Seria o amor apenas parte do plano?

Uma das mais belas trilhas que já ouvi na minha vida. Dê o play e comece a ler.
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                Nós, seres humanos, somos dotados da mais alta arrogância, o Complexo de Deus. E, em virtude deste restriçor visual, nos achamos acima de tudo, inclusive até da nossa essência mais básica, a de que somos animais. Nós achamos que, com o tempo, por termos dominado a natureza, deixamos de fazer parte dela, o que é uma pobre ilusão para confortar os afoitos. Nós ainda estamos invariavelmente ligados aos nossos instintos naturais. Por isso a pergunta que nosso título propõe. Seria o amor apenas parte do plano?
Temos um conceito muito romântico das emoções, aquele conceito abstrato que remete à alma, ao espírito, ao imaterial. Quando na verdade (e ai os biólogos me corrijam nos comentários se eu estiver errado) elas se restringem, fisiologicamente falando, a reações químicas que ocorrem em nosso corpo provocando diferentes estímulos.
                Existe uma convenção mútua de não se falar muito sobre a essência das coisas, talvez porque isso desiluda alguns e ofenda outros, mas a verdade é que “o mundo é simples”. Não estou impossibilitando a existência de um ‘quê’ de misticismo, estou apenas me apegando a fatores científicos, o que não quer dizer que eu não acredite na existência dos alegóricos, estou apenas propondo a “pulga atrás da orelha”.
                Seria o amor apenas mais uma facilitação da transposição do código genético? Não seria o amor apenas mais um artifício do nosso maquiavélico organismo tentando passar sua configuração adiante? Não seriamos nós apenas um joguete daquilo que dizemos ser uma das nossas grandes razões de viver? Existem aqueles que crêem em almas gêmeas, almas destinadas ao inevitável engalfinhamento. Eu ainda não estou certo se creio ou não nisso, mas Machado de Assis disse, em seu Livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, que a ocasião faz o casal, e começo a pensar seriamente que talvez ele tenha razão. Talvez não existam almas gêmeas, talvez seja uma questão circunstancial duas pessoas se apaixonarem. Não estou dizendo que não temos controle sobre isso, de maneira alguma, mas deve-se lembrar que ter controle é uma circunstância. E não o tê-lo também.
                Porque aquele homem? Porque aquela mulher? Ele talvez não seja um exemplo de beleza ou ascendência social, ela também não é lá essas coisas. Se ela pudesse escolher, independente da necessidade de consentimento da outra parte, ela o escolheria? Se ela pudesse escolher um louro, esbelto, intelectual, rico; ela o escolheria? Se ele pudesse escolher a mais cobiçada das modelos, dados os mesmo critérios, ele a escolheria? Não diria que NÃO, mas as probabilidades provavelmente seriam bem baixas, por isso chama-se CIRCUNSTÂNCIA. A ausência de beleza ou dote que o(a) fizesse bom o bastante para sua cobiça não está ali, e na solidão não se aguenta ficar, então calhou daquela(le) garota(o) sentada(o) bem ali, tomando um Milk-shake, servir, pois dentre as possibilidades possíveis, esta foi a que ele conseguiu. Então como aplicar toda a poesia do Amor a este tipo de exemplo? Como se faz isso? “ó, o grande A-M-O-R”. Bem, meu grande amigo Marco, ele me corrija se eu estiver distorcendo suas palavras, crê que são necessários anos de convivência para se construir Amor, para se saber de fato que aquilo é amor. Creio que ele esteja certo, talvez o Amor, o Amor poético, não possa existir a primeira vista, porque a primeira vista não é o amor que importa; talvez o que exista seja apenas o instinto. A cruel libido, que lhe torce a vara e a usa como um leme, levando-lhe aonde ela deseja. Somos todos escravos da libido. Ela nos deixa tão afoitos se não a atendemos, nos deixa tão debilitados... e mesmo assim continuamos imunes aos seus encantos.
                Talvez seja por isso que, com o tempo, o amor acabe, dando lugar, na velhice, ao Respeito. Ao respeito, à menopausa, à andropausa e aos quartos separados. Ou não.
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Ps: Tema para o texto inspirado em um trecho do fantástico filme Mr. Nobody.

3 comentários:

  1. lol terminei de ler exatamente quando a música parou o.o
    Mas voltando ao texto, realmente amor a primeira vista é um sonho, e o que existe é mais algum tipo de atração do que amor mesmo, se der certo o caso entre os envolvidos, é dito que foi amor a primeira vista...
    Sobre o vc falar "o mundo é simples", acho que mesmo entre aspas não ficou claro como quis dizer isso, acho que o mundo é muito mais complexo do que possamos compreender, ou do que um deu pode explicar.

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  2. O que eu quis dizer, é que talvez não exista nada desse misticismo todo que circunda a consciência humana, as pessoas levam para um lado muito abstracional, quando na verdade...

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  3. Ah, o amor... Tão superestimado, mas com razão.
    Não existe amor à primeira vista. Isso é uma relação semanticamente impossível. Porque amor é conhecer e aceitar.
    Desejo à primeira vista, é, talvez seja esse o termo.

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