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Lavo minhas mãos desta imundície
Adentraram a selva de concreto. Por mais batido que
pareça o termo, é justamente isso que a cidade é: Uma selva de concreto onde
vivem animais engravatados e engordurados, fingindo-se racionais e bem polidos
quando na verdade é mais fácil encontrar algo de cívico na selva, a de verdade.
A este lugar nossos heróis, se assim se pode chamá-los, adentram. Apesar de
terem vivido toda sua breve vida naquele lugar, agora ele, o lugar, parecia
demasiado sujo, demasiado feio, demasiado “armado”. A quantidade de propagandas
é absurda, quase sufocante ao olhar, por liberdade poética, obviamente, já que
os olhos não podem sufocar, uma vez que não são dotados de respiração.
Os vidros estão fechados, ainda são procurados, não
podem ser vistos. Olham para fora almejando algo como esperança,... nada vêem.
No som do carro toca baixinho uma música dos Mutantes, “Querida”, esse era o
nome da música. “Boa música” pensava Fronrel. Fronrel sempre foi muito seletivo
nos produtos culturais que absorvia, alguns diziam que ele era chato, ele
pensava “foda-se”, o que importava é que não estaria no paredão de fuzilamento
no dia que a revolução estourasse. Reconheciam os zumbis com uma facilidade
quase inata, vez ou outra se surpreendiam ao ver pessoas, pessoas que ainda não
eram zumbis, andando lá fora, naquele mundo anormal, essas pessoas procuravam
disfarçar sua singularidade, mas que péssimos atores se saiam, só conseguiam
enganar os zumbis. Monquei vê algo:
_ Aqui o hospital... Fronrel... Fronre...FRONREL! O
hospital, porr*.
_ Sorry, devaneei.
O carro pára, mas ai se dão conta de um contratempo:
Estão dentro de um carro, parados no meio do dia dentro da cidade, em frente a
um hospital, mas como chegariam, Fronrel e Monquei à recepção, com seus nomes
sendo anunciados em rádios, suas feias faces aparecendo em todos os noticiários?
Só restava-lhes deixar ali Camaleão e Srta. Albinati, rezando para que
conseguissem atendimento, o que seria a prova indiscutível e inquestionável da
existência de Deus, uma vez que só por intermédio direto do Onipotente se
consegue atendimento em hospitais públicos no humilde país que abriga em seu
seio os nossos heróis. Não tinham escolha, deixaram os dois lá. Esperaram do
lado de fora, Camaleão ficou de avisar-lhes sobre tempo necessário, coisas
assim.
Fica aqui constatada a existência inquestionável do
divino, uma vez que conseguiram atendimento, disseram ser emergência. Quinze
minutos depois eles saem, ela enfaixada no busto, ele ajudando-a a caminhar. Disseram que não era nada grave, queriam
engessar-lhe a perna, diziam que ela estava quebrada, mas Albinati insistia que
estava tudo Ok. O médico fez-lhe um
exame de vista, e bateram-lhe um martelo na perna para ver seus reflexos.
Depois disso tudo disseram que não havia nada de errado com ela. Ela,
espantada, apontou para o vestido e disse “EU FUI ATRAVESSADA POR UM TIRO!”. O
médico olhos com um misto de vertigem e susto, “AH, entendi! Por quê você não
disse logo?” Jogaram um pouco de álcool no ferimento, a bala tinha atravessado
então não tinha grandes problemas para sorte de Albinati, era provável que
extrairiam seu pulmão pensando ser a bala. Disseram que ela estava bem e a
despacharam, mandaram ela cuidar da cirurgia de hérnia e não carregar peso.
PRÓXIMO!
Durante todo o tempo em que esteve no hospital,
Camaleão sentia-se alvejado por olhares ameaçadores e carrascos, pareciam estar
a espreita, pareciam estar esperando o momento em que ele vacilasse para
pularem em seu pescoço.
_ Que tal um café? – Pergunta Monquei com um brilho
nos olhos.
_ Eu realmente estou precisando de um Cappuccino.
Você faria a gentileza, Camaleão? – pergunta Fronrel
Foram até uma cafeteria. Camaleão desceu, foi até a
entrada da loja. Entrou. Novamente aquela sensação, aqueles olhares. No
hospital pensou ser sua “sociopatia”, mas agora percebia que era real, era
quase palpável. Comprou um café grande sem açúcar para Monquei e três cappuccinos
grandes extra-sugar tipo gourmet acompanhado com raspa de chocolate
e chantilly. Chegou ao caixa. Percebeu
que não tinha dinheiro. “Será que a moça do caixa é zumbi?” “Como é que vou
falar com ela?”
