CLIQUE PARA AMPLIAR
Charlie tem o destino
nas mãos. Ele costumava se entupir de drogas, pintar as unhas de preto e cantar
numa banda de rock n’ roll, mas a ilha privou-o do passado.
Charlie tem cara de hobbit, mas seu pé é normal.
Quando a ilha o testava, a tentação sempre era mordida. Ele finge que tem um pote
de pasta de amendoim e come do que não há lá dentro com o dedo mesmo, a boca
não sentindo aquela doçura que está ótima, se houvesse. Charlie tem a tatuagem
mais legal do mundo. É uma frase, que diz, que canta: Living is easy with eyes
closed. Isso é Beatles.
Você pode ter duas
certezas na sua vida: quando o Charlie morrer, você vai chorar; quando o
Charlie morrer de novo, definitivamente e ainda assim não definitivamente, você
vai chorar outra vez.
É. O Charlie e a boneca quebrada embaixo da
cama não se relacionam. O Charlie vai ser lembrado para sempre e ela está
esquecida embaixo da cama, no escuro colorido onde se abrem os vórtices que
ligam nosso onde ao onde sem pétala na rosa dos ventos. Ao onde dos fantasmas
dos objetos perdidos misteriosamente, como um poema que perdi, mas que deixou
um souvenir: uma xerox mal tirada por não sei quem, a qual omite o título do
poema e o começo dos dez primeiros versos.
Por baixo da porcelana
da boneca, não sabia sua dona nem pensara jamais, mas há ossos e músculos e
nervuras de gente. Seus cabelos são de barbante na realidade e no desenho também,
preguei-os ali. Usei um balde de cola para endurecer tanta linha e pregá-las
juntinhas. A cola espirrou no papel, por isso vê-se manchas brancas que lápis de cor algum pode passar por cima. Vendo de outro ângulo nem são defeitos essas manchinhas...
São sombras de outros objetos perdidos nas profundezas desse embaixo de cama.
http://www.youtube.com/watch?v=flitCGr4w1c
ResponderExcluirSó os loucos sabem...
Me recuso a ler este texto antes de eu terminar de ver Lost!
ResponderExcluir