há também misturas, talvez iniciando-se no lúdico,
atravessando o coloquial e terminando em um belo “puta que pariu”, mas não
consigo emular outra forma de escrita, se escrevesse de outra forma, não
escreveria o que escrevo.
E é justamente ai que se encontra o meu dilema. Para
além dos temas, será que o que faz estes textos terem um nicho tão pequeno são
os termos prolixos e as orações loquazes? Ou são somente os temas escolhidos
que não apetecem a grande plateia? Será que estão concatenadas as escolhas
vocabulares às inabaláveis estatísticas de acesso deste blog?
Admito que haja ai, também, um problema de gestão,
não somos grandes gestores. Ou melhor, até seriamos, se não fossemos tão francos,
simples e preguiçosos. Mas talvez, mesmo que o Eike Batista se propusesse a nos
gestar, ainda sim a coisa não chegasse ao mainstream.
Não estou desmerecendo em momento algum os leitores
que nos acompanham, por eles tenho grande estima e respeito e me esforço para
não perder sequer um deles (até porque perder um já seria um desfalque enorme).
Acho que para além do que já foi dito, talvez a maior
parte das pessoas não se interessem por nós por não xingarmos tanto as pessoas
famosas ou quase não falarmos tão efusivamente que a culpa da desgraça humana é
o sertanejo universitário e o funk. Olhemos à sociedade e veremos, em grande
medida, aqueles que engolem tudo e aqueles que acham que estão certos por dizerem
que o que é majoritário é uma bosta. Mas o que vemos menos são aqueles que
fazem uma reflexão quase desprovida de preconceitos, uma reflexão menos
partidária e mais epistemológica, e não quero aqui dizer que sou um destes, não
ouso tal pretensão.
Mas, enfim, creio que me desviei por caminhos que
fugiram à reflexão original.
Sabendo-se que nunca a falha decorre de um único motivo,
falo deste caso, qual é a causa maior? Má gestão? Temas pouco atrativos? Ou
vocabulários demasiado mumificados? Aquele copo de Whisky? O coração que se recusa a bater no último instante? A ferida Mal curada? A dor já envelhecida? O câncer já espalhado?
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Ps: Algumas destas indagações finais são um trecho da música "Canto Para a Minha Morte", de Raul Seixas.
Seus textos sempre predispõe uma expectativa em relação a crítica e o conteúdo. Sua escrita é interessante principalmente por causa do seu vocabulário, eu também sou desses que procura sempre os sinônimos menos comumente usados para usar.
ResponderExcluirNão que deve abaixar o nível de complexidade deles, pois se for pra ler algo comum posso procurar em qualquer lugar, além deles serem uma oportunidade para aprender.
Acho um pouco natural o público de vocês ser reduzido, pois ninguém quer parar a rolagem do Facebook pra ler, pensar e refletir um pouco. Ou talvez seja preguiça mesmo, o que dá no mesmo.
Só peço que não tornem esse espaço algo comercial. Isso seria lamentável.
vlw, Vinnycius. Comerciais NEVER! rsrsrsr
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