Creio que uma das maiores mentiras que se ouve no
cotidiano da convivência é a expressão “só me arrependo daquilo que não fiz”. Provoca-me
simultaneamente o riso e a perturbação. Fico na dúvida de saber se quem profere
tal frase de fato crê nela, ou se simplesmente se engana em um orgulho atávico
que lha impede de assumir uma das maiores consequências do humano, o erro. O
erro, fatal, inerente, intermitente, concatenado ao Homem.
Pobre iludido, em minha opinião, aquele que profere
conscientemente tamanho absurdo. Frase orgulhosa, leitmotiv (intrínseco, claro
está, pois é a ideia da frase e não a frase em si) da perpetuação dos erros e
dos diversos relacionamentos, tanto amizades quanto amores, rompidos. O
engraçado é abdicarmos de tal pensamento nos momentos em que nos é conveniente
apenas. Ocasionalmente, quando admitimos equívocos, em grande parte não o
fazemos por de fato termos refletido e estarmos intencionados em evolução, mas
sim para atenuarmos alguma punição ou eximirmo-nos de culpa, ou seja, tentamos
atenuar o erro, não deixar de fazê-lo. Queremos apenas que ele seja visto de
forma mais branda, não queremos eliminá-lo. Assumimos o erro para poder
continuar a cometê-lo, e conscientemente na grande parte dos casos, livremente.
A premissa do “errar é humano” descaracteriza-se em liberdade para que possamos
cometer atrocidades diversas.
Se errar é humano, como diz a célebre frase, crer que
não erramos, e que por isso não nos arrependemos de nada que fizemos, é nos dizermos não humanos. Mas se errar é humano, devemos nós também, por obrigação, não
admitirmos o nosso erro de forma tão branda, como se o costume do perdão fosse
um coringa toda vez pronto a erguer-se para nos eximir da culpa. Não devemos
aqui começar a erguer o dedo inquisitório na cara do vizinho dizendo VOCÊ
ERROU! Mas devemos FRANCAMENTE e COM DISPOSIÇÃO PARA REVISÃO, rever nossos atos
maculados.
Talvez a conclusão que se chegue é que, em grande
parte dos casos, quem profere “só me arrependo daquilo que não fiz” sabe perfeitamente
que errou, mas está tão acostumado a se eximir da culpa pela premissa do erro
como humano, mesmo que inconscientemente, que já não se arrepende de ter
errado, mesmo que o erro tenha sido grave, mesmo que tenha lhe custado algo ou
alguém.
E os leitores, que acham?
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Ps: Gostaria de deixar meus mais felizes cumprimentos ao nosso redator, Alisson! Pelo seu aniversário! (08/06)
Parabéns! Que muitos sigam este!
Ps: Gostaria de deixar meus mais felizes cumprimentos ao nosso redator, Alisson! Pelo seu aniversário! (08/06)
Parabéns! Que muitos sigam este!
Valeu manim!
ResponderExcluir***
Às vezes cometemos erros tão idiotas, mas que na hora não percebemos o quão idiota estupido era, que na hora do relato ele acaba se engrandecendo ou se abrandando devido ao medo que temos do julgamento alheio...