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Problem?
“Estamos a caminho, essa era a
preocupante mensagem escrita na tela do celular, que logo “piscou”. A mensagem
sumiu. No seu lugar apareceu a seguinte mensagem: Você vai mesmo continuar
usando esta porcaria ultrapassada? Já é hora de trocar esse seu museu de mão
por um Super novo celular, as funções são as mesmas, mas o design é tão mais
empolgante... Monquei nem quis ler o resto. Em vez disso chamou Fronrel e
Japonês:
_Temos uma situação problemática aqui.
O verme ria irritantemente, sua arcada
amarela se expondo com tamanha intensidade que mais parecia uma ofensa do que
um riso. Um riso estridentemente desconfortável. Fronrel sacou o revolver, que
carregava desde a casa de seus pais, pressionou-o com tanta força na cabeça do
Verme, que ele deu um pequeno gemido de dor, interrompendo a grotesca risada;
feito isso sussurrou baixinho no ouvido do Verme, em tom ameaçador e de forma
tão baixa que só os mais próximos e atentos conseguiram ouvir:
_ Você vai calar a boca, e vai calar
agora, seu imundo de merda. Se você soltar mais um único riso desses seus eu te
mato, mas não vai ser com um simples tiro na cabeça, não senhor, vai ter dor,
vai ter sofrimento, você entendeu? Verme de merda.
O verme não tirou o sorriso da face,
mas, ameaça feita, calou a boca. Japonês, aproveitando a deixa, disse em voz
alta:
_ Pessoal! Não temos muito tempo,
precisamos da maior organização possível, temos de ir embor...
Um dos portões cai, um grupo entra,
parecia um exercito: Armas em punho, tom ameaçador e a típica cara sem expressão,
tanto de emoção quanto de opinião, que o típico soldado tem. Eles abrem um
corredor, entra um homem e, o acompanhando de forma bajuladora, um soldado; ele
diz:
_ O que pensa estar fazendo, Japonês?
Mais uma vez tentando iludir essas pobres pessoas? Você e essa sua gangzinha do
mais baixo nível? Não senhores, EU lhes direi como vai ser: As saídas estão
lacradas, agora teremos um diálog...
_ Não dêem ouvidos ao que ele di...
_ QUEM LHE ENSINOU ESSES MODOS
GROSSEIROS, POETA K.? Não lhe disseram que quando UM FALA, o outro escuta? Bem,
os que já se convenceram dessa lorota toda e quiserem o caminho de volta para
suas casas e vidas, dirijam-se para a saída logo atrás de mim, lá receberão
instruções e até mesmo gratificações por quaisquer ajuda que possam oferecer à
investigação. Os que não se convenceram fiquem, vocês têm a MINHA GARANTIA de
que não lhes farei mal, só irei lhes expor com CLA-RE-ZA a situação e vocês
tirarão suas próprias conclusões, que, como creio, serão as mesma que EU TENHO.
Mecanicamente, alguns começaram a se
dirigir a saída, Fronrel não conseguia acreditar, “como podem fazer isso?” A
vontade que tinha não era de ter lhes convencer do contrário, a vontade que
tinha era de fazer um fuzilamento público. Como podiam ser tão baixos? Era
medo? Era realmente a falta de percepção das coisas? Alguns ficaram, pouco menos
da metade. À saída do último “desistente”, as portas novamente se cerraram. Ato
contínuo ele disse:
_ Muito bem... vocês que ficaram sabem
o que estão fazendo? Sabem qual é a causa dessa luta de vocês?
Alguem dentre os que ficaram disse:
_Sim, estamos aqui pois sabemos que
vocês...
_ NÃO! VOCÊS NÃO SABEM POR QUE ESTÃO
AQUI! Vocês acham que sabem, acham que conhecem uma “situação”, mas na verdade
estão sendo induzidos, todos vocês, por um pequeno grupo que aqui se encontra,
eu lhes digo, voltem pra casa, não vale a pena morrer por bandidos.
_Certo, a lorota ta ótima, mas agora
deixa eu contar uma que vocês ainda não ouviram, pessoal – Disse Fronrel – Eu estive
preso, cheguei com o Monquei porque... Bem... – Lembrando-se da vergonhosa cena
na Rodovia, Fronrel gagueja – Porque ele me livrou de uma enrascada, mas o
ponto não é esse. Na prisão, um digníssimo idiota, Policial de Alta Patente, me
contou seus planos estúpidos... Não sei bem, mas acho que ele estava crente que
eu iria ser morto, coisa típica de vilão de gibi, mas isso não importa, o fato
é que ele explicou o porque destes recentes acontecimentos: A zumbificação é
parte do processo para instauração de uma política de manipulação, livre de empecilhos
que a “democracia” ainda provoca de vez em nunca, como nós.
