O Sexo


                Em demasia estimado, demasiado incompreendido. Àqueles que recatados se postam, é motivo de corar as maçãs do rosto, àqueles mais libertinos é leitmotiv para longas conversas e chacotas, muitas vezes mentirosas e interesseiras.
                Sexo, das coisas mais bonitas que a vida tem, talvez seja, paradoxalmente, uma das mais feias; digo no Homem, claro está, basta filmar a si e a outra fazendo para saber. Dois corpos desengonçados a cavalgarem-se, a transpirar, a lamber, a morder, a gemer. É, ponto para os recatados. Mas é também uma das sensações mais indescritíveis, talvez o contato mundano mais próximo do divino. É exercício que contrai os músculos para relaxar o cerne.
                Sexo. Existem aqueles que o fazem por “esporte”, existem aqueles que fazem por amor. E os dois tem sua beleza, mas talvez a segunda modalidade ganhe em elevação espiritual, enquanto a primeira se limite aos anseios da carne. Ambos têm seus momentos, mas poderia eu dizer que um é evolução do outro, e nem preciso especificar a ordem.
                O sexo, ato condenado, ato cobiçado. Sublime e profano. Existem aqueles que só o fazem de luzes apagadas, para que não se contemple um e outro a vergonha do par, que pode estar tanto nas expressões do rosto quanto nas formas do corpo. E existem aqueles que só se satisfazem se estiverem a ver em plena composição a outra metade.
                Sexo, ato que um de tal deus deu para que “nos multiplicássemos”, e hoje lho usamos para multiplicar os sorrisos e os prazeres muito mais que para multiplicarmos gente.
                Sexo, eu tenho o meu, ela tem o dela, e usamo-los para fazer um sexo só.
                Sexo, alguns não veem nada de mais em falar sobre, outros acham absurdo e impróprio.
                Sexo, até as baratas fazem, e mesmo assim não vemos nada de mais em fazê-lo. Claro está que temos razões diferentes para.
                Ainda um assunto místico na sociedade, ainda um motivo de ostentação, seja pelo par com quem faz, seja pelos dotes naturais que tem, seja pelas experiências que já guarda na memória. Por algum motivo alguns parecem ter mais interesse em contar o que fizeram durante o sexo do fazer o sexo propriamente, mas são males do homem, perdoemo-nos a nós mesmos.
                Sexo. Por mais que se faça, não se enjoa.
                Sexo, cordas que a natureza usa para nos puxar. Libido, vontade, ela te pega pelo sexo, torce e direciona como um leme: Aponta aonde ir, aponta aonde colocar. Pobre de nós homens, que por um x de hormônios somos guiados, mas sortudos também, porque assim tudo se dá de maneira mais fácil.
                Sexo, ainda hoje assunto em muitos lugares proibido. Nem sei por que, para ser honesto. Existem diversos momentos que se dão entre duas pessoas, o sexo é mais um deles. Todos têm sexo, todos nascem com um, uma grande maioria anseia por usá-lo seja com quem for. Uma grande maioria lho usa. Uma grande maioria lho faz. Não entendo tamanho medo ao falar disso. Não entendo tamanha ofensa em falar de um ato que tanto tem a oferecer ao homem. O sexo é das terapias mais eficientes, acalma os ânimos, equilibra o stress, relaxa e faz suar. E dá prazer.
                (se você não tiver síndrome pós-coito).

Um comentário:

  1. Tabu que atravessa gerações e que perdura até hoje.
    E mesmo quando falado é trazido um tom de deboche e esportiva, na brincadeira para se auto eleger e arrancar risos, ou se não quando falado num tom sério, lhe vem como tentativa de um papo de especialista de forma a lhe constranger e querer mudar rapidamente de assunto, concordando com tudo de forma mais séria ainda.

    Tanto a violência quanto a nudez consegue elevar a censura de um filme, mas lhe é mais comum e permissivo quando é sobre violência gratuita (coisa incomum a vida e que deve ser evitada) do que quando nudez (a coisa mais comum e natural do mundo, da natureza e do humano).

    Sexo! Assunto que fere a moral da sociedade. Sociedade que te fere moralmente com tal assunto.

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