Agora vamos
falar sobre as cotas. Essa semana pintou um projeto que, se completamente
aprovado, determinaria (obrigaria) que toda universidade federal destinasse
cinquenta por cento das suas vagas para as cotas. Hoje em dia, a UFG reserva
vinte por cento de vagas para as cotas.
O nosso reitor
(um cara legal, que inclusive recusou-se a cortar o ponto dos professores
grevistas, indo contra a determinação do governo) manifestou-se a respeito do
assunto: “Para chegarmos ao modelo que temos hoje na UFG, realizamos um ano e
meio de debates na instituição, até amadurecermos a questão e definirmos a
melhor modalidade de acesso às cotas”, afirmou Cull... quer dizer, Madureira.
Isso é um
assunto delicado, obviamente. Até porque se trata de uma tentativa (mesmo com
as falhas que tiver) de corrigir séculos de marginalização sofridos por alguns
grupos étnicos e sociais brasileiros. Mas imagino que também há um consenso quando
se diz que cotas são um paliativo. Deve-se melhorar o ensino público, deve-se
realizar a reforma tributária, entre outras medidas mais concretas.
Concordo que
cotas devem ser rigidamente reservadas para os estudantes de escolas públicas.
Porque permitir que somente as famílias com recurso financeiro suficiente para
preparar seus filhos em instituições particulares cursem o ensino superior
público é perpetuar a abismal diferença social no país.
Mas a respeito
da cota racial, aquela denominada “negros que cursaram ensino médio público”,
já tenho minhas dúvidas. Isso pode muito bem ser ignorância minha. Vejam bem,
reconheço que pode ser ignorância e peço gentilmente que, nesse caso, ela seja
esclarecida por alguma mente mais iluminada. Discriminar (no sentido de
selecionar) dentro dos alunos de escolas públicas aqueles de pele negra não
seria uma espécie de racismo? Porque os ‘injustiçados e marginalizados’ são
todos aqueles que não têm outra alternativa a não ser caminhar aos trancos e
barrancos por anos no precário sistema público de educação. Essa cota racial
não seria simplesmente dizer que, entre os injustiçados, há alguns com uma
desvantagem extra, a de ser negro?
E convenhamos,
essa política de obrigar que metade das vagas universitárias seja para cotas é
uma maneira de fugir das reais responsabilidades. Um pensamento mais ou menos
assim: Ah, nós não precisamos nos esforçar muito nessa cruzada de arrumar a
educação básica; garantimos que muitos deles entrem na faculdade e pronto, não
é isso que querem?
Estou aberto ao
diálogo, meus caros.
Desculpe a ignorância, mas não entendi essa parte: " afirmou Cull... quer dizer, Madureira." Tenho certeza que isso não foi em vão.
ResponderExcluirEdward Cull.. não te traz ninguém à cabeça? Nominho legal do reitor, piadinha infantil e infame kk
ResponderExcluirConcordo com tudo, nada a acrescentar.
ExcluirSinceramente? Eu sou a favor a respeito dos 50% para cotas! Sabe por quê? Os ricos tem ótimas condições de pagar uma universidade particular, a partir da hora que eles se candidatam à universidades federais/estaduais/municipais (públicas) eles roubam o vaga de alguém que não tem as minimas condições de pagar uma universidade particular. Então me diga, se você tem condições de pagar uma universidade particular, por que tirar a vaga de alguém que não tem condições?
ResponderExcluirHá de lembrar, também, que, na verdade, todos os cidadãos desta pátria pagam impostos, de modo que, sim, o ensino público, assim como demais serviços de primeira necessidade, deveriam ser universais e gratuitos; então, se a universidade não consegue assimilar todos os estudantes, antes de culparmos os ricos (ou da classe média) devíamos entender isso como um problema de má gestão; pois, se pagam impostos, os ricos têm tanto direito quanto os pobres...
ExcluirOlha, não acho que seja bem assim. Sempre estudei em escola particular, mas não teria condição de pagar uma universidade.
ResponderExcluirA questão é que o que é público devia ser de todos. O SUS devia ser para todos e também os shows na praça cívica deviam ser para todos.
Se as universidades públicas fossem relegadas às classes mais pobres, aconteceria com elas o mesmo que aconteceu com o ensino fundamental: seriam sucateadas e deixadas ao deus dará.
o fato é que as cotas são sim importantes no sentido de que irão beneficiar aqueles que não serão abarcados em uma eventual melhoria no sistema público de ensino, uma vez que já terminaram seus estudos a nível primário e médio. Mas, a meu ver, deveria haver um prazo para que esta legislada expirasse em um médio-longo prazo, de modo que, no futuro, alunos não dependessem de cotas, mas sim de uma boa instituição de ensino e de seus próprios esforços. [excelente tema, Marco Aurélio]
ResponderExcluirO Ian complementou bem o tema abordado pelo Marco, o qual não merece menos em elogios.
ResponderExcluirEu também vejo as cotais raciais como uma forma discreta de preconceito e não as apoio nem para agora nem para um futuro próximo, sendo que eu as vejo como uma ofensa direta aos negros.
As demais cotas eu concordo em partes, pois ao meu ver as cotas são uma medida provisória que se impõem necessárias enquanto a educação básica fundamental é nivelada em boa qualidade disponível a todos de forma igual (durante uma reforma educacional), porém nosso governo já provou durante décadas que não pretende usar este recurso como medida provisória e por isso acredito que dificilmente sugerirão um prazo para que esta lei expire. E por este caso eu não apoio a lei. Pelo contrário, apoio uma lei com 100% de cotas ou 0% de cotas, pois parece que só conseguimos levar o povo brasileiro as ruas para impor algo justo a eles mesmos quando nos vemos diante a extremos.
Mesmo que não seja aprovada esta lei agora, ficará nos 20% e se passarão mais muitos anos até que tomem vergonha na cara e façam uma reforma educacional. Já estamos quase 90 anos sem mexer no nosso sistema educacional! Será que está arcaico? Pff... é só do milênio passado [não sigo nesta discussão pois minhas revolta pode tomar mais linhas do que o próprio texto deste post; me envergonho do modo com que levam a educação deste país, ao qual estou me formando nela, ainda mais sabendo suas origens e vendo nossos vizinhos e os demais países do mundo progredindo a passos largos em tal aspecto, moldando seu sistemas conforme progridem em suas áreas de conhecimentos...]