Enquanto o furacão não passa


                Adeus, lua!

A lua é tão bonita
Quando enche a noite e o céu
E a sua luz basta
Para ver as cúpulas dos prédios
Que dormem

A lua é tão certa de si
Tão firme e preponderante
No domo celeste
Que parece atrair a Terra
E até ser maior do que ela

Mas atrai, sim, tudo aqui
Eu sei e você sabe
Porque sinto bem dentro
Aquela coceirinha dos órgãos
Que quase se soltam
Das suas concavidades

A lua nunca encontrou
Três naus desbravadoras
Só um homenzinho
Que esboçou uma frasezinha
Para poder dizer “eu sou
Aquele dentro da caixa registradora
De cores, formas e disparates”

Mas a gente toda sabe
(ou pelo menos a gente com sapatos)
Que a secular lua
É só uma pedra bem grande
E que ela seria feia
Ou nada seria
Não fosse o sol

A deus, lua!
(ou ao mais vermelhinho)
Pois é o sol quem ilumina minhas noites


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