Pós-Zumbis 3ª temporada (5)

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                Choreilargado está de arma empunhada, Linda o segue de perto; ainda não saíram do cômodo.
                _ Tem gente demais lá fora. – diz Choreilargado.
                _ ¬¬.
                Linda retira a arma das mãos de Choreilargado e toma a frente. Espia o exterior discretamente. Embora a movimentação fosse grande, ninguém lhes parecia dar grande importância.
                Exatamente de frente a eles havia uma porta, estava entreaberta. Linda corre e adentra a sala. Ao empurrar a porta, esta esbarra em alguém que jazia lá dentro, era alguém que não conheciam. Este assusta-se com a repentina agressão e vira-se afoito; Linda chuta-lhe a face, fazendo o sangue lhe correr pelo nariz. Ele intenta fazer algum alarde sonoro, um grito, talvez, o que provavelmente seja a reação mais instintiva, mas Linda é impávida, aponta-lha a pistola de forma tal que nem precisou pedir que ele não fizesse nenhuma bobagem.
                Deste modo, subseguindo a cadeia de eventos, Choreilargado também corre para a sala, passa despercebido, ou ao menos é o que parece; fecha a porta atrás de si. A sala escurece. Tenteia procurando algum interruptor, ou mesmo uma alavanca, que é o que combinaria mais com aquele local grotesco, mas nada encontra.
                _ Merda. – diz Choreilargado, já sacando o isqueiro do bolso.
                O isqueiro que Choreilargado portava era destes de querosene e pavio, que uma vez aceso só se apaga ao ser fechado; gravado na lateral dele havia um revolver com uma rosa enroscada. Choreilargado acende o isqueiro e o ergue à altura do rosto. Era uma sala de armas.
                É importante fazer menção e críticas ao bom senso de quem colocou prisioneiros em sala tão próxima à sala de armas, mas deixo isso por conta de vocês, leitores.
                Não havia muito, somente algumas pistolas, mas havia algo interessante. Choreilargado esboça um sorriso, pega duas unidades, “é suficiente”, pensa ele.
                O item em questão trata-se de um poderio bélico considerável, trata-se de duas granadas de mão.
* É importante dizer que mais uma vez a malévola, mas inevitável, omnipresença da morte paira sobre a cabeça de nossos heróis, assim como ocorreu com o grande Poeta K., que Deus o tenha, parece que desta vez mais um dos nossos terá de dizer adeus a estas páginas cansadas, mas não nos apressemos.*
                Como estava sendo dito, Choreilargado agora portava duas granadas. Sorrateiramente abre a porta que os devolveria ao corredor, não tendo outros meios de prosseguir a não ser sair ou permanecer inerte, Choreilargado sai. Linda o segue, cobrindo-lhe na possibilidade de inesperadas aparições. Assim seguem.
***
                O alvoroço era atípico, assim sendo, Camaleão, Albinati e R. gritavam, na expectativa de que lhes dissessem o que se sucedia.
***
                Choreilargado e Linda passavam por diversos rostos assustados, que pareciam o mesmo. Até agora não haviam encontrado nenhum engravatado ou coisa do gênero. Passam por uma porta e então ouvem um grito abafado, um grito abafado pela espessura das paredes de Betão que os cercavam. A porta é demasiado grossa, não seria arrombada. Linda propõe que usem uma granada, Choreilargado a tira de ideia falando-lhe dos riscos de se explodir um dispositivo destes em um local tão fechado. Voltam. Vão até a sala de onde vieram, voltam rápido, agora que percebem que, se as pessoas ao seu redor sabiam que eram, não davam a mínima.
                Revistam os bolsos do seu carcereiro, aquele de quem tiraram a arma. Acham um cartão de identificação, provavelmente aquilo lhes proveria acesso à sala de onde vinham os gritos aveludados pelo abafo.
                Voltam à sala. Lá chegando inserem o cartão no dispositivo de leitura. A porta se abre. Lá estavam Camaleão, Albinati e R.
                _ Temos que sair, temos que sair rápido, tem algo acontecendo. – diz Linda.
                _ Não sem Fronrel e Monquei. – diz R., mais pensando no segundo que no primeiro.
                Saem em disparada, abrindo diversas portas. Uma, duas, três, nada, quarta, quinta, aquele lugar era gigantesco, sexta, sétima, oitava, nona... Nossos heróis não sabem, mas a nona sala era justamente a sala onde se encontrava Monquei, mas esta estava vazia, Monquei não estava lá.
                Já desistindo da empreitada, nossos heróis chegam à décima nona sala, abrem a porta. A sala está escura. Baixinho toca uma música, uma música deverasmente irritante. Choreilargado já dá de ombros e vira as costas indo em direção à próxima porta, o faz por pensar que: “se o Fronrel estivesse nessa sala, com esta música tocando, estaria gritando e chutando feito um boçal.” Mas Linda interrompe suas certezas com um forte puxão no braço, ele pergunta “o que é”, ela está muda, não diz nada, apenas levanta tremulamente o braço, apontando para o canto mais longínquo da sala.
                Lá estava Fronrel.
                À medida que os olhos se habituavam ao escuro, a imagem tornava-se mais nítida e menos crível, em proporção geométrica.
                Era Fronrel, com seu casaco estilo blazer habitual, com suas calças extravagantes e com sua figura de sempre, mas seu olhar não era o de Fronrel, não era nem a sombra daquele olhar de outrora, mesmo sob a ausência de luz a diferença era palpável. Agora ele tinha o olhar de um retardado. As vistas distantes, a baba escorrendo-lhe pelo canto da boca, os movimentos aleatórios e involuntários que sua mão esquerda proferia, os tiques na perna direita...
                _ Fronrel. – diz Albinati, com a voz trêmula.
                Fronrel levanta a fronte, parecia reconhecer este nome “fronrel”, em algum lugar muito distante de sua mente conseguia se lembrar de algo relacionado a isso. Torna a abaixar a cabeça. Uma lágrima borra o cândido retrato que é o rosto de albinati, seguida de algumas outras. Choreilargado toma a frente, agaixa-se na frente de Fronrel, que olha-lhe com o vazio que tem nos olhos. Choreilargado desfere-lhe um tapa tão forte na face que sua mão doe. Fronrel limita-se a cair de lado com uma risada medonha escorrendo-lhe da boca e sua baba indo de encontro ao chão. A incredulidade era geral.
                Silêncio. Um alarme começa a soar.

