Desafio "Narrativa Retalhada" - 1/5

     Olá leitores,
     Hoje nós do Machado de Eugênio estamos nos ingressando num complexo desafio e iremos contar a história de Grégore Trevor. Espero que gostem!
     Mas antes de iniciarmos vou esclarecer o desafio: A proposta é de produzir uma descontinua narrativa em cinco partes, sendo cada parte escrita por um autor diferente. Para isso incumbimos a um convidado especial a dar inicio a esta bagaça toda, que é ninguém menos que J.V. Leão, mais conhecido por Jimmy. Para quem quiser conhecer mais o seu trabalho clique aqui: Hadron Design. Agora, seguindo uma ordem de sorteio, Kaito Campos, nosso escritor e desenhista, terá que dar uma continuidade a esta estoria de onde Jimmy parou, eu, Alisson Rodrigues, terei então que dar sequencia a partir dos escritos de Kaito, em seguida Ian Caetano fará o mesmo dando continuidade e Marco Aurélio Faleiro finalizará amarrando todas as pontas e nos surpreendendo com um grande final.
     A cada domingo sairá mais uma parte da saga de Grégore Trevor (personagem fictício criado por Jimmy), podendo esta história tomar rumos inimagináveis e sendo descrita de maneiras bem distintas, e não importa o quão estranho e sem nexo acabe a narrativa daquela semana, o autor da semana subsequente terá que utilizar de toda sua criatividade para continuar aquilo de forma que faça sentido. Será que teremos jacarés em esgotos? Fantasmas? E.T.s? O fantasma de um jacaré de esgoto de outro planeta chefe de uma gangue que baleará Grégore por acidente? Terror? Romance? Suspense? Erotismo? Comédia? ... 
     Assim, como uma colcha de retalhos iremos parir uma história! Divertam-se!
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Grégore Trevor

     Eu então acordei bem cedo, pelas condições climáticas podia-se deduzir isto. Talvez o cheiro de pão recém assado e café requentado denunciassem também. Estava difícil identificar o lugar, havia uma neblina densa, que tomava todo o ambiente. Uma neblina de um branco intenso, só não mais intenso devido ao fato de estar realmente muito cedo. O que eu poderia sugerir é que eu estava em um banco de alguma praça de algum lugar bem arborizado. Eu sentia cada viga de madeira, cinco no total, três no assento e duas no encosto.
     Alguém me deixou ali, não tenho dúvida.
     — Aiii... — Se eu ao menos conseguisse me lembrar. Já estava recobrando o raciocínio, muito lentamente, diga-se de passagem, mas as engrenagens do meu cérebro pareceram ter descoberto seu ritmo. Sim, pois, a força necessária para tirar um corpo da condição estática é bem maior que a empregada quando ele já está em movimento. Como sei disso? Talvez eu seja um professor de matemática.
     O problema é que, junto com a memória, vêm as demais funcionalidades do corpo; a fome, a dor, a sede a fome, a vontade de ir ao banheiro...
     — Quantas horas? — Que estranho não consigo me mover. Tentei sem sucesso erguer o meu pulso rumo a minha cabeça. Sinto algo envolto no meu pulso, tenho quase certeza que deve ser um relógio. Droga! Eu quero simplesmente levantar o meu pulso! Se fosse algum envenenamento ou utilização de psicotrópicos haveria algum outro sintoma (uma dor localizada ou uma fumigação/ardência...
     Algum tempo se passou, enquanto fiquei tentando, músculo a músculo, me movimentar. De repente passaram várias ideias e hipóteses na minha cabeça Seria eu Uma Estátua? — Então, elas tem consciência! Que descoberta incrível. O mundo deveria saber disto. Não haveria mais pichações, deveria-se fundar uma sociedade protetora das estátuas.
     — Pára Gregore! Você está ficando louco.
     Grégore? Então este era o meu nome. Você não sabe o vazio que é para uma pessoa não lembrar quem é. Mas não sei por que, não estava desesperado, algo em mim me acalmava, e eu tinha a impressão de que não tinha algo muito bom sobre a minha história. Bem, agora eu deveria esperar pelas próximas pistas do meu subconsciente...
     O Sol começava a subir, era possível sentir o calor suave que se projetava sobre o meu rosto, e sobre o meu corpo. Tinha que sair dalí! Tive então uma ideia maluca, resolvi usar a gravidade ao meu favor, Agora que a neblina ia evanescendo era possível ver os contornos da Igreja da Praça da Matriz e, ao lado a Padaria, que já fazia meu estômago roncar. Projetei meu corpo para o lado, com a intenção de cair mesmo. Quem sabe, alguma boa e caridosa alma se compadecesse.
     Deu certo, com um impulso que não sei de onde tirei. Senti o baque, e a maciez da grama. Mas a queda foi dura, é muito estranha esta sensação de se “deixar cair” em uma situação normal jamais faria isso. Após a queda senti que algo se desprendia das minhas costas, e, em pagamento pela dor que senti, física e moralmente, eu ganhei um presente.
     Consegui me mover.
     ...
Jimmy Leão 

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