_ A sua imaginação é fascinante,
Fronrel. – Disse o homem – Pena você ter envergado para o mundo do crime,
talvez tivesse até dado um bom escritor, mas preferiu a revelia e a
marginalidade à paz e tranquilidade que a vida tem a lhe oferecer, muito
triste, para você não há mais salvação. Não preciso nem perguntar se você tem
meios para provar o que diz, pois evidentemente não tem, não divido, inclusive,
que a causa do incêndio da delegacia seja criminosa e de sua autoria. – Ele tinha
uma péssima atuação de pena/conformismo nos olhos. Calou-se por um instante
para dar peso à sua atuação. Drama consagrado, prosseguiu - Não existem zumbis, caros irmãos, basta olhar
lá fora. Não vejo ninguém com sangue escorrendo pelos cantos da boca, as
pessoas estão seguindo suas vidas normalmente, é certo que alguns manifestam um
olhar apático, mas isso pode ser mal de virose, supõe-se; hora, pode vir a
acontecer, não pode? Não é bem mais plausível do que essa teoria zumbi conspiratória?
Dito isso, nem dando tempo para o
argumento firmar-se nos canais auditivos dos ouvintes, Homem sacou uma pistola
e a apontou para a cabeça de Fronrel, que estava na frente do grupo, lado a
lado com Monquei e R., Capitaldoparaguay, Japonês, Poeta K. e Camaleão.
Sendo esta uma história dita “ação”
não se espera grandes abalos na estrutura do enredo, mas como já disse
anteriormente, eu descubro essa história assim como vocês leitores, e por mais
que me esforce, não vejo saída para todo o grupo, de modo que alguns irão
morrer, tanto dos da chamada “linha de frente” quanto daqueles que, por
descuido ou falta de atenção, não foram citados.
O Homem fala:
_ Ok, é isso, os que se convenceram da
farsa sigam para a porta logo atrás de mim, atravessem-na e reencontrem seus
amigos, família, empregos, casas, shoppings... não há futuro para os que aqui
estão.
Poeta K. da um passo a frente e
vira-se para a multidão:
_ É isso, nesse momento, quanto mais tento,
menos esperança vejo, nem mesmo um lampejo. Devemos sobreviver, ao menos para
tentar entender, o que aqui se passa – Ao ouvir essa frase o homem dá-lhe uma
olhada malévola, mas não o interrompe, afinal era exatamente o que ele queria -.
Tal qual o senhor aqui disse, para os que ficarem não há esperança, não esperem
de mim tal maluquice.
Todos olham com um misto de indignação
e surpresa “como assim? Você?” mas aos poucos alguns aderem a sua linha de
pensamento. Era isso. Era o fim.
Um grupo de 15 pessoas ganha o “corredor”.
Poeta K. faz um gesto com a mão, só camaleão o entende, por serem amigos de
maior proximidade, e é nesse momento que se desespera, Poeta K. não os havia traído,
pelo contrário, nesse momento fazia a mais arriscada das manobras possíveis.
Camaleão começa a avançar, mas já era tarde. Poeta K. se joga em cima de um dos
soldados, tira-lhe uma granada do cinto, e a joga na direção dos “que ficaram”
mas não com força o bastante para chegar até os ditos. O Homem é esperto, ele
se esquiva e dá a ordem de fogo. Poeta K. teve a chance de disparar um único
tiro com a arma do desprevenido soldado, antes de ser alvejado por balas de
todos os calibres e qualidades. No meio dessa bagunça não se percebeu, mas esse
único tiro disparado foi parar bem na perna do Homem, por sorte mas foi,
alojou-se bem na altura da coxa.
O tempo para. Por um instante, que
durou, psicologicamente, uma vida e algo mais, ninguém se meche, era
simplesmente inacreditável, o cérebro se recusava a processar a informação que
a imagem transmitia. O caos instaurado, soldados gritando por socorro, os
sobreviventes que estavam no meio da baderna, alguns alvejados por balas,
outros se protegendo, outros tentando voltar, outros tentando sair; nada disso
tinha espaço no campo de pensamento, a única imagem que dominava o centro de
visão era a imagem do Poeta K. alvejado por balas. Compremido contra o corpo do
soldado que lhe proporcionara a granada, o seu corpo recusava-se a cair, e, por
isso, as armas recusavam-se a cessar o fogo. Uma lagrima escorreu. Uma lágrima
conjunta, por assim dizer, pois não ficaremos a contar, em momento tão difícil
da narrativa, o número de lágrimas que se derramou.
E então... Camaleão Gritou. E só os
que ouvem conhecem o grito da cólera.
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Ah o poeta... =C.
ResponderExcluirMuito bom Ian!
Sacanagem, o Poeta K. não deveria ter morrido.
ResponderExcluirFicou mt legal, só não ficou melhor pelo ocorrido =[.