P.R.O.T.O.C.O.L.O..A.T.I.V.A.D.O.
E.V.A.C.U.E.M..O..P.R.É.D.I.O..D.E..I.M.E.D.I.A.T.O.
T.E.M.P.O..R.E.S.T.A.N.T.E..: 3.0..M.I.N.U.T.O.S.

                Luzes vermelhas começam a piscar dentro de toda a construção.
                Camaleão corre, pega Fronrel, que parecia um peso morto, joga-o nas costas e diz:
                _ Resolvemos isto depois.
                Saem em disparada.
                _ Temos que achar o Monquei. – diz R.
                _ Já olhamos todas as salas deste andar, só haviam dezenove. – diz Linda.
                Sobem um lance de escadas, aparentemente estavam no subterrâneo.
                Agora ficava explicado todo aquele alvoroço. Algo de ruim aquela voz mecânica prenunciava. Um protocolo ativado em paralelo com diversas pessoas se movendo sem dar a mínima atenção ao redor... esta cena pode facilmente ser interpretada como problema.
                Chegam ao próximo andar. Vasculham algumas salas, todas mais ou menos semelhantes a do andar inferior, excetuando-se uma, que parecia um grande auditório, mas com apenas uma cadeira, uma cadeira que parecia destas de barbeiro, só que com diversas amarras e um capacete. Não havia ninguém, portanto seguiram em frente.

T.E.M.P.O..R.E.S.T.A.N.T.E..: 2.5..M.I.N.U.T.O.S.

                O desespero crescia em R., e se não o encontrassem a tempo? E se o ininterrompível relógio impiedoso lhes obrigasse a abandonar a busca em detrimento à sobrevivência?
                Seguem vasculhando as salas. Nada. Mais um andar acima.
                Seguem andando e andando e andando. Passam por uma sala, esta não era uma sala de prisioneiros, parecia uma sala administrativa, pois tinha uma discreta mesa, uma escrivaninha e uma singela estante com poucos livros empoeirados... mas o que chamou a atenção de R. foi o que ela viu em cima da mesa. Um óculos, um óculos conhecido, os olhos de Monquei. Ela para, os olha, pondera as possibilidades, o desequilibro emocional infere sobre seus cálculos.
                _ NÃO TEMOS TEMPO! – diz Linda.
                R. “desperta”, pega rapidamente os óculos e seguem caminho. Mais um jogo de escadas.

T.E.M.P.O..R.E.S.T.A.N.T.E..: 1.5..M.I.N.U.T.O.S.

                Agora, além das luzes vermelhas, sirenes desatavam a tocar. Um barulho infernal que intermitentemente sedia espaço para um aviso de presença de pessoas no interior do prédio. Choreilargado assimilava algumas peculiaridades, a começar pelo fato de não terem visto um único Engravatado para lhes impedir o caminho. Não havia tempo para isso agora, eles eram rápidos, mas Choreilargado tinha uma pistola e isto lhe deixava confortável.
                Mais um lance de escadas. Neste andar, consideravelmente menor que os outros, o alvoroço era intolerável. Um sem fim de pessoas se espremia por um corredor que levava a uma única porta, uma porta dupla que estava lacrada e que nosso grupo de heróis presumiu, e corretamente, ser a saída.
                _ ESTÁ TRANCADA. – gritava uma voz na multidão.
                _ FOMOS ENGANADOS. – gritava outro.
                O desespero era tocável. Choreilargado dá um grito:
                _ HEY!!! ABRAM ESPAÇO, EU TENHO UMA GRANADA!
                Silêncio.
                De repente, a mais espontânea das gargalhadas ecoa, era como se toda a multidão fosse uma única voz.
                _ GRANADA!? Seria preciso o arsenal de demolição de um prédio de 60 andares para causar algum dano a estas estruturas, caro amigo. – diz uma voz que poderia ser descrita como a descrença em som.

T.E.M.P.O..R.E.S.T.A.N.T.E..: 0.5..M.I.N.U.T.O.S.

Um comentário:

  1. aaaaaaaah não Ian! Sabe muito bem fazer isso de me deixar curiosissima e ainda parece que matou mais alguém. Vou dar um ataque de ansiedade

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