_ Moça... Bem... é... meu dinheiro ficou no carro,
será que poderia deixar minhas compras aqui e ir lá pegar o dinheiro?
_ Argshas...ocê DIrhaiVIA ter pegu an...an...antes,
naum achar?
Camaleão fez um esforço tremendo para entender o que
ela dizia.
_ Bem... Concordo... mas sab...
_ VooooooOooOoC Í ÉSTRANHÚ, saber disso?
Na rádio tocava uma música horrível... “é o pente é o
pente é o pente é o pente é o pente...”. Camaleão sabia que as coisas iriam
ficar tensas. Não havia ninguém na cafeteria além dele, da atendente, e da moça
do caixa. O que lhe confortava era saber que tinha “reforços” na parte de fora.
A Música era realmente desagradável, ele olha com um desconforto para o rádio.
Percebeu que não devia ter feito aquilo, aquilo o entregou, aquilo expos sua
opinião, isso era perigoso.
A moça do caixa da um grito e pula por cima do
balcão.
_ Merda! – Grita Camaleão no susto.
Ela pula em cima dele, ele a desarticula com
facilidade, mas estava com “dó” de bater naquela moça, ela era tão bonitinha.
Olhou para o carro.
Os vidros do carro continuavam fechados, Albinati
tirava um cochilo; no rádio tocava B.B. King – Lucille, alto, não demais, mas a
ponto deles não ouvirem o grito da moça. Estavam entretidos com uma discussão e
também não perceberam quando Camaleão foi atacado. Para preenchimento de linhas
e crítica deslocada ao tema, citarei a conversa tida dentro do carro entre R.,
Fronrel e uma singela participação de Monquei:
_ R., você é a favor de dar esmolas? – Pergunta Fronrel
de repente.
_ Bem... Poxa, sim. São pessoas que não tiveram
oportunidade.
_ Well... Concordo, elas não tiveram oportunidade,
mas a necessidade de mão de obra ainda hoje é grande, e a possibilidade de um
trabalho autônomo também, mas o ponto não é esse. É que existe uma parábola
chinesa que conta a história de um monge, um sábio, a história era mais ou
menos assim, é que tem a ver com essa questão de subsistir:
“Existia uma
vila muito pobre no interior da China. Esse monge estava realizando uma espécie
de peregrinação, então, ocasionalmente, ele acabou chegando a esta vila. Lá,
ele percebeu que todos os que residiam nessa vila sobreviviam do leite de uma
única vaca, então a condição de vida era lamentável. Note que eu disse “sobreviviam”,
pois não era vida aquilo. Então, as pessoas da vila reclamaram a este monge que
a vida deles era muito miserável e coisas assim, ele disse ter a solução, eis o
que ele fez: Matou a vaca, a única vaca que eles tinham para tirar leite e
assim sobreviver, ele a atirou em um precipício. Qual é a moral? Numa condição
de subsistência as pessoas se acomodam, agora, se você tirar-lhes o medíocre,
elas correm atrás de algo. Foi exatamente o que aconteceu. Anos depois, o
monge, que havia saído de lá extremamente criticado, voltou à vila e viu que
todos estavam muito melhor do que quando ele havia ido lá pela primeira vez.”
_ UHn... Bem... nunca tinha pensado por esse ponto de
vista – Comentou R.
_ E você Monquei, o que você acha? – Perguntou Fronrel
Monquei estava pensando sobre o assunto quando,
casualmente, virou o rosto para a janela, e percebeu então que Camaleão estava
sendo atacado.
_ PQP!
Desceu do carro, ainda portava a uzi que usou na fuga
do Centro Cultural. Entrou na loja, sem perguntas, sem piedade, tiros.
Silêncio.
_... POR QUÊ DEMOROU TANTO!?
_ Ainda não havíamos visto-lhe. – Respondeu Monquei.
- Vamos embora logo. Pegue o café ai. Sairam
acelerados.
_ Precisamos encontrar um jeito de abastecer e temos
que deixar alguma mensagem pro Japonês e pra Bibliotecária. – Disse Fronrel
_ Concordo. Well, o mais viável é usarmos o blog...
