Neste domingo, venho prestar uma singela homenagem a um dos maiores, senão o maior, escritores da Língua Portuguesa: José Saramago.
“Fiz-me a pergunta: e se fôssemos todos cegos? E no momento seguinte eu logo me respondi que estávamos mesmo todos cegos da razão. Tem explicação, mas não tem justificação (...) Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.” (Ensaio Sobre Cegueira)
"Aprendi neste ofício que os que mandam não só não se detêm diante do que nós chamamos absurdos, como se servem deles para entorpecer as consciências e aniquilar a razão."(Ensaio Sobre Lucidez)
“Dizemos aos confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer-se a si mesmo não fosse a quinta e mais dificultosa operação das aritméticas humanas, dizemos aos abúlicos, Querer é poder, como se as realidades bestiais do mundo não se divertissem a inverter todos os dias a posição relativa dos verbos, dizemos aos indecisos, Começar pelo princípio, como se esse princípio fosse a ponta sempre visível de um fio mal enrolado que bastasse puxar e ir puxando até chegarmos à outra ponta, a do fim, e como se, entre a primeira e a segunda, tivéssemos tido nas mãos uma linha lisa e contínua em que não havia sido preciso desfazer nós nem desenredar estrangulamentos, coisa impossível de acontecer na vida dos novelos e, se uma outra frase de efeito é permitida, nos novelos da vida.”( A Caverna)
“Há também quem diga que, para nós, é uma grande sorte que Deus não queira aparecer-nos por aí, porque o pavor que temos da morte seria como uma brincadeira de crianças, ao lado do susto que apanharíamos se tal acontecesse. Enfim de Deus e da morte não se têm contado senão histórias...”(As Intermitências da Morte)
“Tanto é o que precisamos de lançar culpas a algo distante quando o que nos faltou foi a coragem de encarar o que estava na nossa frente.” / “Não se pode exigir a toda a gente que seja sensata, Por isso o mundo está como está.” ( O Homem Duplicado)
“Sendo Deus, tens de saber tudo, Até um certo ponto, só até certo ponto, Que ponto, O ponto em que começa a ser interessante fazer de conta que ignoro.” / "Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez." (O Evangélio Segundo Jesus Cristo)
"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."(José Saramago)
Entrevista de Saramago a Folha de São Paulo.
“Tanto é o que precisamos de lançar culpas a algo distante quando o que nos faltou foi a coragem de encarar o que estava na nossa frente.”
ResponderExcluirpreciso muito ler esse livro!
Realmente, foi um grande gênio, que se utilizou de uma das mais belas línguas do planeta (o português).
ResponderExcluirPena ter morrido tão recentemente =/