Selo hoje, meus voto
à ignorância; Selo meus votos de desistência.
Não quero mais ter
que ver esse mundo torto na minha frente.
Selo meus votos de
cegueira.
A partir de hoje sou
comum, sou igual, é melhor assim.
Sem críticas, sem ponderações,
sem reflexão.
Não preciso de nada disso,
pois agora sou ignorante. É melhor assim.
Não recebo mais
métricas de estúpido nem de insano, agora sou normal.
Selo meus votos ao
consumo desenfreado, agora quero tudo.
Quero celulares novos
por hora, músicas enlatadas agora e mulheres ditas perfeitas que antes me
pareciam sem graça. Agora sou valorizado, agora almejo o mesmo que todo mundo.
Faço votos à
arrogância, já sei tudo que preciso saber. Sei apertar a bunda de uma mulher
como tem que ser, sei brigar como tem que ser e sei ser idiota como todo mundo
acha legal de ver.
Selo aqui meus votos
ao novo mundo, pois agora sou aceito.
Não preciso mais de
livros
Não formulo mais
conceitos.
Não tento mais ser
esclarecido.
Faço votos ao
formato. Já tenho o mesmo cabelo, a mesma face, os mesmos calçados e os mesmos
olhos de merda que todo mundo. Já tenho a mesma perspectiva de merda que todo
mundo.
Tenho o adjetivo “Idiota” escrito na testa.
Faço meus votos à
prostituição. Pois foi isso que virei, a mais nova puta desse sistema que
engloba os que o aceitam e excomunga os que acham que ele não tem uma rola bem
grande para abrirem suas enormes bundas e se deixarem ser penetradas.
Hoje aceito tudo que
me vem e estou muito feliz com isso.
Já marquei a remoção do meu cérebro, vou ser
como todo mundo. Que dia ótimo.
Já encomendei a roupa
de marca, feita por um escravo chinês, que todo mundo usa.
Já entendi que
antigamente eu tinha defeito. Como é que eu não enxergava a exuberante beleza
daquela blusa de 600 reais que vêm com um símbolo enorme da marca bem no meio
do busto? Como é que eu não enxergava a beleza naquele papelzinho na lateral
dela escrito 600 reais?
Eu sou muito estúpido procurando a beleza na
blusa, ela nunca esteve lá.
Já consegui uma
mulher, foi fácil, bastou chegar, agarrar pelos cabelos e chamar de minha.
Como é que eu não vi a bela praticidade desse
mundo?
Eu realmente era
muito ingênuo.
Renuncio a
humanidade, pois como todo ser humano de agora, o deixei de ser. Pois quando se
abre mão do cérebro que se tem, abre-se mão do único bem que distingue o ser
humano dos demais animais.
Agora, com votos
selados, sou colocado no curral junto com todo mundo. Agora sou um deles.
Realmente é um dia
muito feliz.
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Ps: Hoje não tivemos pós-zumbis, pois estou preparando a season finale, ou seja, semana que vêm, DOIS EPISÓDIOS PARA VOCÊS!
\oooo/
ResponderExcluirAmei o poema.
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