Tenho vontade de buscar o teu rosto por carinho, sorriso,
calor ou só compreensão, porque é verdade quando dizem que nós somos
imperfeitos: temos olhos, temos mãos, temos boca, temos coluna espinhal e alma
que é a essência, mas, mesmo com isso tudo, ainda nos sentimos sozinhos; pelo
menos eu me sinto sozinho, preciso de você.
E ainda assim somos deuses, cada um, porque criamos tanto e
somos capazes de cuidar; não é isso o que faz um deus?, ele cria e ele cuida e
ele até mata e castiga. Mas ele é perfeito e por isso não gosto dele, já que
faz o “mal” por sadismo e não por imperícia ou imprudência – o sádico rei de
nada.
Tenho vontade de deitar do teu lado e dedicar todas as
minhas forças, inclusive aquelas que se usam para ficar de pé, para tentar te
alcançar; a alma, eles dizem, e eu até acredito nela, não como um espectro de
forma humana translúcida, mas como tudo o que fica na mente e o que se sente e
o que se cria: cada um de nós é um universo!
Como a encontrei, não
sei. Como chegou até aqui, não vi. Mas é ela, eu sei que é ela porque há um
rastro de luz quando ela passa; e quando ela me abre os braços eu me crucifico
neles banhado em lágrimas de ternura; e sei que mataria friamente quem quer que
lhe causasse dano!
Isso é do Vinicius, em O amor por entre o verde. O que seria
das nossas pobres almas semianalfabetas, não fossem os grandes poetas e a lua e
os bancos de praça?
a lua?
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