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... Antes que pudesse terminar o raciocínio tudo
estava nebuloso e desconexo, não havia desmaiado completamente, mas não
conseguia pensar, não se conectavam as palavras e seus sentidos, me era
extremamente difícil formular qualquer pensamento concreto que fosse. Por fim
apago.
Para logo depois acordar. Estava em uma sala, tinha a
ligeira impressão desta pertencer aos fundos da livraria, mas de certeza só
tinha a de estar vivo. E havia este homem, parecia homem, parecer e ser têm
suas diferenças.
_ Olá. – diz o homem.
_ Oi. – respondi
_ Então você é Grégore...
_ Não sei.
_ Mas acha que é?
_ Acho que sim. E você, quem é e o que quer de mim?
_ Meu nome é Eugênio.
_ Eugênio!? Então é meu autor! Mas me disseram que
eram vários...
_ Eu sou Eugênio, não o Machado de Eugênio.
_ ?
Ele respira fundo
e me olha com impaciência. Então começa a dizer:
_ Eu costumava ter um Machado, sabe? E não era um
machado comum, era um machado único, singular, completamente diferente nos
poderes em relação a um machado destes ordinários. E com este machado eu tinha
meios para os fins, se é que você me entende. E então – ele perde a calma com
que até então falava – ENTÃO VIERAM ESTES MISERÁVEIS, ESTA CORJA, ESTES
MALDITOS! E furtaram meu machado, foram sorrateiros como ratos que invadem
cozinhas durante a madrugada, vieram como covardes e lho pegaram pelas minhas
costas! – então ele volta ao tom de antes. – Assim perdi meu machado, assim
perdi meus meios. E agora fizeram você, uma experiência que deu errado, um
aborto, por assim dizer. Uma pessoa presa a um livro, escrava da própria aparência,
uma aberração.
Me senti mal ouvindo estas últimas palavras, ele
parecia ter percebido.
_ Oh... então você não se lembra, não é? Você não
sabe o que é nem como veio parar aqui, bem, eu te digo: Horrorizados com o equívoco
criado, eles, estes que usam meu nome e meu machado como Alcunha, te jogaram
fora, te deixaram para morrer abandonado na rua, vítima da deformidade que é,
hoje, andar com um livro colado a si. Ou crê que as pessoas te veem bem?
Andando por ai com um livro ligado a você? Não hoje, meu caro, nem antes,
talvez. As pessoas em geral veem os livros como um mal necessário, se valem
deles apenas quando é absolutamente impossível resolver qualquer coisa por
outros meios, e ainda sim, na grande maioria dos casos, só valem-se de livros técnicos e manuais...
enfim, você é uma aberração.
E eu estava chocado, fui posto em um mundo onde
odeiam pessoas como eu, e fui posto por estes tais do Machado de Eugênio...
então me lembro de algo importante:
_ Mas e estes que agora me perseguem? O jogador de
futebol com cabelo peculiar... aquele rei e aquele membro do clero?
_ Meu caro, se tivesse lido o que tem escrito ai
neste livro que é ligado ao seu umbigo, veria que a resposta é óbvia. É disto
que estes pseudoescritores que te criaram vivem, de falar mal das coisas deste
mundo, falam mal de um inocente padre que nada mais fez além de ensinar a
palavra de Deus aos homens, fala mal deste humilde rei que rege seu povo e que
o ama, e estes o amam reciprocamente, e atacam ainda um ídolo nacional como
aquele jogador de futebol, alguém que nada mais faz a não ser mostrar suas
habilidades para o deleite público. São uns calhordas da mais alta estirpe
estes que roubaram meu machado. Só sabem maldizer os outros, só criticam e
deturpam, alguns até já os têm como terroristas, são perigosos, subversivos,
estúpidos também. E veja só você, são tão cruéis que te puseram a bomba nas
mãos, no umbigo, mais precisamente, e te deixaram ai a ver navios.
_ E o senhor, uma vez que não me entregou para meus caçadores,
posso pressupor que me ajuda?
_ Sim, ajudo pois acho um absurdo o que lhe fizeram,
mas, também, pois tenho de reaver meu machado, tenho de trazê-lo de volta, de
pegar o que me pertence e é de direito. E eles, tenha certeza de que, pelo que
fizeram a mim e a ti, terão dos castigos o maior.
...
...
Pisc!k
To be continued
Este machado faz ele se multiplicar e se tornar vários? O que ele havia lembrado (de quando ele ainda era objeto)?
ResponderExcluirCalma lá
ExcluirTudo a seu tempo!
Ainda temos mais uma parte... ^^
Esses mistérios só o Marco pode, ou não, desvendá-los
Wait!
Quando saí a próxima parte?
ResponderExcluirSai no próximo domingo, Gracy. : )
ExcluirAchei que ia ser ontem.
ResponderExcluirAgradecida! :)
atualizo, na verdade, segundo o próprio Marco, ele irá finalizar a história em duas partes, sendo uma nesta quinta e uma no domingo...
Excluir:o
ResponderExcluirConfesso que foi uma surpresa para mim o final em duas partes, mas pelo o que acabo de ver nos bastidores muitas coisas legais nos aguardam!
(Aparentemente as "duas partes" já estão prontas, mas não quis espiar seus escritos até a hora certa, mas já estou cheio de expectativas)