Já sobre abastecer... meio tenso... não temos dinheiro, esse negócio de sair
roubando tudo é um pouco complexo. – Disse Camaleão.
_ O que será que fizeram com o corpo do Poeta K.? –
Pergunta R.
Silêncio.Albinati acorda:
_ Estou com fome, pessoal.
_ Putz, acabamos de sair de uma cafeteria. – Disse Monquei,
tentando mudar de assunto
Ao passarem pela rua percebiam o quão estranho se tornara
o mundo ao qual renunciaram. Outdoors
a perder de vista. Alto-falantes instalados nos postes tocavam músicas
horríveis e no meio delas inseria propagandas, as pessoas na rua eram apáticas,
cinzas.
Pararam em um posto de gasolina. Antes de abaixarem
os vidros desligaram o som, por precaução.
_ Poderia enchê o tanque, por favô? – Disse Fronrel.
Monquei quase teve um aneurisma cerebral ouvindo este português atroz.
_ O que será que aconteceu com o Capitaldoparaguay? –
Pergunta Albinati.
_ É verdade... Alguém viu ele durante o tiroteio?
Os cinco se entre olharam. Deram de ombros. Ninguém
havia visto.
Camaleão sentia novamente os olhares sobre eles.
Disse:
_ Cara... Vocês estão perceb...
_ Já vi, não podemos dar bandeira. – Disse Monquei.
_ Forma de pagamentú, sinhor?
E agora? Não sabiam o que fazer, o posto era bem
movimentado. Fronrel estava de rosto abaixado tentando gesticular alguma coisa,
mas o frentista se abaixou um pouco e reconheceu sua face. Disse:
_ Sinhor, oooOoOOobrigadú pro usa os çirvissu nossu,
exprimente também comprar pneus novus na nossa loja. Os seus ainda tão novus, mais
tão fora de moda já.
Ele disse isso e começou a atacar o carro. Colocou as
mãos pelo espaço do vidro aberto e começou a apertar o pescoço do Fronrel. “O
Cara é forte” pensou Fronrel. Se Monquei atirasse de dentro do carro poderia
deixar todo mundo surdo. Abriu a porta, apoiou a Uzi no teto do carro e disse:
_ Solte-o.
_ O que?
_ SOLTE-O
_ Ahn!?
_ Larga ele!
_ Ah!... Não.
_ Está de brincadeira, imbecil!?
_ AhahahhahAHahhahHAHahHAha!
Monquei disparou. O zumbi ainda caiu rindo, não
morreu. Silêncio. Só os risos do maldito e o barulho dos Auto-falantes
transmitindo Propaganda. Os outros frentistas e até mesmo alguns clientes
vieram pra cima do carro. Monquei entra correndo.
_ Vai! – diz Monquei
O carro engasga... engasga... engasga... morre.
_ PQP! Justo agora!? – Pontua Camaleão.
Descem do carro, só os três. Empunham as armas, só
empunhar é inútil, teriam de atirar. Começam. Os zumbis aceleram para cima
deles. Um cai em cima de Fronrel. Tem na cara a definição da insanidade.
Fronrel desfere uma cabeçada em seu nariz, ele parece nem sentir. Um tiro
explode sua cabeça, a cara de Fronrel está suja de sangue. Um, Dois, Três,
Quatro. Recarga. Um, Dois, Três. Então a polícia chega, só uma viatura,
provavelmente não sabiam que eram eles, os procurados, os terroristas, de certo
pensaram que era só algum bandidinho de merda com um revolver na mão.
_ MÃOS PRO ALTO! - grita o tira.
Eles pensam. Os policiais estão com armas apontadas e
dificilmente errariam.
_ MÃOS PRO ALTO! – repete.
Eles estavam de costas para os policiais, os mesmo
ainda não haviam lhes visto a face.
Fronrel olha pra esquina da rua, seus olhos brilham.
_ HEY! PALHAÇO! –Uma voz chama os policiais. Era
Choreilargado
Os policiais olham. Atiram. Chorei Largado está atrás
de um carro. Abaixa-se rapidamente. Ao surgimento de uma pequena brecha ele se
ergue e lança uma granada. Os policiais começam a correr. O Carro explode.
Fronrel consegue atirar em um, o outro escapa.
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Ps: É isso ai pessoal... Comentem!
kkkkkkk
ResponderExcluirEmergência em 15 minutos?
Divine Intervention!