Tem um porta-retrato
ali
Em cima da mesa
da sala
Mas quem passa
despercebido
Não vê a sua
cara
Deve ser
porque ele não está de pé
Mas com a
cara virada pro chão
Faz um tempo
já, é bem verdade
Que os meus
retratos estão cabisbaixos
Tenho a
impressão de que toda noite
Um barulho
de goteira
Acorda os
meus sonhos molhados
- Olhos
abertos e pregados e inabituados à escuridão –
Mas quando
forço os sentidos a pegarem no tranco
A cara é
molhada ao toque
Como os
sonhos também eram
Enquanto o ambiente
é seco aos olhos
Como os
olhos secos e doentes
Das doenças
úmidas que se proliferam
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