As polícias são entidades mantidas
para proteger a sociedade. Não é? Sim, em teoria são. Mas as coisas que em
prática diferem antagonicamente da teoria são tantas nesse mundo que chega a
ser enfadonho ter que fazer uso dessa ressalva. Muito daquilo que na prática
mata, na teoria faz viver.
Existem dois tipos de
policiamento: o preventivo e o repressivo. Como bem indicam os adjetivos, o
preventivo está aí, às vistas, com a intenção de evitar que o sujeito vá contra
a lei, e o repressivo entra em ação quando o primeiro falha, pois, se contra a
lei agiram, punições que também em lei garantem-se devem ser garantidas pelos
agentes responsáveis - a polícia.
O problema é que tudo que o homem
faz é falho. E em tudo há brechas para a corrupção, a defesa de interesses
próprios e a injustiça. Portanto, a polícia, que deveria antes de tudo defender
cada cidadão e, na presença de ilegalidade, fazer valer a lei com isenção,
torna-se instrumento importantíssimo na manutenção do sistema, por mais
corrupto que este seja.
Mas os homens que “comandam” não
são monstros cruéis e irremediáveis, estão nessa posição porque possibilidades
há.
É comum - e mais disseminado do
que a credibilidade razoável permite - ouvir discursos mais ou menos assim,
quando, por exemplo, morre pelas mãos da polícia um indivíduo envolvido com
tráfico de droga: Acho é pouco, Merece morrer, Se conseguissem matar todos é
que seria solução. Como se morrer fosse pouco, como se alguém merecesse a morte
e como se execução e extermínio fossem aceitáveis.
Já tivemos provais mais do que
suficientes para saber que o nosso mundo não é o que dizem, não é um mundo de
oportunidades. Não se deve caracterizar como malfeitores inescrupulosos e
indignos de vida aqueles que, em algum momento se metem no crime. O mundo é
injusto, sim, e a vida é muito curta. O sistema judiciário deve julgar e o
sistema carcerário deve reformar. Ah, em teoria, veja bem...
Quando morre um brasileiro nas
mãos de estrangeiros, como o caso de Jean Charles ou daquele outro rapaz morto
por uso excessivo das armas elétricas, indignamo-nos. “É inaceitável que isso
aconteça.” Disso não discordo. Da mesma forma discordo de qualquer prática
assassina dentro das forças que deveriam, por essência, manter a vida.
Por tudo isso e mais um pouco
ainda, não concordo com o excesso de armamento e truculência das polícias. Trabucos
de um metro e meio com balas de dez centímetros de espessura. Aí não há
argumento que prevaleça: essa polícia é preparada para matar; para atirar e
depois perguntar.
Mais dinheiro investido na
educação e menos farda e chumbo. Isso, sim, é efetivo.
A polícia seriam os bandidos com licença?
ResponderExcluirCreio que não, não é a "instituição" polícia que é corrupta, mas sim alguns que nela exercem função. Na minha opinião a polícia é o instrumento de violência legitimado pelo Estado, violência para o bem ou para o mal, e entenda mal como você quiser.
Excluiro ser humano é corrupto, não importa a instituição em que esteja inserido.
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