dê o play e leia.
E eu via tudo nos olhos dela, e ela talvez soubesse o que eu via.
Eu via a garota meiga e delicada que tentava se
esconder atrás de uma fronte carrancuda e irritada.
Eu via a garota estonteantemente linda que havia, por
algum motivo incompreensível, decidido que não era perfeita o bastante.
E ocasionalmente, ao contar uma piada ou falar algo
antiquadamente romântico, eu era alvejado por aquele sorriso doce e lindo e
perfeito e meigo que mostrava que, por alguns instantes, ela havia se esquecido
de atuar, que havia baixado aquele escudo cinza para expor sua verdadeira, e
indescritivelmente bela, consistência.
E eu dizia “você é tão meiga e delicada”.
E então ela retrucava com uma cara fechada.
E eu dizia que não havia defeito algum em ser
delicada. Em ser meiga.
E ela me falava que tinha dificuldade em expor seus
sentimentos.
E eu respondia que ao não expô-los você elimina a
probabilidade de se ferir gravemente, é verdade, mas também fecha a janela por
onde entram as mais fascinantes e nobres emoções.
Os mais cândidos e belos afagos. As mais reais e
recíprocas carícias.
Não só
do ponto meramente físico, mas também emocional, embora o físico também seja
verdadeiramente mais intenso quando nos esquecemos de por máscaras e de fazer
atuações.
E então eu percebia uma certa incerteza naqueles
meigos olhos; era como se ela concordasse com o que eu dizia, mas tivesse
receio de abandonar a fórmula antiga.
Então abraçávamo-nos.
E aos poucos fui fazendo aquela pedra se esfarelar.
Pois somente assim o escultor consegue trabalhar.
E então, ocasionalmente dizia-me, ela, que achava
difícil elogiar, que certas vezes era agressiva não por estar verdadeiramente
consternada, mas sim por já ser um reflexo quase automático, quase instintivo.
Era quando ela me dizia que era azarada e que achava
estranho quando as coisas davam certo para ela. Que esse tipo de coisa não
ocorria, as coisas não davam certo para ela.
Então eu a abraçava e cobria-a com adjetivos e
carícias; e dizia que não havia razão para que ela agisse de tal forma, que ela
podia confiar em mim, que eu gostava muito dela e que jamais faria algo que a
magoasse.
A garota que tinha medo de se afeiçoar demais, de se
apegar demais e no fim não receber a reciprocidade merecida.
E então, eu me entristecia ao vê-la com problemas. A
dizer que estava triste e que não tinha ninguém com quem contar. E eu dizia: “você
pode contar comigo”.
Então, por prova ao meu comentário, ouvia-a sobre os
problemas pelos quais ela, figura tão linda, tão singular, não merecia passar.
E não me era pedante, ouvia-a em meu máximo de atenção, pois a mim importava o
que ela sentia, me importava o sorriso não arqueado, me importava o olho a
tremeluzir com água que ainda não jorrara, água que era segurada naqueles olhos
tão belos pelo mais obstinado orgulho.
E dizia, dizia a ela que ela era Forte, forte e
sábia. Forte o bastante para enfrentar todos os problemas que tinha e Sábia
para contornar os eminentes.
E que não importava o que ela pensasse ser real ou
ficção, ser possível ou improvável, ser plausível ou inimaginável, ser concreto
ou falso, ser verdadeiro ou caricato, ser vivível ou impossível.
Eu estaria com ela.
“Eu estou com você para tudo que precisar, minha
amada.”
essa melodia foi pra deixar a coisa mais séria?
ResponderExcluirque sentimentalismo, meu deus! que graça!
o sentimentalismo é sempre muito caricato aos olhos alheios... XD
ResponderExcluir''[...]e eu tiro sarro do amor,
ResponderExcluirmas nem por isso, deixei de amar[...]''