Há um consenso sobre certo e errado consoante às
culturas. Para a maioria de nós a pena de morte é errada, mas nos EUA ela é
certa, por exemplo. Mas até onde está nosso direito de, se tivermos poder para
tal, intervir?
Faço essa pergunta por pensar em um ponto específico
do globo: o Oriente Médio. Creio que muito do que sabemos daquelas terras é
distorcido e tendencioso, mas também creio serem verídicos os relatos sobre a
forma como a mulher é tratada na cultura deste povo. E também sabemos serem verídicas as
intervenções das nações unidas (mais precisamente dos EUA) na vida destes
povos. Claro que a última intenção norte americana é dar lições sobre direitos
humanos, primeiro porque o que lhes interessa é o petróleo daquelas terras e o
mercado consumidor em potencial, e segundo porque, se fossem falar de direitos
humanos, desconfio que não conseguiriam falar coisas muito corretas.
Mas temos relatos de “missões” destinadas a “salvar”
as mulheres islâmicas destas mazelas que lá sofrem, e com as quais, digo para
que fique claro, não concordo. Mas isso é correto? Não temos nós coisas que
eles também tentariam mudar? Não estamos demasiado embevecidos com a suposta
perfeição das nossas lógicas, verdades e direitos? Será que são tão corretos
assim? Será que somos tão “bons” assim?
Se o mundo fosse perfeito, as culturas poderiam ser “amostradas”
para que os povos decidissem qual seguir. O problema são as meias-verdades e a
publicidade mau caráter; que diz que tal cultura lhe propicia mundos e fundos,
mas que, ao escolhê-la, percebe-se que não é assim que a banda toca.
Somos realmente capazes de fazer uma escolha certa?
(e retornando mais uma vez à abstração dos conceitos de certo e errado)
Muito é dito sobre a homogeneidade cultural advinda
da globalização e do mal que isso é, e diz-se também que as pessoas que optam
muitas vezes por desvalorizar sua cultura para apreciar essa “cultura global”
são alienadas; mas a alienação não seria também um ponto de vista? Basta nos
lembrarmos do conto do Machado de Assis que leva esse nome.
É fato, a mulher do oriente médio sofre, estou
generalizando, mas e o nosso meio-ambiente? Ele não sofre também? E não
gostamos quando falam de nosso meio de vida.
A abstração dos conceitos nos leva a uma menor
clareza nas resoluções.
---------------------------------------------------------------------
Ps: Pós-Zumbis sai semana que vem em decorrência de problemas pessoais.
Independente da cultura, respeitar é princípio básico. Se formos intervir, é desrespeito com a cultura. Se não intervirmos, consentimos com o desrespeito com as mulheres. Como fazer?
ResponderExcluir