Eu queria ir morar no lado escuro da lua.
Como o Ian narrou no post de ontem, eu, ele e o Assunção fomos assaltados. O Pedro foi covardemente atacado pelas costas e, fora as perdas de bens, todos fomos humilhados; o pior foi ver o rosto ensanguentado do meu amigo.
E então, como pode ser essa a sociedade das facilidades, da informação, das possibilidades, dos confortos, da evolução e das políticas humanitárias, se um sujeito (três, na verdade, o que é ainda mais revoltante, a ousadia dos marginais é revoltante) não pode se deslocar livremente, numa curtíssima distância, para almoçar às duas horas da tarde! Eu devo ficar refém de uns bandidinhos e mudar minha rotina, abdicar cada vez mais de pequenas coisas porque o Estado e a polícia não são capazes de conter essas monstruosidades?
Mas, se pensarmos bem, isso já acontece em todos os cantos das vidas de todos nós. São grades cada vez mais altas, cercas elétricas, placas ameaçadoras, pura e plena desconfiança e muros, grandes muros que se portam entre nossas clausuras e o restante de um mundo hostil.
Ainda tenho que ouvir gente dizer que o Brasil devia investir em tecnologia atômica, usinas e bombas nucleares! Enquanto esses marginais, drogados e vagabundos matam e morrem num ritmo alucinante? Isso é realmente responsabilidade dos governos; não que eu esteja jogando toda a culpa nas mãos dos homens no poder e considerando a política um universo distante, é justamente o contrário: nós devemos escolher pessoas capazes de zelar do nosso país e elas nunca vão passar de reflexos de nós mesmos. Agora, nada além de educação e cuidado com os jovens devia ser prioridade por aqui. Enquanto não for, assaltos permanecerão como coisas corriqueiras.
E é por isso que quero morar no lado escuro da lua. Lá, provavelmente, não vou precisar me esconder da luz do dia, não vou precisar me trancar, nem enfiar minha cabeça num buraco hermético, não vou precisar deixar de almoçar, nem de beber café, e não vou precisar parar de viver parar poder viver.
Nem toda a vulnerabilidade da falta de uma camada de ozônio, de uma atmosfera, se compara às desgraças a que estamos sujeitos nesse mundo. Pode ser que as pessoas não sejam assim tão ruins de nascimento, a sociedade as corrompe; mas quem, então, corrompeu a sociedade?
É como diz aquela música (essa que vai aí embaixo): As pessoas para quem você mente devem confiar em você, porque, quando elas lhe derem as costas, você terá a chance de enfiar-lhes a faca!
You know, it's going to get harder, and harder, and harder as you get older
And in the end you'll pack up and fly down south, hide your head in the sand
Just another sad old man, all alone and dying of cancer
P.S. Não vi o eclipse, uma pena, realmente.
P.S.2 Amanhã (18/06) tem festa junina no nosso colégio, o Jesus Maria e José. Considerem-se convidados.
concordo com vc, tive que mudar minha trajetoria pois fui assaltado ao lado do meu condominio, tenho que pegar um caminho maior pra vir do meu curso de ingles, sem contar o trauma que ficou ,desde 2008 se vejo uma moto passando por mim fico assustado...
ResponderExcluirNão sei se isso é possível, mas se cada um que é roubado, assaltado, humilhado por bandidos, ladrões, se cada um de nós entrarmos com um processo contra o estado afinal, o estado é o responsável pela segurança publica. Será que isso daria certo para forçar que os investimentos em segurança deixem de ser só uma falácia?
ResponderExcluirAbraço e minha solidáriedade!
O máximo que o Estado vai fazer é te mandar um joinha.
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