Por muito tempo, mais até do que se diria passível de
aceitação de um ponto de vista moral, a hipocrisia reinou no mundo; a meu ver
ainda reina, talvez mais disfarçada, talvez mais escrachada, mas fato é que ela
ainda esta ai dentro dos nossos sapatos, e demasiado incômoda do meu ponto de
vista.
Mas sempre
existem aqueles contestadores dos paradigmas, aqueles que, não satisfeitos com
o status quo, resolvem se por
vis-à-vis a sociedade a proferir: “SIM, SOU CONTRADITÓRIO! TENHO DIREITO DE
ERRAR!” e estes merecem meus mais honestos cumprimentos, pois é pela aceitação
do equívoco, todos sabemos, que podemos constituir uma melhor elevação
espiritual, filosófica, moral e afins. Mas, como tudo nesse mundo, há sempre um
revés, um ônus, algum contrapeso, uma chateação, um dissabor, uma fatiga, uma
urticária... Parece-me, e finda ai, na condição de percepção e avaliação
estritamente pessoal, que esse novo argumento (que volto a dizer, congratulo)
corroborou a oportunidade a alguns de simplesmente cruzarem os braços e se
conformarem com a própria imperfeição, por assim dizer. “Ah, sou contraditório
sim, e daí? Todos somos...” E ai encontra-se perigo dos mais graves, a aparente
imutabilidade de uma situação torna-a mais e mais pétrea, de modo que,
progressivamente, torna-se mais difícil alcançarmos uma solução. Uma coisa é
entendermos nosso caráter humano e, por consequência, nossa eterna tendência ao
erro, outra coisa é falar na maior calma, assumindo como a coisa mais natural
do mundo, uma falha tão, se me permitem a metáfora, cancerígena para os nossos
tempos, senão causadora... temos de considerar esta hipótese também.
Tenho calafrios só de pensar na possibilidade de
legitimarmos a livre prática e aceitação da contradição. Ora, somos racionais,
temos plena condição de pensarmos adiante e, assim, pelo simples PENSAR, fazermos
de nossa índole algo mais crível, algo menos abstrato e falacioso. Esse
discurso da banalização dos diversos preconceitos, dos diversos contracensos
entre fala e ato, são coisas que, na grande maioria dos casos, se não
intencionais, ocorrem por simples falta de reflexão, as pessoas querem tanto provar-se
detentoras de algum tipo de ideologia, ou mesmo de senso estético ou crítico,
que adotam estereótipos e discursos empacotados sem ao menos refletirem em como
aquele discurso pode não lhas representar de fato. E, para além disso, os
inúmeros discursos pautados em valores e morais e éticos que, no fundo, não
são, em verdade, pensares do interlocutor, apenas coisas ditas sem vontade ou
propósito, paliativos para a conformidade do espírito, este que, no fundo,
queria era a vida fútil e burguesa dos pop
stars e destas pessoas ricas que, em grande parte, não moveram um dedo para
merecerem a vida que tê, este que é o espírito do homem? Esta é sua vontade?
Prossigamos... há discursos falaciosos em demasia,
solilóquios sobre os problemas da Terra e sobre como o mundo seria melhor se
isso ou aquilo, e estes me causam repulsa quando vêm de pessoas que sabe-se quererem
é piscinas de ouro e Bourbon ... alguns enchem a boca para maldizerem isso ou
aquilo, a cultura pop e as massas alienadas, a convulsão por dinheiro e a falta
de ética, mas estão com o dedo em riste a tanto tempo que parecem não ter
dimensão da tamanha trave que cega seus olhos, parafraseando nosso ilustríssimo
Jesus.
Mas é isso, eu já até disse em algum texto anterior,
não me lembro qual... quando falamos de contradição e hipocrisia, escusado
seria citar a humanidade como exemplo máximo e ideal para a argumentação...
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