Palhaços, para mim, nunca foram
sinônimo de risadas. No tempo de eu menino (e o termo estranho, tempo de eu
menino, é de algum autor irreverente e de bom português e seguro de si e de
pulso firme, cujo nome não me lembra a custo de nada), no tempo de eu menino,
palhaços sempre me contrariaram ao máximo. Eles nunca foram aquilo que se
apregoa por todos os cantos, que são arautos da alegria: mentira tudo. Não
consigo compreender como alguma sã criança consegue se entregar aos artifícios inescrupulosos
do arlequim. Em que mundo uma maquiagem tão grotesca causa riso? Para mim, não,
em mim o palhaço sempre despertou certo dó e um desprezo que saltava à cara na
forma de sangue.
Por mais que estes deletérios
agentes do falso riso e ardilosos monstrinhos de um submundo qualquer me causem
tal animosidade, não tenho vontade de escrever deles mais de um parágrafo. O
maior motivo dessa introdução era construir um ambiente propício ou, assim
como, contrariando-me, diria Saramago, um background, para uma pergunta
demasiado pertinente para mim; que ela não seja pertinente para ti já não é meu
problema, mas eu teria que, com o perdão da dureza, chamar-te arlequim. Qual é
o palhaço do mundo? Explicando melhor: qual é o maior embuste do mundo moderno?
A resposta que os leitores mais sagazes,
minto, talvez os leitores mais ingênuos e iludidos pelas mentiras das
revolucionárias décadas de sessenta, a resposta a que chegariam esses leitores
não passa de uma pequenina ilha no centro das Américas. Cuba. Olha por um
ângulo favorável e com olhos de quem quer mesmo ver e, assim, não pode Cuba não
ser uma mentira. Ela não é aquilo que apregoam há cinquenta anos, ela não é um
monstro de repressão e miséria e liberdades para sempre banidas. O engraçado é
que no meio dos cubanos é comum ouvir dizer: aqui é ruim, mas não tão ruim como
lá. Já sabe o ingênuo e sagaz leitor que o advérbio que abriga o lugar que é de
um ruim pior que o da ilha refere-se aos unidos estados americanos.
Ouvi coisas também interessantes
de outras pessoas e quero repassá-las aqui. Não se deve comparar Cuba aos
países do primeiro mundo ou aos países que borbulham de recursos naturais e de outras
riquezas abundantes, estes não são do mesmo porte que ela. Essa avaliação seria
simplesmente estúpida e caolha. Cuba deve ser comparada ao Haiti, cenário de
desgraça e miséria, os dois são, sim, de portes iguais. Agora compara. Palhaços
dão medo e a revolução cubana foi capaz de colocar o pé na janta dos todos
poderosos do mundo.
Mentira tudo.
õ//
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