Você já se perguntou, alguma vez, como é que seriam as coisas se tivessem sido diferentes? Onde é que você estaria se tivesse feito de forma diferente algumas escolhas, ou se o mundo as tomasse de outro jeito?
Imagine a seguinte situação: uma garota toma o ônibus a caminho de um sebo, onde compraria um livro antigo que havia muito tempo namorava na vitrine; absorta em seus pensamentos, nem percebe que a música que passa em seus fones de ouvido era uma que baixou errado, mas que nunca se lembrou de excluir; um homem sobe pouco tempo depois e, ao passar pela garota, espirra sem o mínimo pudor; aqueles respingos se atiram na mão da menina, que se vira e, ao ver de onde vinham as gotículas, um homem velho de nariz muito protuberante e vermelho, esfrega a mão no jeans e se sacode toda, lembrando ainda de apertar o botão “seguinte” e ir à música que dizia “Estranhos indo pela rua, por acaso dois olhares distantes se unem...”; a música comprida, de vinte minutos, toma completamente a atenção da garota, que, só depois de vários minutos após ter visto uma mulher com um cachorrinho na mão e uma sacola cheia de grossos livros na outra, se dá conta de que deveria ter descido dois pontos atrás e teria de andar um penoso caminho na direção contrária; finalmente salta, mas assim que joga seus pés para frente por poucos segundos, sente sua bolsa ser arrancada do seu braço por um sujeito que corre em disparada pela viela mais próxima; fica atônita, sobressaltada, e, quando recobra seu inteiro controle, nota que está sendo escoltada para dentro de uma cafeteria; sentam-se, ela e sua escolta, um rapaz moreno e franzininho, numa das mesas e ele traz na mão um copo de água; a menina se acalma, usa o celular do outro para ligar para a mãe e se vai, não sem antes anotar um nome e um número de telefone, com prenúncios de vários sorrisos.
Agora imagine que o homem narigudo tenha demorado cinco imperceptíveis segundos a mais para espirrar. A garota nunca mudou a música que ia por seus fones de ouvido, desceu no exato local onde andaria pouquíssimo até chegar ao sebo, entrou e comprou o que desejava, saiu da loja e topou com um moleque que corria descontrolado com o que parecia uma carteira na mão, foi até a calçada oposta e esperou pelo seu segundo ônibus. Várias noites se passariam, enquanto ela lia e sentia uma inexplicável saudade de algo que não nunca tivera e nem mesmo sabia o que era.
Talvez seja essa a sensação que se sente de vez em quando. E, em pelo menos um dos universos que existem, Jesus não virou um mártir e todos nós somos judeus. Em outro, os socialistas venceram a guerra fria e eu vivo num lugar que se chama Oceania, a casa do grande irmão. Em outro ainda, já morremos todos. Você já se perguntou sobre essas coisas?
Já sim, e isso é irritantemente estranho. Você fica imaginando: " ah, se eu não tivesse feito isso ... isso não aconteceria" ou o contrário. Pensar nisso me faz perceber o quanto as coisas são complexas e misteriosas; ah, eu to surtano agora.
ResponderExcluirEchoes....
ResponderExcluirAlém dos universos paralelos tem outra teoria que me chama atenção...
ResponderExcluirDe que o tempo não existe. Passado, presente e futuro coexistem. Nossa consciência é que cria esse estado padrão de "linha reta de vivência".
Por que essa história se passa em um ônibus?
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkk
É sempre interessante pensar isso... Vamos longe sem sair do lugar.
Talvez quando entrarmos em um buraco negro conheceremos algum destes outros maravilhosos, ou não, universos...
Mas até lá; Carpe Diem! =P
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCara, isso realmente é uma das indagações mais fodásticas do planeta!
ResponderExcluirMe sinto impotente, ao mesmo tempo que podemos criar várias e várias hipóteses, explicações, teorias e nada explicaria nada!
Até na Caverna do Dragão eles falam sobre isso, no episódio que o Vingador quer entregar um caça para o soldado alemão, no lugar do teco-teco dele... ahuahauh