À pessoa especial

Baseado nos manuscritos da emoção, que a muito vêm e vão.

            É do conhecimento popular a informação de que é inútil tentar transpor ao mundo das palavras a emoção, o emaranhado de sensações só traduzido pelo afago, pelo toque, pelo chamego. Mas, motivado que estou, tentarei, tentarei transpor esse caos que baderna o pensamento, desconcerta o olhar e ruboriza a fronte. Pode ser que não dê em nada, mas não me quieto enquanto não tentar.
            Começa com a chegada. O olhar é meigo, não é impessoal, não é artificial, muito menos convencional, é verídico, é real, é real e me penetra, lê-me como se eu fosse um post deste humilde blog, ao menos é assim que me sinto, mas, contra a corrente comum da vergonha, isso não me incomoda. É aquele olhar que lhe traz a noção de que tudo está bem, que não existem problemas lá fora, que o que existe é o agora.
            Então.
            As mãos se entrelaçam. O toque só corrobora a ideia de que a cena não poderia ser mais real, por mais utópica que parecesse. Fico feliz, me sinto completo, bem e completo. Não ouso dizer que sei o que é felicidade, mas é assim que me sinto. As mãos se desembaraçam, se soltam para envolverem algo maior, o corpo. Abraçamo-nos. O abraço é discreto, meigo, mas simplesmente porque, aos que sabem ler, um ponto basta. Ela ergue a cabeça, me fita olhos nos olhos. Sorrio. Ela também. Novamente se embaraçam as mãos. Caminhamos. Tanto no sentido figurado como no original do verbo.
            O local é belo, pode até não ser belo de verdade, mas agora me parece. Árvores, um lago, Eu e Ela, é, parece bonito. Sentamo-nos na grama, às margens do lago. Afago o seu ombro. Comento alguma coisa, ela responde. Sorrio. Ela também. Por um momento... É isso... Eu sentado ao lado dela. Então nos olhamos. Então aproximo meus lábios dos dela e ela retribui o gesto com uma reação igual em coreografia e oposta em sentido, pois não se afasta, se aproxima também. Newton sabia do que falava. Então é o turbilhão para onde meu cérebro escorre. Por um tempo, que pode até ter sido quinze anos ou mais, nada existe, tudo se esvai do mundo da matéria, por um instante o cenário cai, tudo cai, só há um ponto fixo em toda a extensão territorial e sensorial do universo: Eu e Ela. Podem não ter passado mais que alguns segundos, mas a relatividade do tempo pode não ter limites, e a mim pouco importam as convenções do relógio, por hora o que me importam são as percepções da alma, os sentimentos, as emoções, e baseado nisso afirmo: Ficamos ali, quinze anos em um único beijo meigo onde mais nada existiu.
            E então nossos lábios se soltam. E deixam, um na boca do outro, aquele sorriso meio bobo, aquele sorriso que desconcerta. Aquele Sorriso.

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Ps: Espero que tenha gostado
           
               

3 comentários:

  1. Que lindo, Ian! Boa sorte com esse turbilhão de feelings ! kk

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  2. Estou na torcida para que tudo dê certo pra você e pra pessoa a quem você admira.

    Boa Sorte!

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