Fato é que o mundo muda, que a mentalidade se
transforma, que os dogmas e concepções sofrem gradativas e lentas metamorfoses.
Mas, e ai talvez as coisas se provem consoantes às
vontades de alguns poucos e menos inerentes às de uma certa maioria, alguns
pilares não se movem, estão tão firmemente alicerçados que nem mesmo um
terremoto ou tsunami ou ciclone faz eles se moverem. É o mais rijo dos betões.
Respiramos um ar maculado, impuro, malévolo ao
organismo, ruim. Temos um desperdício gigantesco de sacolas e materiais nocivos
ao solo e às águas, comemos comidas cada vez mais contaminadas e menos sadias.
Sobre esses problemas, principalmente os dois primeiros, que se estendem por
uma cadeia de muitos outros, muito se fala sobre o petróleo, de como ele é
toxico, de como o seu consumo deve cessar. Ninguém parou para pensar nos
benefícios do petróleo à sociedade contemporânea. Os combustíveis, os diversos
plásticos, os pesticidas... Não estou aqui a defender os furos ultraprofundos
que geram vazamentos e mortes marítimas, nem o consumo do principal produto
responsável pelo agravamento do efeito estufa, nem pelo uso do que tanto
compromete a qualidade do nosso ar. Mas a verdade é, e ai falo uma opinião, que
o petróleo é só um coadjuvante, uma testa de ferro para ser culpada por um
problema muito maior. Não é o consumo de petróleo que tem “ferrado” a nossa
vida. Quer dizer, pelos males acima afirmados, sim, ele está no processo, mas a
verdade é que a culpa é o nosso estilo de vida.
Queremos por a culpa em um item produzido para nosso
uso, porque não queremos enxergar o fato de que quem consome de forma tão
imprudente e impulsiva somos nós.
Ninguém nem cogita a hipótese de que talvez o sistema
de economia e consumo que rege nossas vidas seja o problema, não cogitamos
porque trememos de medo só de pensar nas mudanças que seriamos forçados a fazer
para o enfrentamento do problema; então é melhor seguir crendo firmemente na
culpa do óleo escuro. Aliás, no íntimo, talvez alguns de nós cogitem, mas
deixamos esse pensamento sufocado dentro de nós mesmos, pelo absurdo que ele
representa, pelo “sofrimento” que ele acarretaria.
Agora querem acabar com o petróleo, querem trazer uma
mudança tão radical para que nosso meio de vida permaneça intacto. É muito
fácil falarmos que o petróleo é o problema, veja quantos itens em excelente
estado são descartados diariamente apenas para nos adequarmos à tendências estéticas
e convenções sociais.
E por mais que tentemos acertar o alvo, erramos.
“Uns são mais culpados que outros, e estes vão arcar
com as consequências, mas, verdade seja dita, se procura pelos culpados, basta
que se olhem no espelho.” V de Vingança(V) – Alan Moore
Nenhum comentário:
Postar um comentário