O poder da mídia na consolidação do censo comum



 Gradativamente, as pessoas vêm abandonando os estádios de futebol. O assunto é fustigado nos meios de comunicação diariamente e não há quem não diga que ir a um jogo do seu time é “arriscar sua vida”.

Pois bem, existem duas caras para esse problema. É claro que o mundo é violento, que os homens são violentos e que um sujeito pode morrer a qualquer hora engolido pelas calamidades sociais - bonito termo, né?. Mas há que se considerar alguns aspectos antes de empurrar goela abaixo este veredito: não saiam de casa!

No caso específico das torcidas organizadas, chegam ao cúmulo de tentar fazer crer que essas pessoas são psicopatas sociais e declaram que elas deviam ser exterminadas do mundo. Esses juízos precipitados é que vão acabar com o homem. Quando considerarmos pena de morte como solução para os nossos problemas, o estado natural de lobos e monstros e o que quer que seja vai defecar sobre nossas cabeças a morte e a miséria de espírito.

Porque é bem verdade que a televisão (e até mesmo o rádio, em certos aspectos) tem interesse na diminuição dos públicos de estádios. O pay per view e os contratos de direito de transmissão de partidas, atualmente, são uma das maiores fontes de renda dos clubes. E essa é uma aritmética de fácil compreensão: menos gente em estádio, mais gente querendo acompanhar os jogos do sofá.

Não posso afirmar que há uma campanha declarada da televisão no extermínio do hábito de frequentar estádios, mas a possibilidade existe e é grande. E uma forma de caminhar para esse sentido é apelar para o consenso de que o futebol é um meio contaminado pela violência inibidora e onipotente. (Isso sem falar dos contratos que determinam jogos das dez à meia noite numa quarta-feira. Um horário apropriado para qualquer pessoa sair de casa?)

Os indivíduos que morrem nesse tipo de conflito estão, em esmagadora maioria, envolvidos nas estúpidas rixas sangrentas e no crime propriamente dito. As pessoas “inocentes” (como adoram dizer por aí; inocência, inocência...) que morrem são casualidades que acontecem em qualquer meio e lugar do mundo. Existem maneiras para evitar, na medida do possível, é bom que seja dito, as consequências da violência.

Parece ser opinião geral que a medida certa é ostracizar os culpados. Digo que não e não acho que vão conseguir mudar minha ideia a respeito. Porque o nosso meio de vida cria os bandidos, marginais, vagabundos, vândalos e homicidas. Nós os criamos. E agora devemos matá-los?

Obviamente existem problemas. Mas a questão é solucioná-los. Não sentar em frente à televisão assistindo ao ostracismo e à mídia sensacional.

8 comentários:

  1. Concordo com o seu ponto de vista, Marco.
    Somos enquanto sociedade os 'supostos' responsaveis pela criminalidade e violencia que nos rodeam.
    Mas vc ja parou para pensar tb na hipostese de genetica/hereditariedade(pergunta).
    Pq eh fato que o meio social pode moldar as pessoas, mas existem aquelas que podem nascer com uma predisposição genetica, alem de traços de personalidade/temperamento violento.
    Enfim, esse seria um assunto polemico, de vertentes opostas e contrapostas, que causam duvidas, mas que precisam ser instigados sempre, pois se somos os verdadeiros culpados, podemos de alguma forma nos redimir por isso, mas se nao temos culpa, estamos carregando um fardo pesado demais, não e mesmo...
    >.<

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  2. então você não poderia se controlar? Não acho que chegue a tanto. Analise que esse "psicopatismo" das organizadas é predominante em países como o Brasil. Hum. É o virus da exclusão que causa essa mutação? eu não sei.

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  3. Âninimo, seja mais claro... rs.

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  4. quis dizer: anônimo, ops!

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  5. Curioso, fiz uma pergunta pra minha professora de "antropologia" sobre algo parecido esses dias. Os homens são todos iguais antes do "início"? Excetuando as diferenças físicas, quero dizer.
    Ela disse que sim e tenho quase certeza que concordo.

    É muito perigoso dizer que esses caras já nascem com pré-disposição pro crime. Justificar marginalização pelo código genético é cilada.

    Locke disse que os homens nascem sem nada, nada, em branco. Mas, ah, isso é filosófico demais.

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  6. É verdade... já ouvi isso tb. Ontem na aula discutíamos sobre 'a origem da criatividade', se é inerente à pessoa ou formada pelo meio... é cilada sim, tem gente que quase entrou nos tapas... hauhauhauhau...
    Mas é bom ter definido um ponto de vista, para não se deixar influenciar, e ao mesmo tempo não dá para se fechar numa opinião sem conhecer outras.
    É isso aí Marco... a 'faculdade' nos leva para o lado filosófico para encontrarmos uma razão... sempre!!!
    Aí depois que muitos ficam 'loucos' e com 'nó' nos neurônios, professor nenhum vai visitá-lo na clínica psiquiátrica... rs.
    Mas desde que o intuito deles seja mesmo 'formar' pensadores, td bem... existem estratégias e métodos mais sadios para isso... rs.
    Não sei se me fiz clara, enfim... Um assunto sempre me leva a outro.
    Será que já estou louca???? :P
    Brincadeiras à parte... continua postando aí que terá uma leitora fiel.
    >.<

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  7. É inegável que a mídia controla, e ela sabe bem como fazer isso, o que é resultado de anos de prática. Tenho um professor que costuma dizer: "a gente só não pode ligar a tv e desligar o cérebro". É muito fácil perceber as tentativas de estabelecer um certo controle sobre o telespectador, sempre que me deparo com essas coisas aumenta a vontade de jogar a televisão no chão. Nunca fui adepto ao futebol por não ver nisso nenhum benefício, simplesmente não consigo entender tanto fanatismo e o por quê disso; pessoas se agridem pelo simples fato de não torcerem para o mesmo time! É muita estupidez. Apesar de perceber esses torcedores como retardados, sou totalmente contra a pena de morte, pois no país em que habitamos, a justiça é falha e só vale pra quem é pobre.
    O problema da violência não é a pré-disposição genética, é a falta de educação. O professor é pouco valorizado e é visto de modo muito errado. Não precisamos de correções genéticas, mas sim, de investimentos educacionais significativos. Quem estuda não é valorizado. E quem o quer fazer vê melhores oportunidades fora, e quando não pode fazer isso é mal aproveitado aqui dentro. É uma pena, e muito revoltante.

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  8. Cara, concordo com tudo o que vce disse! - na verdade, só não concordo com a parte de não ver nenhum benefício no futebol, porque aí, pra mim, é o mesmo de não ver benefício no cinema e no teatro e outras coisas.

    Mas acho que é isso mesmo: dar condições e valorizar quem estuda e quem ensina.
    É isso que os norte-americanos sempre fizeram, recebem de braços abertos qualquer intelectual que pra lá esteja disposto a ir.

    E é só um exagero falar de intelectuais. Passe livre para estudantes já era um bom incentivo. Sem falar na valorização dos professores, né...

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